Nem tudo serão flores para quem estiver à frente do governo do Tocantins em 2022 – seja Wanderlei Barbosa, seja Mauro Carlesse – por conta do rombo de mais de 800 milhões de reais relativo à dívida com o Igeeprev, que não tem previsão sequer cogitada no Orçamento Estadual para o ano que vem.
Por Edson Rodrigues
Ou seja, começou o ano, terminou a “lua de mel” financeira, pois há as obrigações “de honra”, que são a manutenção do pagamento em dia do funcionalismo público estadual e as transferências de valores referentes aos duodécimos dos demais poderes, garantidos e exigidos por lei.
O governador em exercício, Wanderlei Barbosa, terá um verdadeiro “abacaxi” para descascar, que é o déficit de mais de 800 milhões de reais para com o Igeprev, que nos últimos anos vem queimando suas aplicações financeiras e sua poupança e que, para começar a ser resolvido, terá que receber aportes dos cofres do Estado para honrar com as aposentadorias e pensões dos servidores inativos.
Vale lembrar que os demais poderes fizeram uma espécie de “festa na casa da mãe Joana”, com planos de aposentadoria antecipada – a maioria bem acima do teto –, aliviando as suas folhas de pagamento e passando a responsabilidade para o Igeeprev, contribuindo para o aumento exponencial do rombo.
O silêncio dos sindicatos e das associações que representam o funcionalismo público estadual – de todos os poderes – é outra incógnita em todo esse processo, pois a mudez vem acompanhada de surdez e cegueira, principalmente depois da megaoperação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, por ordem do ministro Mauro Campbell, que culminou com o afastamento de Mauro Carlesse do governo do Estado por, pelo menos, 180 dias, que veio, pessoalmente, ao Tocantins para acompanhar o desenrolar das suas determinações, que tiveram foco, justamente, no festival de notas frias nos arquivos do Igeprev e a inação, o silêncio ou omissão dos representantes das várias categorias dos servidores públicos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
Sindicato protocola na ALTO pedido de impeachment do então governador Marcelo Miranda
Há no ar uma forte desconfiança quanto a esse silêncio, mas, para não incorrer em prejulgamentos, vamos esperar que a quebra do segredo de justiça esclareça essas dúvidas, pois, olhando no “retrovisor” da história política do Tocantins, nos vêm à lembrança o caso de um representante de um sindicato que ameaçou pedir a prisão do então governador, Marcelo Miranda, pelo fato de o governo não ter pago um reajuste do Igeprev.
WANDERLEI TEM PROMESSA PARA COM SERVIDORES
Há exatamente cinco anos, que se encaminham para seis, os vencimentos dos servidores estaduais estão congelados, sem nenhuma correção. O governador em exercício, Wanderlei Barbosa, em seu primeiro discurso no cargo, fez uma promessa louvável e plausível de corrigir essa defasagem salarial.
A questão é que essa promessa precisa constar no Orçamento Estadual para 2022 e ser aprovada pela Assembleia Legislativa. Esse aporte de recursos, da fonte 00, precisa ter uma origem certa e, por enquanto, ainda não foi dito de onde virão esses recursos.
Esse pode ser o “ponto na curva” que definirá o sucesso ou não da gestão de Wanderlei Barbosa, seja ela só até abril, ou até o fim de 2022.
Até lá, serão muitos nós a ser desatados junto à Assembleia Legislativa em relação ao Orçamento de 2022, inclusive o compromisso de repassar muitos milhões, mensalmente, para cobrir o “fundão” das emendas impositivas, aprovado recentemente na Casa de Leis e sancionado pelo próprio Wanderlei Barbosa, em compromisso assumido com a maioria dos parlamentares em seu gabinete no Palácio Araguaia.
Este editorial tem a finalidade de levantar a discussão com a sociedade, com o funcionalismo público e com os contribuintes acerca da viabilidade e da governabilidade ante esse novo ingrediente, representado pelo rombo de 800 milhões no Igeprev, sem contar com os interesses individuais e de grupos político-partidários que darão o tom da “música” a ser tocada em 2022.
O certo é que os interesses da bancada federal tocantinense mudam de foco com esse novo cenário, passando a ser os municípios, uma vez que o presidente da República, Jair Bolsonaro, será candidato á reeleição e seus aliados tocantinenses terão mais dificuldades para garimpar recursos, uma vez que o governador do Estado será um aliado dos principais adversários do presidente no Congresso Nacional e filiado a um partido igualmente oposicionista ao Palácio do Plnalto.
Os recursos constitucionais terão que vir, de qualquer jeito, já que são garantidos por lei, mas os recursos extras e de convênios, que inundaram os cofres do Estado do Tocantins durante o governo de Mauro Carlesse, como os destinados ao combate à covid-19, esses farão parte do passado.
Ou seja, o governador em exercício tem em suas mão o destino do seu futuro político, mas deve tomar muito cuidado par as “rosas não se resumirem aos espinhos” e seu posicionamento político não se transforme no maior entrave à sua administração.
Fica a dica!