Jornalista alemão diz que pelo menos sete em cada dez brasileiros não confiam nos partidos, mas, ao que tudo indica, uma renovação de fato deve ficar para outra eleição
Da Redação
Diz o jornalista Thomas Milz, da emissora alemã Deutsche Welle, que democracias representativas estão em crise no mundo todo. No Brasil, em meio à série de escândalos de corrupção, a desconfiança é especialmente alta. E quase todos os partidos são afetados. Segundo o Datafolha, 68% dos brasileiros não confiam nas legendas políticas – no Ibope, a cifra chega a 87%.
"É natural que alguém se desencante com a política quando é excessivamente exposto a escândalos de corrupção desta magnitude", comenta o cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "Esse desencanto perigoso deixa margem para a demonização da politica, a essa interpretação de que todos os políticos são corruptos e que todos são iguais. Isso cria problemas de legitimidade democrática, cria a crença de que a democracia é incapaz de resolver os problemas da sociedade."
Esse distanciamento entre política e povo não é novo. Já existia no Brasil bem antes dos protestos de 2013 e do início das revelações da Operação Lava Jato, um ano depois. Na verdade, afirma o cientista político Marco Aurélio Nogueira, vem dos tempos da ditadura.
"A política era uma coisa longínqua, estranha, até porque não era possível exercê-la", afirma. Foi só com a redemocratização, em meados dos anos 1980, que a sociedade brasileira de fato se politizou. "As pessoas aceitaram o convite para participar e se preocupar com a política." Nos últimos anos, porém, instaurou-se uma grande desilusão, "um novo distanciamento dos cidadãos da política institucional".
Hoje, diz Nogueira, há dois tipos típicos de reação em relação à política: "A vertente minoritária diz que a política feita fora das instituições, em ONGs ou conselhos, é mais efetiva do que a feita nas instituições. A segunda vertente, majoritária, diz que não dá para confiar nos políticos, que eles não vão mudar, que eles são viciados nesse jogo de poder e que é preciso procurar outras opções."
Após os protestos de 2013, muitos esperavam uma renovação na política. Mas ela praticamente não apareceu.
"Os grandes partidos não foram capazes de fazer um processo de renovação dos seus quadros. E a ideia do outsider verdadeiro também não vingou. Temos Jair Bolsonaro, que se coloca como outsider e com discurso de outsider, sendo ele próprio alguém que já está na política há muitos anos", assinala Michael Freitas Mohallem, professor e coordenador do Centro de Justiça e Sociedade da FGV-Direito Rio. "Os partidos viraram as costas para esta demanda da sociedade, porque estavam num processo de autodefesa."
Nas eleições de 7 de outubro, 19 réus e 12 acusados da Operação Lava Jato são candidatos, e muitos deles aparecem bem nas pesquisas de intenção de voto. Um novo mandato lhes daria foro privilegiado. E a ideia de punir políticos nas urnas continuará uma ilusão. A instituição dos chamados "puxadores de voto" – que acabam elegendo colegas que, se dependessem dos seus próprios votos, não o conseguiriam – colabora para isso.
Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), em 2014 apenas 36 dos 513 deputados foram eleitos com votos próprios. Os outros 477 não receberam os votos suficientes para se eleger. Tiririca (PR-SP), por exemplo, com seus mais de um milhão de votos, puxou vários colegas para a Câmara.
Tatiana Roque, candidata do Psol no Rio de Janeiro, aposta no colega Marcelo Freixo, conhecido nacionalmente, como "puxador de votos". A "transferência" de votos dentro do partido, para ela, é positiva.
"Quando o eleitor dá um voto para aquele candidato, ele também dá o voto para o partido daquele candidato. É uma filosofia que não é ruim, é uma filosofia que atribui muita importância aos partidos", argumenta. Mas ela admite que os "puxadores" no Brasil acabam prejudicando a representatividade num sistema de partidos sem ideologias claras. "O sistema foi concebido para que acontecesse numa situação ideal. Concordo que não está mais acontecendo."
Para Carlos Pereira, é preciso entender que há efeitos colaterais do sistema. "É bom frisar que não existem sistemas ideais. Todo sistema tem problemas." Ao contrário do sistema americano, onde metade dos votos não está representada no Congresso – continua o cientista político – o Brasil quer ver a maior representação possível.
"Resta às sociedades decidirem o que querem ganhar com isso e o que topam perder. A sociedade brasileira tem historicamente preferido ganhar representação e inclusão. A contrapartida é que alguns votos vão eleger candidatos em quem não se votou."
Outro obstáculo para a renovação política é o modelo de financiamento de campanha. São os líderes dos partidos que decidem qual campanha será financiada, e os nomes antigos da política, na maioria das vezes, acabam se beneficiando.
Segundo levantamento do jornal O Globo, dos 843 milhões de reais distribuídos pelos partidos para as campanhas ao Congresso Nacional, 67% foram para quem tem ou já teve mandato como senador ou deputado federal. E os outros 33% não vão todos para novos políticos – acabam também nas mãos de nomes como a ex-presidente Dilma Rousseff ou Danielle Cunha, filha de Eduardo Cunha.
Também entre os novos está Flávia Arruda. Seu marido, ex-governador do Distrito Federal, a colocou na disputa por uma vaga no Congresso porque ele mesmo, condenado em segunda instância por improbidade administrativa, não pode concorrer.
Aponta as normas constitucionais que a função de um deputado estadual é legislar no campo das competências legislativas do Estado, inclusive podendo propor, emendar, alterar, revogar e derrogar leis, tanto ordinárias como complementares, elaborar e emendar a Constituição. Além disso, o parlamentar, representante direto do povo na Assembleia Legislativa, apresenta junto ao Poder Executivo, proposituras que viabilizam importantes benefícios às suas coletividades. Neste quesito, o deputado Toinho Andrade é singular, é diferenciado. Verdadeiramente uma liderança com expressiva folha de serviços prestados a mais de três dezenas de municípios.
Por Edivaldo Rodrigues
A atuação parlamentar do deputado estadual Toinho Andrade, por tudo isso, o coloca como uma das mais festejadas lideranças políticas do Estado, dado o volume de benefícios que ele tem ajudado a levar a milhares de famílias, que vem recebendo atendimento de qualidade nas áreas da Saúde, Educação, Segurança Pública, Assistência Social, dente outros.
Em Porto Nacional, polo de desenvolvimento econômico, politico e social, que engloba no oferecimento de ações públicas a mais de uma dezenas de municípios circunvizinhos, o deputado Toinho Andrade é o responsável pela implantação de importantes órgãos de atendimento à população como o Hemocentro, o IML, o Corpo de Bombeiros, o Procon, além de mais recentemente do Colégio Militar. Suas proposituras também são responsáveis pela qualidade, capacidade funcional, humanização, e a implantação de uma nova infraestrutura no Hospital Regional, que foi ampliado, ganhou novas áreas, novos leitos, contratou profissionais gabaritados, e adquiriu equipamentos de última geração, se constituído assim numa das mais festejadas e recomendadas unidades hospitalares do Estado.
É por tudo isso que o deputado Toinho Andrade, em todas as pesquisas de intenção de voto, vem pontuando entre os primeiros colocados, o que foi confirmado recentemente, no último dia 10 de setembro, oportunidade em que ele lançou oficialmente de sua candidatura a reeleição. No evento, o parlamenta portuense foi ovacionado por milhares de correligionários, apoiadores, simpatizantes e populares. Além da uma multidão que lotou as dependências do Radiancy Eventos, os arredores de ruas, vias e avenidas do populoso setor Vila Nova, o parlamentar se fez acompanhado nesta expressiva festa democrática do governador Mauro Caelsse, do vice-governador Vanderlei Barbosa, que buscam a reeleição; dos candidatos a senador Eduardo Gomes e César Halum; de deputados federais e estaduais; de dezenas de vereadores oriundos de várias regiões do Estado, além de prefeitos, vice-prefeitos e destacados ex-prefeios como Fábio Martins, Tereza Martins e Otoniel Andrade.
O que disse o deputado Toinho Andrade
Durante seu discurso, Toinho Andrade agradeceu a presença de todos, pontuou ações realizadas em seu mandato, destacando seu compromisso em continuar trabalhando pelo Estado. “Estamos aqui hoje de cabeça erguida, consciência tranquila, o que eu tenho feito por Porto Nacional me credencia a entrar na casa de vocês e pedir uma oportunidade para que eu continue a trabalhar pelo Tocantins. Das nossas emendas parlamentares, destinei R$ 500 mil para a construção do Hospital do Câncer Em Palmas, porque sabemos que este será a extensão do Hospital de Barretos”. Conforme o deputado é de seu conhecimento as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com câncer, e este hospital em Palmas contribuirá para salvar muitas vidas.
Para a Educação, Toinho salientou seu anseio em solicitar que todos os municípios tenham colégios militares, atualmente referência no Tocantins.
Toinho Andrade também pediu a população para realizar um momento de análise e reflexão para escolher os seus candidatos. No final do evento reforçou o pedido de voto. Atualmente, o deputado Toinho Andrade é o único parlamentar com mandato eletivo, filiado ao PHS, mesmo partido do Governador
Carlesse promete ponte
Visivelmente emocionado com a receptividade do povo portuense, o governador Mauro Carlesse enalteceu a capacidade de trabalho do deputado Toinho Andrade, destacando sua diuturna luta em defesa dos interesses de suas comunidades, principalmente a centenária coletividade de Porto Nacional. De sorriso solto no rosto ele assumindo diante da multidão o compromisso de iniciar as obras da construção da ponte que liga as duas margens do Lago Luiz Eduardo Magalhães na cidade. ”Passando a eleição, e se o senhores nos eleger, já vamos dar início ao canteiro de obras desta importante ação logística que vai retomar o aquecimento da economia de toda uma região que é rica no agronegócio, na prestação de serviços e na indústria. Vamos gerar os empregos aqui. Isso já está definido, Essa será umas das grandes obras da minha gestão”, garantiu Carlesse.
Apoio
O governador também destacou o grande apoio que recebeu dos eleitores de Porto Nacional, durante a eleição suplementar em junho. No 2º turno da eleição suplementar, Mauro Carlesse teve uma expressiva votação no município, ficando com 70,99% dos votos válidos. “Porto Nacional nos deu uma votação expressiva na suplementar e agora as pesquisas mostram que ganharem aqui com uma grande margem de frente dos nossos concorrentes”, disse.
Nove postos de combustíveis foram notificados pela Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/TO), por meio da gerência de Fiscalização, em Palmas, na manhã desta quinta-feira, 20
Por Thaise Marques
Uma operação de fiscalização foi intensificada após o órgão receber denúncias que alguns postos estavam vendendo o litro da gasolina comum no valor de R$5,19.
O Procon/TO verificou que os reajustes aplicados chegaram a R$0,22 e estabeleceu o prazo de 48h para que os postos de combustíveis apresentem a cópia das notas fiscais de compra junto as distribuidoras.
A superintendente do Procon/TO, Walter Nunes Viana Junior, destacou que a que a atuação é diária e a operação vai continuar. “Estamos monitorando os preços, atentos a todas as reclamações e ainda temos realizado pesquisas, e caso sejam constatadas qualquer irregularidades as empresas podem ser autuadas”, destacou o gestor.
O gerente de fiscalização Magno Silva explicou que tem acompanhado e fiscalizado todos os reajustes. “O Procon tem feito tudo para assegurar o direito do consumidor. Caso seja constatado que os reajustes estão sendo repassados para o consumidor antes da próxima compra de combustível, o Procon vai tomar todas as medidas cabíveis para que não haja nenhuma prática abusiva”, informou Magno.
Na última pesquisa realizada em Palmas na segunda-feira, 17, mostrou que preço praticado da gasolina comum estava variando entre R$ 4,89 a R$ 4,99.
O Procon orienta o consumidor a fazer a denúncia quando seu direito não for cumprido. O cidadão deve fazer contato com o Procon por meio do Disque Procon 151 e também com os núcleos nos endereços disponíveis no link:https://procon.to.gov.br/institucional/nucleos-regionais/. Para formalizar a denúncia é preciso checar bem as informações, apresentar comprovantes e fotos para subsidiar as ações de fiscalização.
Decisão, válida até que o mérito seja julgado, garante nome do candidato nas urnas
Com JB
O ministro Og Fernandes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), concedeu liminar neste domingo, 16, suspendendo a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) que indeferiu o registro de candidatura de Anthony Garotinho (PRP), que concorre ao governo do Estado. A decisão, válida até que o mérito seja julgado, garante que o nome de Garotinho esteja nas urnas e que seus votos sejam considerados válidos.
No último dia 6, o TRE-RJ indeferiu o registro atendendo a pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE). O órgão considera que Garotinho é inelegível em função de uma condenação do Tribunal de Justiça. A suspeita recai sobre desvios de R$ 234,4 milhões na área da Saúde nos anos de 2005 e 2006, quando o atual candidato era secretário de Estado. Ele nega envolvimento no caso.
No recurso apresentado ao TSE, a defesa de Anthony Garotinho argumentou que houve falhas no processo que levou a sua condenação.
Na peça, também pediu efeito suspensivo da decisão do TRE, "uma vez que a execução do acórdão regional lhe trará (a Garotinho) irreparáveis prejuízos, pois lhe impedirá de efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome na urna eletrônica".
VEJA DIZ QUE BOLSONARO JÁ ESTÁ NO SEGUNDO TURNO. ISTOÉ PEDE MENOS ÓDIO NA ELEIÇÃO E ÉPOCA DESMASCAR O GURU BRASILEIRO DAS CELEBRIDADES
VEJA
QUEM VAI COM ELE
Entre as muitas dúvidas a pairar nestas eleições de contornos inéditos, há pelo menos duas certezas neste momento. A primeira é que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, é o único com vaga assegurada no segundo turno.
A outra é que o volume da campanha subiu de tom desde a saída de cena do ex-presidente e atual presidiário Luiz Inácio Lula da Silva. Antes de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negar o registro da candidatura do petista, o congestionamento de candidatos à Presidência da República se dava entre as vozes mais comedidas do espectro ideológico — o Datafolha de 22 de agosto mostrava Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) empatados tecnicamente atrás de Bolsonaro e seguidos por Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e João Amoêdo (Novo), todos com desempenho de um dígito.
Agora, o cenário passou a ser de polarização. Bolsonaro, Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), donos dos discursos mais extremados da campanha, hoje acumulam juntos quase 50% das intenções de voto, o equivalente a 60% dos votos válidos. Já os cinco candidatos mais próximos do centro têm apenas 30% das intenções, ou 40% dos votos válidos. Tecnicamente, porém, Haddad, Ciro, Alckmin e Marina estão empatados.
Desses últimos, Haddad é o que tem hoje mais chances de crescer. E não apenas porque registra um baixo índice de rejeição entre os candidatos mais bem posicionados, mas sobretudo pelo imenso potencial de votos que pode vir a colher no Nordeste, reduto de seu padrinho. Caso o poste de Lula consiga 45% dos votos na região — meta considerada modesta diante do histórico petista, acima de 50% nas duas últimas eleições —, isso significará que aos atuais 9 pontos que detém, segundo o Datafolha, Haddad acrescerá 10 pontos, chegando a 19% — um capital e tanto quando se leva em conta a fragmentação da atual disputa eleitoral.
ISTOÉ
DIGA NÃO À ELEIÇÃO DO ÓDIO
O ambiente do “nós contra eles”, criado por Lula, contaminou o debate político, hoje eivado de radicalismos e pendores autoritários. O Brasil, no entanto, só resolverá suas mazelas se trilhar o caminho do equilíbrio e da pacificação.
Bethânia cantava os versos de uma canção de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri que dizia que “um tempo de guerra” é “um tempo sem sol”. Um tempo em que a opção pela radicalização e pelo ódio obscurece qualquer possibilidade de bom senso e racionalidade.
O período retratado pela canção era aquele em que, no dia 25 de julho de 1966, uma bomba explodia no Aeroporto dos Guararapes em Recife, marcando o início da opção por parte da esquerda de combater a ditadura militar pela luta armada. Uma opção que, já na sua estreia, demonstrava os grandes riscos de equívoco. O alvo era o então ministro do Exército, Arthur da Costa e Silva. Mas os que morreram foram dois inocentes: o jornalista Edson Régis de Carvalho e o almirante reformado Nelson Gomes Fernandes. Costa e Silva escapou do atentado e virou presidente, assinando mais tarde o AI-5, que mergulhou o Brasil no seu pior tempo de trevas e autoritarismo.
A ditadura acabou. O país já vive 33 anos de redemocratização. Mas alguns setores insistem em transformar as eleições de outubro em “um tempo de guerra”. Um “tempo sem sol” que obscurece qualquer chance de bom senso e racionalidade em algumas hordas na campanha. Um lado fala em convocar seu “exército”.
Diz que vai “incendiar” o País. O outro promete “fuzilar” seus adversários. Simbolicamente, chuta num comício um boneco que representa seu adversário. No meio dos dois grupos, há quem ensaie colocar o Judiciário e o Ministério Público nas suas “caixinhas”, fala sem corar a face em receber juízes “à bala”. Nas redes sociais, um homem com compreensão distorcida da realidade absorve todas essas agressões e as mistura com suas próprias convicções, inclusive religiosas. “A mando de Deus”, como declara acreditar, pega um longo facão de cozinha e sai ao encontro da multidão disposto a mudar a história pelas suas próprias mãos, com violência. A vítima – um candidato à Presidência do Brasil – segue internada.
A facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira em Jair Bolsonaro, na tarde de 6 de setembro, provocou um choque na campanha presidencial. A cena, por absurda e inaceitável, fez o País resgatar momentos da República Velha em que a política era exercida sem apreço a valores democráticos. Dali, degeneramos a conflitos armados entre constitucionalistas de São Paulo e o governo Getúlio Vargas, ao Estado Novo e desaguamos em 21 anos de trevas.
No momento em que o país se prepara para realizar a sua sétima eleição direta, depois da redemocratização, é inadmissível o regresso a um passado maculado pela intolerância, pelo extremismo e por pendores radicais. É hora de serenidade e equilíbrio, sem os quais o Brasil não conseguirá se desvencilhar de suas mazelas e da grave crise econômica legada por 13 de PT no poder.
Para a tristeza dos que querem trilhar o caminho da pacificação, paira no ar um perigoso ranço autoritário – como pôde ser claramente observado em episódios como a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março deste ano, os tiros contra a caravana do PT, no mesmo mês, e, agora, em meio às reações ao atentado à faca a Bolsonaro.
ÉPOCA
GURU DE ARAQUE
Em janeiro de 1999, o paulistano Janderson Fernandes de Oliveira buscava um sentido para sua vida. Havia largado a faculdade de psicologia e era sócio de uma clínica que oferecia terapias alternativas, como massoterapia e acupuntura. O interesse por questões espirituais e religiosas tinha sido herdado da avó materna, evangélica e benzedeira.
Desde criança contestava os ensinamentos da Bíblia. Não fazia sentido que a felicidade estivesse reservada apenas para um futuro após a morte. Recém-casado, em busca do autoconhecimento, resolveu tentar achar seu "eu" alhures. Embarcou com a mulher para a Índia.
Disse aos amigos que obedecia a um chamado espiritual que o acompanhara desde a adolescência. Segundo seu relato, ouvia vozes que lhe diziam que ao atingir 33 anos deveria ir a Rishikesh — a cidade indiana aos pés do Himalaia é um dos berços da ioga e ponto de peregrinação.
Na cidade sagrada conheceu Sri Sachcha Baba Maharajji, um importante guru da linhagem hinduísta Saccha. Quatro anos depois, tornava-se ele próprio um mestre, o Sri Prem Baba. Em sânscrito, “Sri” signica senhor, “Prem” amor divino e “Baba” pai espiritual.
Ele desenvolveu um método de autoconhecimento que batizou de “O caminho do coração”, uma mistura de psicologia, filosofia, práticas xamanistas da Amazônia e ensinamentos da tradição saccha. Com essa mixórdia espiritual, uma ferramenta para acalmar a mente e alcançar a felicidade, acumulou milhares de seguidores – entre eles, celebridades como Reynaldo Gianecchini, Bruna Lombardi e Marcio Garcia. Políticos como Aécio Neves, Marina Silva, João Doria e Marconi Perillo passaram a visita-lo e a divulgar fotos a seu lado.
Em Época desta semana, você conhecerá a vida que Janderson de Oliveira levava por trás da imagem imaculada de Prem Baba. Em meio a atividades de sua comunidade, ele mantinha com seus seguidores uma relação de hipocrisia, desfaçatez e manipulação. Três mulheres relataram à reportagem ter mantido relações sexuais com o guru e dizem ter sido vítimas de abuso. Elas pediram sigilo sobre sua identidade para evitar a exposição das famílias. Ele até foi confrontado por uma delas e admitiu, numa conversa reservada com ela e seu ex-marido, que "abusou" de sua posição como guru e que havia sido "desleal".