Eis que a primeira das operações da Polícia Federal em solo tocantinense, previstas e alertadas pelo Observatório Político de O Paralelo 13, desde o início das movimentações acerca do processo sucessório municipal no Tocantins, se descortina sob os olhos da população do Estado, trazendo de volta um passado sombrio, em que os tocantinenses se envergonhavam pelo número e constância de operações investigativas contra a corrupção que se realizavam na mais nova unidade da Federação
Por Edson Rodrigues
Mesmo sendo o desdobramento de um relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara da Capital sobre o caso, concluído há cinco anos, a operação pega de surpresa os palmenses e os agente públicos e terceiros envolvidos na investigação. Eles são de Palmas, Araguaína, Paraíso do Tocantins, Monte do Carmo, São Paulo (SP), Piracicaba (SP), Rio de Janeiro (RJ), Petrópolis (RJ), João Pessoa (PB), Oiapoque (AP) e Santo Antônio de Goiás (GO). A Operação sequestrou bens de todos os envolvidos, para garantir o ressarcimento de R$ 74.433.036,70, correspondente ao prejuízo potencial causado ao órgão.
Batizada de Moiras, que na mitologia grega, eram três irmãs que determinavam os destinos dos deuses e seres humanos a operação faz alusão às suspeitas de ingerência por parte dos envolvidos, divididos em três classes distintas – empresários, agentes públicos e políticos – sobre o futuro dos beneficiários do PreviPalmas, que teriam se apropriado de R$ 50.000.000,00 das reservas do órgão, colocando em risco a previdência social do funcionalismo da Capital.
A Operação Moiras chega em um momento de movimentação pré-eleitoral e atinge em cheio a postulação do ex-prefeito, Carlos Amastha, pré-candidato à prefeitura de Palmas, pois é em sua gestão que o crime investigado foi cometido. Atinge, também, a atual prefeita, Cinthia Ribeiro Mantoan, vice-prefeita de Amastha no período investigado.
A prefeita Cinthia Ribeiro e o acusado ex-prefeito Carlos Amastha
Os prejuízos, atualizados, chegam à mais de 74 milhões de reais e o andamento da investigação deve revelar os nomes dos verdadeiros responsáveis de colocar em risco as aposentadorias de milhares de servidores municipais de Palmas.
REPERCUSSÃO POLÍTICA
Os acusados Carlos Amastha, ex-prefeito, Maxcilane Machado Fleury, que foi gestor do instituto,, Christian Zini Amorim, advogado e ex-secretário de finanças da Prefeitura de Palmas, Fábio Costa Martins, que foi diretor de investimentos do PreviPalmas
Mesmo que saia inocentado ao final da operação, o prejuízo político de Carlos Amastha é imensurável. É por isso que nosso Observatório Político conduz esta matéria com imenso cuidado.
Amastha, até então, estava entre os três melhores colocados nas pesquisas de intenção de votos para a prefeitura de Palmas, mas, como não é possível tapara o sol com uma peneira, desde as primeiras linhas publicadas sobre a Operação Moiras, a credibilidade e a força política do ex-prefeito iniciaram um processo de derretimento exponencial, com seus adversários enfatizando as suspeitas e trazendo de volta tudo o que pode interferir negativamente nos planos de Amastha.
O ex-senador Ataídes Oliveira, também pré-candidato à prefeitura de Palmas, fez um duro pronunciamento contra a impunidade de políticos tocantinenses e subiu o tom contra Amastha, aproveitando para associar essas críticas à atual gestora de Palmas, Cinthia Ribeiro Mantoan.
Em vídeo publicado nas redes sociais Ataídes Oliveira foi mais duro com Carlos Amastha: “me traz uma indignação total em ver o caso do PreviPalmas, administrado pelo ex-prefeito Amastha. Tinha que estar todo mundo na cadeia, inclusive ele. No entanto, está aí pré-candidato para a prefeitura novamente da capital, ou seja, ele quer voltar a cena do crime”, afirma, ara, em seguida lembrar do indiciamento de Edmilson Vieira das Virgens, ex-secretário da gestão Cinthia Ribeiro. “O caso agora mais recente, dessa senhora que está sentada na cadeira de prefeita. A Polícia Federal fez uma visita ao secretário, o braço direito dela, imagino eu, que era o operador dela. Quase 4 milhões em espécie e mais ouro. Também nada aconteceu, só exonerou o rapaz e tá tudo quieto”, emendou.
SANGRAMENTO LENTO E DOLORIDO
Polícia Federal encontra sacola de dinheiro na casa de suspeito — Foto: Divulgação/Polícia Federal
A verdade é que Carlos Amastha passa a vivenciar um sangramento lento e dolorido da sua pré-candidatura à prefeitura de Palmas, principalmente junto aos servidores públicos municipais, que passaram a ser relembrados a cada notícia sobre a operação que é divulgada, sobre a fase negra do PreviPalmas, que brincou com o futuro de todos os funcionários concursados.
Para piorar, os agentes da Polícia Federal encontraram pacotes de dinheiro em espécie na casa de Carlos Amastha, entre reais, dólares, euros e outras moedas estrangeiras.
Como se sabe, imagens de dinheiro guardado “debaixo do colchão” são muito contundentes ante à opinião pública e aceleram ainda mais a formação da opinião do eleitor sobre um candidato.
Além disso, a declaração da prefeita Cinthia Ribeiro de que a CPI do PreviPalmas "terminou em pizza" causou um rebuliço geral no âmbito da Câmara Municipal, como também, no próprio PreviPalmas - o instituto de previdência dos servidores municipais.
CPI da Câmara de Palmas não detectou irregularidaddes
O vereador que foi presidente da CPI, Milton Neris (PDT), atual candidato a vice-prefeito na chapa de Marcelo Lelis (PV), reagiu em nota à imprensa, afirmando que a CPI tramitou e foi encerrada da forma correta, com toda a documentação resultante tendo sido encaminha ao Ministério Público Estadual e à própria prefeitura de Palmas: “as afirmações da candidata Cinthia mostram o despreparo da mesma sobre um assunto tão sério, mas, principalmente desrespeita todos os vereadores que participaram desta CPI", enfatizou.
O QUE DIZEM AMASTHA E SUA DEFESA
A defesa de Carlos Amastha, (foto) a cargo do advogado Marlon Reis, se manifestou por vídeo, questionando a atuação da corporação em nota oficial.
A nota garante que Carlos Amastha “nunca teve” ligação com os casos investigados e demonstra confiança de que isto será “comprovado de maneira cristalina” com os documentos que foram apresentados no processo. Para além da alegação de inocência, o texto faz críticas à operação. “Importante destacar que o que houve hoje foi um ato absolutamente abusivo e injustificado aos olhos da lei. Isso será plenamente provado ao longo das investigações”, justifica.
A defesa ainda observa o período em que a ação da Polícia Federal foi deflagrada. “O que fica evidente é uma ação política orquestrada, envolvendo injustamente o nome de Amastha, numa investigação da qual não tem envolvimento algum. E isso se dá justamente num período eleitoral, na tentativa brutal de manchar sua imagem como pré-candidato a prefeito”, destacou.
Já Carlos Amastha criticou o mandado de busca e apreensão do qual foi alvo, principalmente a divulgação de foto do dinheiro em espécie encontrado na diligência: “faz seis anos que eu não ocupo cargo público. Seis anos. Vocês acham que dinheiro na minha casa é dinheiro de quê? De falcatrua? Do golpe de sete anos atrás? Olha que loucura, né, gente? Que falta de respeito. E, em cima disso, faz um grande show”, argumentou.
O ex-prefeito de Palmas encerra o pronunciamento com total confiança de que não será indiciado e ainda provoca adversários. “Vai terminar do mesmo jeito que terminaram todas as investigações. Todas as que fizeram contra mim terminaram da mesma maneira: arquivamento por absoluta falta de provas. E isso aqui não será diferente. Tudo tranquilo. Esse processo já deve estar nas mãos de todo mundo. Os adversários, não vão ter motivo para se divertir, porque não vão encontrar absolutamente nada que machuque a minha imagem. E continuamos mais firmes do que nunca e vamos fazer daqui a melhor cidade do mundo”, encerra o pré-candidato.
O ÔNUS DA PROVA
Polícia Federal encontra sacola de dinheiro na casa de suspeito — Foto: Divulgação/Polícia Federal
Por enquanto, quem tem o ônus – ou a obrigação de provar as suspeitas – é a Justiça, pois ele cabe a quem acusa. Se a operação foi “espetaculosa”, se faz parte de um “jogo de cartas marcadas” ou de “provocação da oposição”, cabe a ela provar.
Já a Carlos Amastha resta de esforçar para evitar que os danos à sua imagem junto à opinião pública sejam minimizados a qualquer custo, afinal, todos os veículos de comunicação do Tocantins, cada um dentro da sua linha editorial, deu publicidade à Operação Moiras e a ação da Polícia Federal é uma realidade.
O Observatório Político de O Paralelo 13 estará acompanhando o desenrolar dos fatos e publicando os próximos capítulos, cumprindo com seu papel junto à população palmense e tocantinense.
O que vai resultar dessa operação, só o tempo dirá. E, hoje, o tempo é inimigo de Carlos Amastha.
Triste!