Em recente editorial defendemos, aqui, a manutenção do regime administrativo da Unirg, contamos a sua história e a forma absurda com que a prefeita de Gurupi, Josi Nunes, ela própria uma professora, interferiu de forma grave na gestão da instituição de ensino superior e traiu a confiança do corpo docente e dos estudantes, ao ter um Projeto de Lei votado na calada da noite e aprovado com o voto de 12 vereadores a favor, facultando à gestão municipal a escolha do reitor e do vice-reitor da Unirg, antes eleitos pelos votos do corpo docente e dos alunos da instituição
Por Edson Rodrigues
A manutenção da autonomia da Unirg, fundada pelo saudoso Jacinto Nunes, ex-prefeito e pai da atual prefeita, foi uma promessa de campanha – documentada – feita por Josi Nunes.
Em uma manifestação pacífica, porém massiva, dois caixões circularam pelas principais ruas e avenidas de Gurupi, em protesto pelo já conhecido “PL 04”. Segundo os participantes, um caixão era reservado à carreira política de Josi Nunes e o outro à dos doze vereadores que aprovaram o PL e “enterraram” a autonomia da Unirg.
Protestos em frente a Câmara de Gurupi
O ex-reitor da Unirg, Sávio Barbalho, participou ativamente das manifestações e explicou que “antes eram 4.500 pessoas, entre alunos, servidores e professores aptos a votar, como vinha sendo feito há 39 anos, agora, caberá ao chefe do executivo escolher, em uma lista de três pessoas a serem indicadas, via eleição, por quem, antes, votava diretamente pela eleição de um só, do mais votado, quem deve assumir a reitoria. Para nós, a famosa lista tríplice é um perigo, pois, se não houver três candidatos aptos ao cargo, reza o PL -04 que u m nome pode ser livremente escolhido pelo prefeito para comandar a instituição”, explicou.
ORÇAMENTO VULTOSO E CONTRAMÃO DOS FATOS
Ainda segundo Sávio, “a Unirg tem o quarto orçamento do Estado do Tocantins. Em 2017, já eram 56 milhões de reais anuais. Se fosse uma cidade, ficaria atrás apenas de Palmas, Araguaína e Gurupi, e o que tememos é que isso seja uma manobra da prefeita para ter o controle desse orçamento, indicando o reitor e o vice”, desabafou o ex-reitor, que ainda explicou que as instituições de ensino superior comandadas por governos, como no caso das universidades federais e estaduais são todas autônomas em relação à eleição dos seus dirigentes: “o próprio Congresso Nacional disse não a uma lei que propunha a mesma lista tríplice para as universidades federais. O que nós vemos, aqui em Gurupi é a contramão dessa decisão, é um ato antidemocrático perpetrado pela prefeita e pelos vereadores que aprovaram o Projeto de Lei 04/23”.
A ´prefeita Josi Nunes e a senadora Dorinha Seabra
O ex-reitor foi mais além: “nós vemos nesse ato uma tentativa da prefeita de juntar a Fundação Unirg e a reitoria, passando o reitor, a ser escolhido por ela ou por quem venha a ser o próximo gestor. Isso é uma ingerência muito grave”, pontuou.
Sávio Barbalho é natural da cidade Teresina (PI), formou-se em Direito no ano de 1992, pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Gurupi (Fafich), onde também cursou especialização em Direito Civil e Processual Civil. Em 1995 ingressou como docente no curso de Direito da UnirG.
Foi Suplente de Deputado Estadual e de vereador em Gurupi. Assumiu o mandato de Vereador na Câmara Municipal de Gurupi TO, por 04 meses no ano 2008. Atuou como presidente do Conselho Curador da Fundação Unirg, gestão 2009/2010 e foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB TO, Subseção Gurupi, TO.
Ou seja, Sávio sabe do que está falando.
De acordo com os participantes, uma ação declaratória de inconstitucionalidade será ajuizada, o mais breve possível, pela própria assessoria jurídica da Unirg.
Ao que parece, Josi Nunes mexeu num vespeiro...