CASO QUEIRA CONCORER AO SENADO COM CHANCES DE VITÓRIA, MAURO CARLESSE PRECISA CONSTRUIR BASE POLÍTICA SÓLIDA, OU PODE REPETIR HISTÓRIAS DE GOVERNOS PASSADOS

Posted On Quarta, 02 Setembro 2020 05:57
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Por Edson Rodrigues

 

Não é segredo para ninguém que o governador Mauro Carlesse conta com um mandato de oito anos no Senado Federal após o fim de seu governo, em 2022.  Mas, levando-se em conta o histórico de eleições no Tocantins, também não é segredo para ninguém que Carlesse precisa, com urgência, construir uma base política realmente sólida, sob o risco de seu governo chegar a reboque em 2022 e o sonho do Senado virar pesadelo.

 

Essa situação já se desenha desde o atual momento, numa movimentação quase que automática das forças políticas.  Muitos dos que se alimentas nas “tetas” do governo do Estado, não demonstram qualquer traço de lealdade ou fidelidade ao governador, numa reprise do que já aconteceu nos governos de Siqueira Campos, Moisés Avelino, Marcelo Miranda e Sandoval Cardoso.

 

Assim como nos governos anteriores, guardando as devidas proporções, o governo de Mauro Carlesse tem seu alicerce político construído sobre uma “base de areia”, extremamente sensível aos “ventos e tempestades” dos interesses pessoais e de alas políticas, e pode acabar por fazer desabar a candidatura de Carlesse ao Senado.

 

PASSADO E FUTURO

Com a experiência política que acumulamos em anos de vivência em Brasília, no Congresso Nacional, em Goiânia, nos oito anos que passamos em companhia de meu professor e amigo Wolney Siqueira, e do alto dos mais de 32 anos como dirigente dO Paralelo 13, podemos concordar com tranquilidade com os analistas políticos afirmam, de que o Mauro Carlesse que venceu três eleições consecutivas em um mesmo ano, não será o mesmo Mauro Carlesse nas eleições de outubro de 2022.

 

Durante seu governo, por melhor que tenha sido, muitos interesses pessoais foram contrariados, muitos sonhos particulares não foram realizados, exatamente como é descrito na música “A Lista”, de Oswaldo Montenegro.

Muitos não vão querer mais saber das histórias de Mauro Carlesse, nem como candidato ao Senado, nem para aprovar suas contas na Assembleia Legislativa.

 

O ”velho guerreiro” Siqueira Campos, Moisés Avelino, Marcelo Miranda e Sandoval Cardoso conhecem muito bem as entrelinhas do poder e são sabedores profundos do que os fatos atuais estão apontando.

 

Até o saudoso “mestre dos mestres”, Dr. Ulysses Guimarães, experimentou esse sabor amargo da “trairagem institucionalizada”, quando foi candidato a presidente do Brasil pelo, então, PMDB, o partido, à época, mais forte do País, com o maior número de deputados federais, estaduais e prefeitos no território brasileiro, e acabou o primeiro turno em um vexatório sétimo lugar, atrás de Lula, Brizola, Fernando Collor, Paulo Maluf e outros nomes controversos da história política brasileira.

 

COISAS DA POLÍTICA

Se olharmos para o “retrovisor” político, 90% dos secretários de governo de Marcelo Miranda estão, hoje, ocupando cargos de chefia de gabinete ou assessoria dos seus principais opositores.

 

Isso é um ato que beira à falsidade, mas deve ser enxergado como último recurso de sobrevivência política e profissional/familiar, tendo em vista que na atual conjuntura, fidelidade e lealdade política já deixaram de existir há algum tempo, sendo substituídas por compromissos e amizades consolidadas.

 

Na atual política sucessória, apenas duas coisas contam: a força (grupo) política e os interesses pessoais. Muitos dos que se alimentaram das benesses do governo de Mauro =Carlesse, portanto, não estarão a apoiá-lo em 2022.

 

Para minimizar os efeitos dessas “Coisas de política”, Mauro Carlesse precisa construir um território político para “chamar de seu”, seja, grande, pequeno ou diminuto, mas que represente uma solidez – leia-se patrimônio político – na hora em que colocar o seu nome na disputa pelo Senado, em 2022.  Esse território político vai poder ser medido pelo número de prefeitos que Carlesse conseguir aglutinar ao seu entorno.

 

Para isso precisa dar ao seu governo, a partir do resultado das eleições de novembro próximo, um tom municipalista, mantendo os apoios que porventura tiver e cativando outros.

 

Obviamente, o governador Mauro Carlesse e o QG do seu governo, são sabedores prévios da conjuntura política, e precisam se valer deste diagnóstico traçado por nós, e apresentado em forma de “panorama político”, com a máxima urgência, pois o futuro político de uma pessoa que venceu três eleições consecutivas em um mesmo ano não pode ficar à mercê dessas peculiaridades políticas, lembrando que, para ser candidato ao Senado, Carlesse terá que renunciar seis meses ante da eleição e enfatizando que, após a posse do seu sucessor, com sua renúncia, pode ser que nenhum dos seus atuais secretários continue no cargo.

 

Para finalizar este “panorama”, mais uma vez concordamos com os analistas políticos que enfatizam o fato de Mauro Carlesse estar filiado ao DEM, legenda que tem como presidente estadual a deputada federal Dorinha Seabra, que, atualmente, detém o controle total do partido no Tocantins, assento cativo na Mesa-Diretora da Câmara Federal e o respaldo político da cúpula nacional, começando pelos atuais presidentes da Câmara Federal e do Senado.

 

 

Trocando em miúdos, caso queira, realmente, ser eleito senador em 2022, Mauro Carlesse precisa de um novo partido ou terá que se curvas politicamente e pedir as bênçãos da deputada federal Dorinha Seabra (foto).

 

Com toda a experiência política adquirida como deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e governador, Mauro Carlesse, certamente está atento a isso tudo, e esperando a hora certa para tomar as decisões necessárias, mas, caso não mude a forma com que está agindo, politicamente, pode acabar sozinho em 2022.

 

Carlesse tem, exatamente, um ano e meio, após as eleições, para fazer tudo isso acontecer e demarcar seu território.

 

Caso contrário, sua eleição ao Senado será o mesmo que ganhar na Mega Sena com uma aposta simples, de seis números: pura sorte.

 

Mas, quem sabe, o governador Mauro Carlesse tenha mais sorte na loteria que na política e suas traições?

 

É dessa forma que se deve ver as “coisas da política”, segundo os especialistas.

 

Confiram, abaixo, a letra da música “A Lista” e vejam como este hino à vida pode se encaixar em uma análise política.

 

A lista – composição de Oswaldo Montenegro

 

Faça uma lista de grandes amigos

Quem você mais via há dez anos atrás

Quantos você ainda vê todo dia

Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha

Quantos você desistiu de sonhar

Quantos amores jurados pra sempre

Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece

Na foto passada ou no espelho de agora

Hoje é do jeito que achou que seria

Quantos amigos você jogou fora

Quantos mistérios que você sondava

Quantos você conseguiu entender

Quantos segredos que você guardava

Hoje são bobos ninguém quer saber

Quantas mentiras você condenava

Quantas você teve que cometer

Quantos defeitos sanados com o tempo

Eram o melhor que havia em você

Quantas canções que você não cantava

Hoje assobia pra sobreviver…