Por Edson Rodrigues
A disputa pelo governo do Tocantins em 2026 se desenha como uma das mais polarizadas da história do estado. Com apenas dois nomes consolidados até o momento — o atual governador Laurez Moreira e a senadora Professora Dorinha Seabra — o cenário aponta para uma eleição plebiscitária, onde o eleitor decidirá entre a continuidade da gestão atual ou a proposta de renovação liderada pela senadora.

Diferente da tradicional divisão entre esquerda e direita, o Tocantins vive uma disputa entre governistas e oposicionistas, com alianças sendo costuradas em torno de lideranças locais e regionais, e não necessariamente por ideologias partidárias.
O RETROVISOR DE 2022: LIÇÕES DOS CINCO MAIORES COLÉGIOS ELEITORAIS

Os resultados das eleições de 2022 nos principais municípios do estado oferecem pistas estratégicas para os pré-candidatos:
Em Palmas, Wanderlei Barbosa (Republicanos) venceu com 54,51% dos votos válidos, totalizando 82.006 votos. Ronaldo Dimas (PL) ficou em segundo lugar com 29,93%, ou 45.027 votos. Já em Araguaína, Dimas liderou com 46,59%, ou 40.346 votos, enquanto Wanderlei obteve 41,88%, ou 36.265 votos. Em Gurupi, Wanderlei Barbosa teve ampla vantagem, conquistando 60,40% dos votos válidos, ou 25.843 votos. Dimas ficou com 24,42%, somando 10.447 votos. Em Porto Nacional, Wanderlei liderou com 48,93% (16.086 votos), seguido por Paulo Mourão (PT), com 27,68% (9.101 votos). Por fim, em Paraíso do Tocantins, Wanderlei obteve 45,31% dos votos válidos (10.941 votos), enquanto Dimas recebeu 39,35% (9.501 votos).
Esses números revelam onde cada grupo político possui maior influência e onde será necessário reforçar presença e articulação.
RECONFIGURAÇÃO DE ALIANÇAS E MOVIMENTAÇÕES POLÍTICAS

O grupo que apoiou Ronaldo Dimas em 2022 agora se une à candidatura de Dorinha Seabra, sob o comando do prefeito Wagner Rodrigues, rompido com Ronaldo Dimas.

Já Ronaldo Dimas se aproximou de Laurez, inatual secretário de Planejamento do Estado, e é cotado como vice na chapa governista. Já Dorinha conta com apoio dos prefeitos dos cinco maiores colégios eleitorais: Palmas (Eduardo Siqueira), Araguaína (Wagner Rodrigues), Gurupi (Josi Nunes), Porto Nacional (Ronivon Maciel) e Paraíso (Celso Morais).

O senador Eduardo Gomes, líder nas pesquisas para o Senado e segundo colocado na intenção de voto para o governo, já descartou disputar o Executivo estadual. Gomes declarou apoio à senadora Dorinha e tem percorrido o estado ao lado dela, fortalecendo sua candidatura com prestígio e recursos para os municípios.
CRISES INSTITUCIONAIS E INVESTIGAÇÕES EM CURSO

O afastamento de Wanderlei Barbosa e as investigações sobre supostos desvios de emendas parlamentares durante a pandemia colocam pressão sobre a Assembleia Legislativa. O presidente Amélio Cayres tenta manter equilíbrio, mas os demais deputados enfrentam cobrança popular para julgar os pedidos de impeachment.
As investigações conduzidas pelo STF e STJ envolvem nove parlamentares e podem resultar em prisões a qualquer momento. Embora nenhum dos envolvidos seja réu formalmente, o desgaste político é evidente e afeta diretamente o cenário eleitoral.
LAUREZ E DORINHA: ESTRATÉGIAS E DESAFIOS

Laurez Moreira, apesar de escorregadas pontuais, mantém estabilidade no cargo. Sua gestão precisa de um articulador político com credibilidade para consolidar parcerias com os 139 municípios e apresentar ações concretas para os próximos 12 meses. A presença de figuras como Raul Filho, ainda com pendências judiciais, gera desconforto e exige posicionamento claro do governador.
Dorinha Seabra, líder nas pesquisas, tem evitado polêmicas, mas precisará assumir postura mais firme como candidata de oposição. A partir de janeiro, com a definição jurídica sobre o afastamento de Wanderlei Barbosa, espera-se que ela apresente propostas e ações que consolidem sua liderança.
SUCESSÃO EM ABERTO E PRAZO DE DEFINIÇÕES

A fotografia atual das pesquisas mostra Dorinha à frente na corrida ao governo, seguida por Laurez. Para o Senado, Eduardo Gomes lidera, com Vicentinho Júnior e Irajá Abreu na sequência. A partir de abril de 2026, com o prazo final para filiação partidária, o tabuleiro político deve ganhar nova configuração, com alianças sendo formalizadas e candidaturas confirmadas.
Agora, é dar tempo ao tempo...