Fratura exposta no União Brasil de Palmas

Posted On Quarta, 12 Abril 2023 07:38
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Os efeitos colaterais da antecipação da sucessão municipal de Palmas já podem ser notados com a “fratura exposta” na cúpula do União Brasil metropolitano, desde que o deputado federal Carlos Gaguim foi nomeado presidente da Comissão Provisória da legenda em Palmas.

 

Por Edson Rodrigues

 

A presença de Gaguim no comando das ações do União Brasil da Capital não foi minimamente digerida pela deputada estadual Vanda Monteiro e pelo ex-prefeito da Capital, ex-senador e ex-deputado estadual Eduardo Siqueira Campos gerando uma ruptura pública entre os três, com direito a manifesto repudiando a forma personalista com que Gaguim iniciou sua presidência, principalmente depois que ele declarou apoio à deputada estadual Janad Valcari, do PL do senador Eduardo Gomes, em detrimento dos dois pré-candidatos declarados do próprio União Brasil, Vanda Monteiro e Eduardo Siqueira

 

No manifesto, Vanda e Eduardo questionam a “entrega” da comissão provisória da agremiação na Capital a Carlos Gaguim e pedem que a presidente estadual do partido, senadora Dorinha Seabra (UB), acione a assessoria jurídica para que esta emita um parecer sobre a legalidade dos atos que resultaram na composição da atual direção metropolitana. “É inimaginável que um dos integrantes da nossa agremiação esteja lançando um nome alheio aos quadros partidários, como se neles não houvesse nomes de valor”, escreveram. “Vamos identificar todos os pioneiros, todas as importantes lideranças que estão no União Brasil, para repelir, com veemência, a entrega do jogo, antes mesmo que ele comece. Não vamos ser derrotados antes de entrar em campo. Time que não joga, não faz torcida”, dizem os insatisfeitos, apostando todas as suas fichas em uma intervenção de Dorinha, solicitando uma reunião para que o assunto seja tratado adequadamente e, principalmente, entre todos os componentes da legenda. “A ela caberá, com a nossa confiança, o agendamento de uma reunião em que o assunto seja tratado adequadamente. É assim, com transparência, que vamos lutar. Em primeiro lugar, dentro da nossa própria casa, para, depois, ganharmos as ruas de Palmas, de acordo com a lei, portando a bandeira da candidatura própria do União Brasil rumo ao Paço Municipal”, diz o manifesto.

 

Gauguin parte para o ataque

Menos de uma hora depois da publicação do manifesto, Carlos Gaguim partiu direto para o ataque, sem arrodeios, alegando que nem Vanda Monteiro nem Eduardo Siqueira Campos teriam “moral” para questionar qualquer decisão do partido. Para o deputado federal, Vanda Monteiro, com quem dividiu partido no PSL, seria “sem palavra” e que teria decumprido acordos, inclusive a acusando de ter “recebido” o PSL de suas mãos, com o compromisso de ser candidata a prefeita e não colocar ninguém de seu grupo como candidato e, segundo Gaguim, ela traiu o acordo e investiu apenas na eleição de seu marido, vreador Márcio Reis e na candidatura de seu irmão.

 

Gaguim ainda apontou outra ocasião, desta vez mais grave, em que Vanda Monteiro teria apoiado o então presidente da Assembleia Legislativa, Toinho Andrade, em sua candidatura à deputado federal, quando teria o compromisso de apoiar o próprio Gaguim, após a união entre PSL e Democratas para formar o União Brasil. “Ela deveria ter sido expulsa do partido”, esbravejou o presidente da Comissão provisória do União Brasil em Palmas.

 

Em relação à Eduardo Siqueira Campos, Gaguim relembrou o fato de o ex-prefeito, ex-senador e ex-deputado estadual ter anunciado sua aposentadoria da vida pública, salientando que “como senador, em oito anos, não colocou um centavo em Palmas”.

 

Apoio à Janad

 

Carlos Gaguim confirmou que irá apoiar a deputada estadual Janad Valcari à prefeitura de Palmas por ela ter sido “correta” com ele e adiantou, ainda, que o convite para que a deputada saia do PL e ingresse no União Brasil já foi feito por ele, inclusive com a anuência da senadora Dorinha Seabra, presidente estadual da legenda.

 

Gaguim reforçou seu descontentamento com Vanda Monteiro afirmando que “se ela quiser ser candidata, terá que ser por outro partido, não pelo União Brasil”, sentenciou.

 

Vanda retruca

Enquanto Gaguim fazia suas ponderações, a deputada estadual Vanda Monteiro deu a sua versão, afirmando que apoiou vário candidatos a deputado federal em diversas “dobradinhas”, inclusive o próprio Gaguim, e afirmou que o novo presidente da Comissão Provisória metropolitana do União Brasil “não tem votos em Palmas”, o que é uma das maiores ofensas no meio político, defendendo a formação de uma Comissão Provisória “que respeite os pioneiros, não seja um partido apenas para si e que aqueles que têm votos sejam respeitados”, encerrou.

 

Dorinha Seabra, a “domadora de egos”

Com toda essa efervescência no União Brasil de Palmas, a senadora Dorinha Seabra terá que se desdobrar para apaziguar os ânimos de dominar os egos inflados dos membros da Comissão provisória de Palmas.  Afinal, como presidente estadual do União Brasil, caberá à ela a opção por tentar promover uma harmonia ou acolher as demandas de uma da partes litigantes.

 

De um lado, estão Carlos Gaguim, seus familiares e assessores compondo a Comissão Provisória do União Brasil de Palmas. Do outro, dois políticos com patrimônio comprovado na Capital, que não titubearam em deixar o partido caso a preferência seja pelas demanda de Gaguim.

 

Desgaste desnecessário

 

Na verdade, faltando ainda 20 meses para a eleição municipal, esse desentendimento interno entre as três lideranças do União Brasil nada mais é do que as vaidades falando mais alto que os juízos.  A falta de diálogo - ou a aspereza dele - virou um fato muito estranho que faz uma legenda com boas opções para disputar a prefeitura de Palmas sangrar publicamente, e requer uma ação imediata da presidente estadual, senadora Dorinha Seabra, para evitar o crescimento desse desgaste desnecessário.

 

Mas, se o que o deputado federal Carlos Gaguim afirmou, que tudo o que fez foi com a anuência de Dorinha Seabra, o União Brasil irá perder muito com a saída de Vanda Monteiro e de Eduardo Siqueira Campos, pois, quer queiram, quer não, juntos, os dois detém milhares de votos na Capital, e o fato de a eleição se encaminhar para um segundo turno, uma candidatura que tenha o apoio dos dois ou, por que não, uma candidatura que una Vanda e Eduardo como prefeito e vice, ou vice-versa, pode fazer muito estrago.

 

Primeiro ao União Brasil. depois, às demais candidaturas que terão candidatos fortes, reconhecidos e com um patrimônio político inegável, e que não pode, jamais, ser subestimado.

 

Que vença o bom-senso!