CRIAÇÃO DO “BLOCÃO” NA CÂMARA TERÁ EFEITOS COLATERAIS NA SUCESSÃO MUNICIPAL

Posted On Sábado, 01 Abril 2023 07:23
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A classe política acordou, na quinta-feira, com um racha no todo poderoso e tão influente e decisivo Centrão. Cinco partidos de centro e de direita criaram formalmente na Câmara dos Deputados um bloco que reúne 142 dos 513 deputados, um ato que, sozinho, esvazia o poder do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

 

Por Edson Rodrigues

 

Até então integrante do trio que formava o centrão ao lado do PL de Jair Bolsonaro e do PP de Lira, o Republicanos aderiu agora a MDB, PSD, Podemos e PSC, formando a maior força política da Casa - MDB e PSD integram a base de apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, juntos, ocupam seis ministérios.

 

A movimentação tem reflexos não só no dia a dia das votações no Congresso, como também na montagem da base de Lula, nas eleições municipais de 2024 na sucessão de Lira em fevereiro de 2025.

 

SUCESSÃO MUNICIPAL

Deputados federais do Republicanos Antônio Andrade, Alexandre Guimarães, Ricardo Ayres 

 

Essa nova composição de forças no Congresso Nacional transforma a sucessão municipal em uma “baile”, onde o baterista toca rock, o pianista música clássica, o baixista música religiosa e o vocalista canta sertaneja.  Assim será a campanha para prefeito em diversos municípios tocantinenses, em especial, em Palmas, lembrando que o partido do governador Wanderlei Barbosa, o Republicanos, têm três deputados federais - Toinho Andrade, Ricardo Aires e Alexandre Guimarães, que passarão, automaticamente com essa nova união de partidos, a fazer parte da base de apoio ao governo Lula, do PT.

 

O curioso é que o PT, de Lula, não conseguiu eleger um deputado federal sequer no Tocantins - dando seguimento à história política do partido no Estado - e agora terá três deputados federais tocantinenses a seguir sua “cartilha”, por conta do acordo firmado em Brasília.

 

 

Senador Irajá Abreu

 

O PSD, do senador Irajá Abreu, oposição ao governo de Wanderlei Barbosa, terá que seguir as tratativas vindas de Brasília, alinhavadas com a bancada federal do Republicanos, que terá três votos tocantinenses. Junte-se a isso, o fato de a senadora Dorinha Seabra já fazer parte da base de apoio à Lula e que seu partido, o União Brasil, tem no deputado federal tocantinense Carlos Gaguim, vice-líder do governo na Câmara dos deputados, pode-se afirmar que, se não seguir fielmente as orientações do novo “blocão” de partidos, Irajá Abreu será uma voz solitária, principalmente pelo fato de que a nova composição de partidos significa uma estrada pavimentada para o governo de Wanderlei Barbosa conseguir que o Tocantins tenha tratamento de aliado por parte do governo Lula, o que abre portas para a entrada de mais recursos, mais convênios e mais ações governamentais para o povo tocantinense.

 

CONFLITO DE INTERESSES NA SUCESSÃO MUNICIPAL

por outro lado, a formação desse novo “blocão” de partidos em Brasília terá efeitos colaterais na sucessão municipal de 2024, principalmente em Palmas, onde Ricardo Aires, por enquanto, se autodeclarou pré-candidato à prefeito, em Porto Nacional, onde Toinho Andrade também deve ser pré-candidato à prefeitura e em Araguaína, onde não se pode descartar que o deputado federal Alexandre Guimarães venha a se candidatar ao Paço Municipal, ou que o Republicanos tenha uma candidatura própria.

 

O efeito será "colateral", ou seja, não esperado, pois o PT, historicamente, não tem um bom desempenho eleitoral no Tocantins e a nova composição, pode fazer com que haja influências petistas na escolha dos candidatos a prefeito, como é o caso de Porto Nacional, onde Paulo Mourão e de outras lideranças petistas tocantinenses que, apesar de ter um ótimo relacionamento com a cúpula nacional do partido, serão “colocados na balança” dos interesses do governo Lula e pode até ter suas pretensões políticas turbinadas por essa nova composição, assim como em outros grandes colégios eleitorais tocantinenses. Mas, nesses momentos, quem tem mandato pesa mais decisivamente para os partidos e, levando-se em conta o PT estar “evaporado” no Tocantins e órfão de representatividade política no Tocantins, pode ser que o lado mais forte, dos com mandato, predomine, em detrimento dos demais.

 

Contando com um polpudo fundo eleitoral e com uma boa fatia do Horário Eleitoral Obrigatório de Rádio e TV, os candidatos petistas podem ser considerados mais viáveis, o que já faz diversas pré-candidaturas palacianas entrarem em alerta.

 

O TSE aprovou registro de federação partidária entre PT, PCdoB e PV

 

Se o PT vir essa nova composição de partidos aliados como uma chance de mudar seu histórico político no Tocantins, onde seus resultados são sempre pífios, muita conversação e muita acomodação de forças terá que acontecer até as convenções partidárias em agosto de 2024, para que haja uniformidade e coesão nas escolhas de candidatos do grupo palaciano.

 

Como quem manda é o voto, e o PT, definitivamente, não tem votos no Tocantins, prevemos debates acirrados até lá.

 

RESSALVA IMPORTANTE

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 faz uma importante ressalva quanto à essa nova composição partidária: vice-líder do governo Lula na Câmara Federal, o deputado Carlos Gaguim tem uma ligação umbilical com a história política de Palmas, onde iniciou sua carreira política como vereador e partiu para eleições para deputado estadual, federal e até governador, sempre como uma dos mais votados.

 

O partido de Gaguim é o mesmo da senadora Dorinha Seabra, o União Brasil, e essa nova composição abre espaço para que Gaguim realize seu sonho antigo de ser prefeito de Palmas ou, pelo menos, indicar um candidato de sua confiança ou apoiar uma candidatura de sua preferência.

 

O tempo dirá!

 

Vamos dar tempo ao tempo!