Conforme veiculado pelo Diário do Poder, as mudanças impostas pela reforma política para as eleições de 2018 complicaram a vida dos partidos políticos de pequeno porte. Entre as novas normas, a que mais preocupa os nanicos é conseguir atingir a meta colocada pela cláusula de barreira, que determina quais partidos terão acesso ao fundo partidário e qual será o tempo de campanha na TV e no rádio.
Da Redação
Para cumprir a determinação, as legendas devem atingir no mínimo 1,5% dos votos na eleição para a Câmara dos Deputados em ao menos nove Estados brasileiros, com mínimo de 1% dos votos em cada um deles, ou eleger ao menos um deputado federal em pelo menos nove Estados do Brasil. A estratégia de alguns partidos menores para cumprir a cláusula de desempenho será investir em candidaturas majoritárias. A deputada federal Jô Moraes (PCdoB) declarou que as mudanças impostas na reforma política colocaram exigências muito elevadas para os partidos. Nesse domingo (5), o PCdoB anunciou que terá candidatura própria à Presidência. Em nota, a legenda lançou o nome de Manuela D’Ávila, ex-deputada federal e hoje deputada estadual pelo Rio Grande do Sul, como pré-candidata ao pleito de 2018. Jô Moraes disse que, além da Presidência, a legenda já tem nomes para concorrer ao Senado e ao governo em diversos Estados brasileiros. “Em Minas Gerais, eu estarei na disputa por uma cadeira no Senado”, afirma. O deputado estadual e presidente do PEN em Minas, Fred Costa, contou que o partido, futuro Patriota, lançará como candidato à Presidência da República o deputado Jair Bolsonaro (PSC), e que, por esse motivo, a legenda não terá problemas em atingir a porcentagem exigida pela nova norma. “As conversas com o Bolsonaro começaram antes da reforma política. Com a filiação dele, eu não tenho dúvidas de que superaremos a cláusula de barreira. E isso pode ser confirmado estatisticamente, teremos muitos votos de legenda”, diz. Nos bastidores, parlamentares do PROS afirmam que a possibilidade de candidaturas majoritárias é pauta de conversas internas. Mas o deputado federal Weliton Prado (PROS) afirma que o plano da sigla, anteriormente à reforma política, era focar a eleição de deputados federais. Ele não nega que a estratégia colaborará para atingir a cláusula de desempenho. O deputado explicou que o partido formará uma chapa única e só serão permitidos, além dele mesmo e do deputado federal Eros Biondini (PROS), candidatos que tenham atingido no máximo 42 mil votos em eleições anteriores ou novos candidatos. “Assim, além de colaborarmos para o processo de renovação na política, será mais fácil garantir mais cadeiras na Câmara dos Deputados”, afirma. O Podemos, antigo PTN, já tem o senador Álvaro Dias como pré-candidato ao Palácio do Planalto, o que, segundo a deputada federal e presidente do partido, Renata Abreu, faz parte de um projeto do partido, independentemente da cláusula de desempenho imposta pela reforma política. Ela contou que a nova norma na legislação eleitoral não afeta em nada o Podemos. “Nós temos 18 deputados, três senadores e um pré-candidato à Presidência que já aparece nas pesquisas de intenção de voto com uma taxa de 3%. Não estamos preocupados, a cláusula não afeta em nada o nosso partido”, afirma. Renata Abreu disse que o Podemos tende a crescer muito, pois, de acordo com ela, o partido está sendo cada vez mais procurado. A deputada atribui esse fato ao projeto ideológico consistente que o Podemos apresenta. “Há muito tempo estamos trabalhando nesse projeto. Fizemos vários estudos, inclusive com institutos de fora do Brasil. Trabalhamos nos baseando em pesquisas de opinião junto à população e montamos nosso programa de governo. Temos a consciência de que o momento político em que vivemos demanda um olhar para o futuro”, explicou.
Grandes não foram afetados
Para os grandes partidos políticos, as novas normas da reforma política não interferiram em praticamente nada na estratégia eleitoral. De acordo com o deputado federal e vice-presidente do PSDB em Minas, Paulo Abi-Ackel, o partido manterá o mesmo sistema das outras eleições. “Vamos conversar com lideranças regionais, trabalhar com as bases municipais para formar nossas alianças e nossas coligações”, diz. O tucano considera que a única mudança significativa será na forma de fazer campanha. Ele conta que, com menos dinheiro, a disputa voltará aos moldes antigos. “Teremos que fazer uma campanha mais simples, mais barata e vamos utilizar muito do corpo a corpo”, afirma. Quem compartilha dessa opinião é o deputado federal e presidente do DEM em Minas, Carlos Melles, que conta que a campanha terá uma produção mais “braçal”. “Não vamos ter mais aquela superprodução, vamos ter que trabalhar com o ‘faça você mesmo’”, diz. Ele afirma que a sigla está estudando também uma maneira de fazer campanha por meio das redes sociais. O deputado do DEM afirmou que a expectativa do partido é que, com a cláusula de desempenho, vários políticos queiram se filiar ao DEM pelo fato de ele ser um partido grande e que “não está manchado pelas denúncias de corrupção”. Para a presidente do PT, Cida de Jesus, a cláusula de barreira e o fundo partidário tornam a corrida eleitoral mais justa. Segundo ela, essa nova forma de distribuição de dinheiro para campanha pode incentivar militantes e pessoas com ideologias mais próximas das bandeiras defendidas pelo PT a participar do jogo eleitoral.
Novo afirma não estar preocupado
Com uma proposta diferente dos outros partidos políticos, o Novo não utiliza o dinheiro do fundo partidário. “Nosso financiamento vem da mensalidade que os filiados pagam. Acreditamos que a democracia tem um custo. Não usamos dinheiro público. O único problema pode ser o tempo de TV e rádio”, conta o vereador Mateus Simões. O vereador afirmou que, por esse motivo, o partido não está preocupado com a cláusula de desempenho colocada pela reforma política, apesar de garantir que não será complicado atingir a meta colocada. “Vamos ter muitos candidatos pelo Novo, vamos ter candidato à Presidência, a governos e, em diversos Estados, a deputados federais”, conta. Ele conta que o objetivo do Novo é eleger um número razoável de deputados federais por dois motivos. “Além da cumprir a cláusula de barreira, acreditamos que as maiores reformas, as mais importantes para o Brasil, passam pela Câmara, por isso queremos garantir nossas cadeiras na Casa”, afirma.