O CONTO DA SUCURI E A SEMELHANÇA COM O MOMENTO POLÍTICO

Posted On Sexta, 30 Junho 2023 06:37
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Sabe-se que as sucuris são cobras de muita força. Apesar de não serem venenosas, são traiçoeiras, pois, por conta do seu tamanho, precisam pegar suas vítimas desprevenidas, para diminuía a chance de fuga.

 

Por Edson Rodrigues

 

Um conto que envolve uma sucuri, chamou a nossa atenção, pois encaixa-se perfeitamente no atual momento político vivido pelo Tocantins, em que a oposição assume o papel de sucuri e todo cuidado é pouco para evitar o seu abraço fatal.

 

O CONTO

A família de seu Nicolau e de Dona Joana, morava em uma pequena e pacata propriedade rural, cortada por um riacho, nos fundos da casa, e que era usado para lavar roupas, utensílios de cozinha e fornecia a água para os banhos e o consumo da família, que tinha, ainda, dois filhos, um rapazote nos seus 11 anos e uma menina, de nove.

 

A casa era rodeada por duas hortas e uma roça, onde seu Nicolau cultivava banana e mandioca. Havia, ainda, um curral, que abrigava 11 vacas leiteiras, o chiqueiro dos porcos e um pequeno galinheiro.

 

Cuidadoso, Seu Nicolau mantinha os animais sempre dentro dos cercados e poucas vezes os deixava andar livremente pelo terreno.

 

Certo dia, Dona Joana foi até o riacho, lavar umas roupas para a ida à Igreja, no domingo que se aproximava. Distraída com os afazeres, ela não percebeu quando uma enorme sucuri saiu, em meio à vegetação ribeirinha e se enrolou em sua perna esquerda, puxando-a para dentro do rio.

 

Dona Joana gritou por socorro, e Seu Nicolau, que estava cuidando da roça, correu até a beira do riacho e, com a foice que carregava, deu dois golpes fortes na sucuri que, ferida, afrouxou seus músculos, o que foi o suficiente para que Dona Joana, trêmula com o grande susto, se soltasse, ainda na água, que estava tingida de vermelho pelo sangue do traiçoeiro animal.

 

Seu Nicolau acreditou que, pelo fato de sua foice estar muito amolada, dificilmente a cobra iria sobreviver e, se sobrevivesse, jamais retornaria ao local onde foi tão duramente atingida.

 

O tempo passou e o medo de Dona Joana foi diminuindo, até que passou a utilizar o mesmo local para os afazeres de sempre, aliviada com as palavras de seu marido.

 

Mas, o que Seu Nicolau acreditava acabou não se confirmando. A sucuri se recuperou dos golpes de foice, recolhendo-se em sua loca e queimando a gordura que havia acumulado por anos a fio. Menos forte, mas ciente da potência dos seus músculos, eis que a sucuri resolve voltar ao mesmo lugar onde sabia haver a possibilidade de encontrar comida. E, desta vez, seu bote foi certeiro. Enrolou-se nas duas pernas de Dona Joana que, mesmo que tivesse conseguido gritar, não seria ouvida por seu Nicolau, que estava roçando o novo pedaço de terra que havia adquirido, distante uma légua do riacho.

 

Dona Joana foi morar com o Pai Celestial e Seu Nicolau, descobriu que sua sabedoria não era tão grande assim. Criou os dois filhos sozinho por muito tempo, até que conseguiu uma nova companheira, mas sua vida jamais foi como era com Dona Joana.

 

A LIÇÃO

Trazendo a história de Seu Nicolau e de Dona Joana para os tempos atuais, pode-se fazer uma comparação com o cenário político do Tocantins, tendo como personagens as oposições e o governo do Estado.

 

Apesar de alguns desavisados do conglomerado político do Palácio Araguaia teimarem em apregoar que a oposição está morta, fadada ao ostracismo, o conto nos mostra que isso é um ledo engano, assim como a sucuri, que não morreu e acabou com a vida de Dona Joana e de Seu Nicolau.

 

E o governador “curraleiro” Wanderlei Barbosa e seu vice, Laurez Moreira, precisa ficar atentos para não dar ouvidos ao “Nicolaus” que vivem ao seu entorno, como satélites rodeando planetas. Forjado nas Câmaras Municipais de Porto Nacional e de Palmas, eleito deputado estadual, vice-governador e governador por dois mandatos, Wanderlei Barbosa tem que estar ciente de que por mais que pareça morta, a oposição tem em seu poder uma “bala de prata”, pronta para ser usada nas eleições municipais de 2024.

 

E essa bala de prata deve estar com seu cilindro cheio de “pólvora”, alimentada pelo sentimento de vingança, após ser humilhada pela derrota fragorosa nas urnas, quando os principais adversários do Palácio Araguaia receberam migalhas de votos ou foram isolados da convivência política com o grupo palaciano, como Kátia e Irajá abreu, Ronaldo e Thiago Dimas, Carlos Amastha, partidos como o PT e MDB, que não elegeram um deputado estadual sequer, e sem contar com o ex-deputado estadual Eduardo Siqueira Campos e com o “andar de baixo” da política, formado por chefetes e “lideranças partidárias.

 

O atual silêncio de toda essa turma nos faz lembrar das palavras do saudoso Antônio Carlos Magalhães, que disse que “quando meus adversários se calam, preciso ficar mais atento, ainda, para o que está por vir”. Essas palavras são uma metáfora sobre o perigo de uma oposição “calma”, pois isso significa uma oposição em plena maquinação de estratégias de volta ao poder. Ou seja, tal qual a sucuri, a oposição ao Palácio Araguaia pode estar se curando do “golpe de foice”, se preparando para dar o bote certeiro, ressurgindo das profundezas da sua loca, na hora em que estiver forte o suficiente para tal.

 

Até agora, nenhum “judas” foi detectado no governo de Wanderlei Barbosa, mas em todos os seus antecessores houve vários, daqueles capazes de contar para a sucuri onde estava Dona Joana.

 

Terminamos este editorial com uma frase do saudoso Golbery do Couto e Silva.

 

“Só quem conhece o segredo da noite tem o direito do milagre do amanhecer”.

 

Fica a dica!

 

Última modificação em Sexta, 30 Junho 2023 06:40