“O eleitor acha engraçado e até ri de uma traição política, mas detesta o traidor”

Posted On Sábado, 17 Setembro 2022 05:08
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Entrevista com Lutero Fonseca, cientista político

 

Faltando 15 dias para as eleições, o OBSERVATÓRIO POLÍTICO DE O PARALELO 13 ouviu o cientista político Lutero Fonseca, que considera um grande divisor na forma de pensar a política como um todo, pela sua independência financeira e política. Ouvir o Lutero é ouvir um analista político que fala com a mente e não com o coração.

 

A POPULAÇÃO “ENXERGA” AS COISAS DE LONGE

 

Segundo Lutero, todas as ações dos agentes políticos são percebidas pela população. Às ela vezes fica silenciosa e às vezes se manifesta. Quando um agente político se movimenta sem coerência, mas visando apenas a sua estrutura econômica e a vontade de estar no poder, a população percebe e pune nas urnas. Não deixa isso em branco.

 

Ele afirma que atualmente estamos vendo vários exemplos: vereador fazendo extorsão com deputado estadual, com deputado federal, com senadores, com candidatos a governador. E, ao contrário, também alguns deputados estaduais, deputados federais fazendo extorsão um com o outro.

 

Lutero faz questão de esclarecer que isso não é regra geral. Tem pessoas retas, tem pessoas que têm propósito, tem pessoas que têm rumo político. Sabem o que querem e respeitam a população.

 

Esse tipo de ação “não é desrespeito consigo mesmo, é desrespeito com a população que vota, é desrespeito com uma sociedade que está sendo reconstruída, que está sendo reorganizada de novo depois de 30 anos”, diz nosso entrevistado.

 

A POPULAÇÃO NÃO ENTENDE CERTAS ATITUDES

 

“Essas coisas que aconteceram nos últimos dias, adversários figadais, adversários quase de chegar às vias de fato se unirem em reta final de campanha, a população não entende isso. É muito estranho”, afirma. “É como se um pré-candidato a governador tivesse acertado com outro pré-candidato a governador que seria seu apoiador e de repente larga e vai ser candidato. Isso é prática comum que ve⁸m acontecendo nos últimos oito anos aqui no Tocantins. Um político passando rasteira noutro. Ninguém tem palavra. E o pior de tudo, a cara está precisando de óleo de peroba para quem aceita fazer esse tipo de negócio”, continua.

 

QUANDO A POSIÇÃO POLÍTICA É COERENTE O ELEITOR ENTENDE

 

Para o analista, quando o político tem uma posição, ela precisa ser coerente. Inclusive, a pauta financeira. Quando alguém de uma estrutura social, por exemplo do agronegócio, se coloca à disposição da população com o seu nome e toda a estrutura do agro resolve ajuda-lo, todo mundo acha normal.

 

“Mas, se esse cara do agro coloca para a sociedade o seu nome à disposição e quem vai ajudá-lo são pessoas estranhas a esse ninho, tipo agiota ou milicianos ou traficantes, a população percebe e não aceita isso. Ou seja, também o dinheiro tem propósito e tem razões. O dinheiro não é bandoleiro, ele é coerente. E quando você faz acordo apenas com o dinheiro, é certeza que o fracasso virá”, garante.

 

E AS FAMOSAS RASTEIRAS POLÍTICAS?

“As famosas rasteiras na política o eleitor percebe tudo, só não participa ativamente para falar não ou para falar sim ou para rejeitar. O único momento em que ele dá a resposta é lá nas urnas”, analisa.

 

"Ao longo dos últimos 30 anos, o político que deu rasteira em outro no Tocantins (e todo mundo sabe os nomes, todo mundo sabe as histórias) sofreu o revés nas urnas no mesmo ano. Isso é normal. A população não gosta do traidor. Ele até acha engraçada a traição, mas do traidor ele não gosta, ele pune nas urnas”, esclarece.

 

Para Lutero Fonseca, a sociedade não gosta de mentira, não gosta de ser enganada, não gosta que lhe faça de boba, que lhe engane, que não deixem ver as coisas com clareza. A sociedade não admite isso. E a maneira de expressar sua rejeição é nas urnas.

 

Ao encerrar sua análise, Lutero Fonseca disse que os políticos estão subestimando a inteligência do eleitor e, principalmente, não estão sabendo ler o inconsciente popular. “A mudança está ocorrendo há mais de 26 anos no país, e no Tocantins não é diferente. Aqui a mudança está ocorrendo e os políticos não estão sabendo fazer a leitura do inconsciente popular e subestimando a percepção da população”, encerrou.