O Ministério Público Estadual (MPTO), após meses de uma investigação que apontou que ele tinha o objetivo de fugir do Brasil
Com Site IstoÉ
O ex-governador Mauro Carlesse (PP), do Tocantins, foi preso neste domingo, 15, pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-TO (Ministério Público do Tocantins) na Fazenda Joia Rara, em São Salvador (TO), por indícios de um possível plano de fuga para o exterior.
Além de Carlesse, Claudinei Quaresemin, o ex-secretário de Parcerias e Investimentos do Tocantins investigado por suposto envolvimento em um esquema de corrupção e detido desde terça-feira, 10, também foi alvo de um mandado de prisão na mesma ação do Gaeco.
As acusações
De acordo com o documento expedido pelo MP-TO ao qual o site IstoÉ teve acesso, Quaresemin estaria providenciando os trâmites para a residência permanente de Carlesse no Uruguai, país conhecido como paraíso fiscal.
Ainda conforme o mandado, Carlesse também havia declarado residência na Itália, onde o ex-governador alugou uma casa por 1,5 mil euros (cerca de R$ 9,5 mil) no vilarejo de Pieve Caina, que possui 50 habitantes e fica no município de Marsciano, em Perugia. O político e Quaresemin ainda estariam conversando sobre o envio de uma remessa de dinheiro para uma conta no exterior.
Carlesse é alvo de investigações que apuram supostos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, que teriam sido praticados em fraudes à licitações ocorridas em 2018 em contratos da Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Estado do Tocantins. Os crimes teriam ocorrido até 2021.
O ex-governador também é acusado de chefiar um esquema de propina de hospitais e empresas de saúde do Tocantins que tinham convênio com o PlanSaúde (Plano de Assistência à Saúde dos Servidores do Tocantins). Ainda conforme o documento do MP-TO, em 2020, Carlesse teria usado a estrutura da Polícia Civil para plantar drogas na residência de uma pessoa com quem tinha um desafeto para que ela fosse presa pela Polícia Militar.
Em abril de 2022, Carlesse renunciou ao cargo de governador do Tocantins para evitar sofrer um impeachment. O político já havia deixado de atuar como gestor estadual meses antes, quando o STJ (Superior Tribunal de Justiça) o afastou em outubro de 2021.
À “TV Anhanguera”, Carlesse negou as acusações e afirmou que possui um imóvel na Itália por ser cidadão do país europeu. “Tenho uma casa lá para quando eu for de férias, algum motivo, eu tenho lá onde ficar. […] O Uruguai é comércio, é negócio. […] Temos muito interesse, inclusive no estado aqui, de fazer, trazer e levar produto”, pontuou o ex-governador.
O site IstoÉ não localizou a defesa de Quaresemin e não obteve resposta da representação de Carlesse. O espaço segue aberto para manifestação.