O ex-prefeito Carlos Amastha, aliado dos senadores Kátia e Irajá Abreu na corrida sucessória de 2022, parece, finalmente, estar mostrando sua verdadeira face.
Por Edson Rodrigues
Após ser alvo de operações da Polícia Federal quando ainda era prefeito da Capital, ocasião em que foi convocado a prestar esclarecimentos nas dependências da PF, em Palmas e, depois, ter desafiado a própria instituição que o investigava, dizendo que merecia “desculpas” por parte da PF, novas investigações, da mesma Polícia Federal, revelam que Amastha pode ter se transformado de empresário bem-sucedido a homem público capaz de se corromper por “poucos trocados”, em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Nesta última semana, o Jornal do Tocantins, veículo de comunicação da Organização Jaime Câmara/Globo, trouxe em detalhes a forma com que o dinheiro público foi “moído e lavado” por Carlos Amastha, com a participação de um advogado e de um membro do Poder Judiciário, além de outras pessoas.
O pior, é que Amastha, segundo apontam as investigações, com escutas e documentos, foi pego se corrompendo por pouco dinheiro, uma quantia irrisória para quem chegou à Palmas alardeando ser um empresário bem-sucedido, dono de empresas e shoppings.
AS ACUSAÇÕES
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia contra o desembargador Ronaldo Eurípedes e o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), além de outras três pessoas, por um suposto esquema de corrupção.
A denúncia é relacionada a Operação Madset, deflagrada pela Polícia Federal em 2020. Esta é a segunda ação relacionada ao caso proposta pelo MPF.
Os crimes da nova denúncia, segundo o documento, ocorreram entre maio de 2015 e novembro de 2016. Na época Amastha estava à frente da prefeitura e teria "cooptado" o então procurador-geral do município, Públio Borges, para o esquema. O objetivo do grupo seria garantir sentenças judiciais favoráveis à empresa.
Os pagamentos de propina teriam sido realizados, segundo o MPF, por Gedeon Pitaluga Júnior, que era advogado da Valor Ambiental. Pitaluga é o atual presidente da seccional do Tocantins da Ordem dos Advogados do Brasil e recentemente foi condenado por estelionato em primeira instância em um processo não relacionado com a Operação Madset.
Segundo a denúncia, Pitaluga e Ronaldo Eurípedes têm uma relação muito próxima de amizade, sendo que o advogado é inclusive padrinho de uma das filhas do desembargador. Ele teria se aproveitado desta intimidade para combinar a propina. O MPF acredita que Amastha e Ronaldo Eurípedes receberam pelo menos R$ 150 mil cada um no esquema.
Na denúncia, o MPF destaca que o valor de R$ 150 mil pode ser ainda maior. Nas contas do ex-prefeito Carlos Amastha os procuradores encontraram depósitos que chegam a R$ 1,8 milhão apenas no mês de setembro de 2016. O documento afirma que não foi possível determinar quem fez estes depósitos ou que eles foram feitos pelo próprio Amastha.
O pedido é de que os envolvidos sejam condenados a pagar uma indenização de pelo menos R$ 1,3 milhão e que Ronaldo Eurípedes perca o cargo de desembargador. O documento requer ainda que Amastha seja condenado pelos crimes de corrupção passiva majorada, lavagem de dinheiro majorada e concurso material.
LEPROSO POLÍTICO OU INJUSTIÇADO?
Diante do acima exposto e baseado nos autos, o ex-prefeito de palmas, Carlos Amastha tem apenas dois caminhos pela frente: ou via direto para o “inferno político”, tornando-se inelegível, perdendo toda a credibilidade que ainda tem, podendo até, quem sabe, ser preso, e acabar se transformando em um “leproso político” (com todo respeito aos leprosos, que podem se tratar e se curar), daqueles que ninguém quer ter contato.
O outro caminho – e muito mais difícil, diga-se de passagem – é conseguir provar que as provas colhidas pela Polícia Federal e pelo Ministério público, que levaram o ministro do STJ Og Fernandes e a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo a acatarem a ação.
Caso consiga esse segundo intento, Amastha estará, aí sim, livre para falar em “ilações, invenções e perseguição”, e criticar a classe política tocantinense como já fez em passado recente.
Pois bem. A população palmense, mais uma vez, é vítima de malversação do dinheiro público vindo dos seus impostos. No caso da comprovação dos crimes e dos seus autores pela Justiça, os contribuintes da Capital receberão em mão um instrumento valiosíssimo para a formulação dos seus próximos votos.Como não queremos, aqui, cometer nenhuma injustiça, nenhum prejulgamento, o Observatório Político de O Paralelo 13 aguardará o caso ser transitado em julgado para poder elaborar matérias mais contundentes sobre mais esse caso escabroso.
O tempo é o senhor da razão!