Foi-se o tempo em que prometer e não cumprir era a praxe da política. Para se eleger, agora, a prestação de contas é o caminho
Por Edson Rodrigues
Antigamente, “nos tempos do ronca”, bastava o candidato ser boa pinta, ter cara de mocinho de novela, ter uma boa lábia, um bom poder de convencimento, que os eleitores, como patinhos, caíam em seus contos do vigário. Mesmo que nada do que foi prometido fosse feito, bastava uma desculpa de que “o governo federal não liberou verba” ou de que era “intriga dos adversários”, para que os mesmo eleitores se convencessem de que “o homem que trabalhar, mas não deixam”, e tome reeleger corrupto e incompetente.
Pois bem, senhores políticos e candidatos neófitos, é chegada a hora da mudança, a hora da transparência, do preto no branco.
Tudo o que vocês, políticos aprontaram nessas últimas décadas, não fazendo nada pelo povo e dando a desculpa de que “faltou verba” ou de que “a oposição não deixou acontecer”, veio à tona com a operação Lava Jato.
O povo, agora, sabe o que vocês fizeram com o dinheiro público e deixaram de fazer pelo público. Não adiantar tentar tampar o sol com a peneira, pois os fatos estão aí, esfregados na cara da sociedade com as revelações da Lava Jato.
ENCARANDO OS FATOS
Cada político, cada candidato, se quiser alguma coisa em 2018, tem que estar mais que preparado para encarar não só seu histórico de serviços prestados como, também, cada eleitor, cara a cara. Tem que ter coragem de mostrar o que fez por cada cidadão, por cada município, pra onde conseguiu recursos, qual foi a aplicação dada a eles, quais as prefeituras beneficiadas e, principalmente, o resultado útil desse “esforço”, se esse dinheiro não acabou financiando festas ou vaquejadas.
AOS NOVATOS
Aos que pela primeira vez vão disputar um mandato eletivo, todo cuidado é pouco. A pessoa tem que não apenas ser diferente. Como reza um dos princípios do marketing, ela tem que parecer diferente. Além de ser ficha limpa a pessoa tem que ter carisma, ser comunicativa e ter boas referências na vizinhança. Todos que o conhecem devem falar bem dela, mesmo não sendo pessoalmente. As referências têm que ser as melhores possíveis. Ter um passado ilibado, então, é primordial. Outro ponto que conta é o partido em que se filiará. Não basta um partido com nome novo, mas com velhas práticas, cheios de figurinhas carimbadas de passado obscuro, que o povo não é mais besta. Tem que ter proposta, tem que ter bandeira, participar dos debates e mostrar seus projetos e propostas, e estes têm que estar em total sintonia com os anseios da sociedade.
Só a partir daí é que um cidadão pode se gabaritar para ser julgado pelo eleitor Tocantinense.
Os eleitores brasileiros – e os tocantinenses, principalmente, já conhecem os “portais da transparência” e, mais que ninguém sabem que a classe política está “podre”, “fedendo”, desacreditada, com a imensa maioria dos seus membros respondendo a processos por prática de corrupção e sendo investigada por todos os órgãos federais, desder a Polícia Federal até a Controladoria Geral da União.
São bilhões e bilhões de reais roubados não apenas dos cofres públicos, mas da merenda das nossas crianças, dos medicamentos dos pacientes da rede pública de saúde, das estradas que comprometem o escoamento da nossa safra agrícola, dos nossos estudantes que têm aulas em espeluncas que sequer têm telhado, e outros crimes hediondos.
Além da Lava Jato, existem outras operações, apurando outros escândalos no Brasil e no Tocantins. É chegada a hora do eleitor tocantinense começar a levar a sério o que mostram os portais de transparência da Câmara dos Deputados, do Senado, da Assembleia Legislativa e constatar o que realmente foi repassado para o seu município e por qual dos seus representantes.
É uma consulta muito simples, que pode ser feita até de aplicativos de celular.
O povo não tem mais tempo a perder com comícios e outras formas de tentar iludir aos eleitores, promovidos por aqueles de quem o povo já está enojado de olhar na cara. Os eleitores, hoje, pesquisam as redes sociais, que têm o papel fundamental de compartilhar informações que servem para desmascarar os fichas-sujas, assim como os programas do horário gratuito de rádio e TV.
Essas serão as principais armas dos eleitores, juntamente com os debates, que servirão para definir qual das estradas – a para o céu da eleição ou a para o inferno do ostracismo – os candidatos irão tomar, guiados pelo povo.
A tolerância do eleitor acabou. Tomara que Eduardo Cunha não confirme a participação de nenhum político tocantinense que tenha recebido propina para votar a favos do impeachment de Dilma Rousseff.
Senão, quem sobrará?