Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) afirmou que não recebeu relatório e informação sobre o assunto
Por Mariana Barcellos
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou na manhã deste domingo (27) que conversas de integrantes de uma facção criminosa foram interceptadas pelo serviço de inteligência e mostram que havia orientações para que determinadas pessoas votassem em Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura de São Paulo. Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) afirmou que não recebeu relatório sobre o assunto. As informações são do g1.
Boulos afirmou, em coletiva, que a fala de Tarcísio é “irresponsável”, ‘”mentirosa” e “crime eleitoral”. A campanha entrou com uma ação de investigação eleitoral por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que “o Sistema de Inteligência da Polícia Militar interceptou a circulação de mensagens atribuídas a uma facção criminosa determinando a escolha de candidatos à prefeitura nos municípios de Sumaré, Santos e Capital. A Polícia Civil investiga a origem das mensagens.”
Já o secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, afirmou que “a nossa inteligência não detectou qualquer recomendação de facções para este ou aquele candidato neste segundo turno nas capitais.”
Afirmação durante coletiva
A afirmação de Tarcísio ocorreu durante coletiva de imprensa após votação no Colégio Miguel Cervantes, no Morumbi, também na Zona Sul de São Paulo, após o governador ser questionado sobre um suposto “salve” do PCC para que não se votasse na candidata à Prefeitura de Santos, Rosana Valle (PL). Ele estava ao lado de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.
— Aconteceu aqui também, teve o salve. Houve interceptação de conversas, de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa orientando determinadas pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Houve essa ação de intercepção, de inteligência, mas não vai influenciar nas eleições — afirmou.
Questionado em qual candidato os integrantes pediam para votar, Tarcísio respondeu:
— Boulos.
Tarcísio também afirmou que as conversas achadas pela inteligência estão sendo encaminhadas para o Tribunal Regional Eleitoral.
— A gente vem alertando isso há um tempo sobre o crime organizado na política. Então, nós fizemos um trabalho grande de inteligência, temos trocado informações com Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas — afirmou.
Boulos entra com ação
Guilherme Boulos (Psol), concedeu coletiva de imprensa na tarde deste domingo para criticar a fala do governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre conversas de integrantes de facção criminosa que teriam sido interceptadas pelo serviço de inteligência e que supostamente mostravam orientações para votarem no psolista.
Para Boulos, a “declaração é irresponsável e mentirosa” e “crime eleitoral”. E a qualificou de “laudo falso do segundo turno”, em referência ao documento que o terceiro colocado Pablo Marçal (PRTB) divulgou na véspera do primeiro turno.
Boulos afirmou que a campanha entrou com ação de investigação eleitoral por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social contra Tarcísio e Ricardo Nunes (MDB), seu adversário.
— Aconteceu algo extremamente grave agora há pouco, mais de uma hora, uma declaração irresponsável e mentirosa do governador Tarcísio de Freitas, ao lado do meu adversário, querendo atribuir que o crime organizado, PCC, teria orientado o voto em mim, sem apresentar nenhum tipo de prova. Esse é o laudo falso do segundo turno. Eu tive, às vésperas do primeiro turno, um laudo falso tentando me atribuir o uso de drogas, foi desmascarado pela Polícia Civil, pela Polícia Federal, pela imprensa.
— Agora, no dia da eleição, na boca do governador do estado, vem mais um ataque, uma mentira inacreditável, ao lado do meu aniversário. Então, isso mostra, de um lado, o desespero dos nossos adversários e um ataque sem limite, de outro lado, alguém que está sentado na cadeira de governador, se sujeitar a desempenhar um papel como esse para tentar influenciar no resultado das eleições. Isso é crime eleitoral — completa.
O que o Tribunal Regional Eleitoral diz
“Não chegou ao conhecimento do TRE-SP nenhum relatório de inteligência nem nenhuma informação oficial sobre esse caso específico. O Tribunal soube do caso pela imprensa.
Após a divulgação do caso, o candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos entrou com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) na 1ª Zona Eleitoral por abuso de poder político e abuso no uso dos meios de comunicação: 0601230-56.2024.6.26.0001
O Tribunal é um órgão do Poder Judiciário que age mediante provocação. Os legitimados para propor ação são o Ministério Público Eleitoral, candidatos, partidos políticos, coligações e federações. O TRE-SP não se manifesta sobre casos concretos que possa vir a julgar.”
Nota de repúdio de deputados do PT/PCdoB/PV
“A bancada de deputados e deputadas estaduais da Federação PT/PCdoB/PV, de forma indignada, manifesta total repúdio ao uso da máquina pública pelo governador Tarcísio de Freitas, no dia das eleições, ao proferir insinuações, sem provas, de indicação de voto de facção criminosa ao candidato a prefeito Guilherme Boulos.
A falta de compromisso com a verdade por parte do governador e do atual prefeito Ricardo Nunes, que corroborou ao lado do governador tais ilações, é de uma irresponsabilidade sem precedentes.
Tais absurdos ditos hoje, no dia da eleições, serão cobrados na Justica, que será imediatamente acionada pela bancada da Federação e pelo jurídico da candidatura de Guilherme Boulos.
No desespero para emplacar seu candidato, este sim investigado por permitir a presença do crime organizado em sua gestão, o governador Tarcísio de Freitas se atirou no lodo da fake news rasteira ao tentar macular a imagem de Boulos e interferir no processo eleitoral.
A política e a democracia não serão sequestrados pelo jogo sujo, a mentira, a calúnia e a difamação.
O povo da cidade de São Paulo deve ser respeitado, sem ser atacado por subterfúgios que comprometam o voto livre e soberano. A mudança já começou”.