A Justiça acatou a denuncia do Ministério Público de Porto Nacional e decretou a prisão do empresário do ramo dos combustíveis, que não se apresentou e, hoje, é considerado foragido
Por Edson Rodrigues
É uma questão complicada, mas não deveria ser. De um lado, os familiares do saudoso Wenceslau Leobas, o popular Wencinho, clamam por justiça ante a forma covarde, desumana, impiedosa e sem oferecer chances de defesa com a qual foi assassinado. De outro lado, os familiares do suspeito, Eduardo Augusto Rodrigues Pereira, apontado como mandante do crime tanto pelo Ministério Público Estadual quanto pela Polícia Civil.
Caberá ao Pleno do Tribunal de Justiça do Tocantins decidir qual dos dois lados vai, enfim, sentir-se aliviado, depois de um roteiro repleto de voltas e reviravoltas.
A defesa de Eduardo Pereira entrou com um pedido de relaxamento da prisão, mas não conseguiu sucesso, mas, na última quinta-feira, o Ministério Público Estadual publicou parecer favorável a concessão do habeas corpus pleiteado pelo empresário. O autor do documento é o titular da 4ª Procuradoria de Justiça, Alcir Raineri Filho. Segundo ele, as alegações que fundamentam a decisão que decretou a prisão de Duda "são insuficientes”.
Os advogados dizem que não houve fuga: "Eduardo Pereira não está foragido por ser culpado. Ele foge da injustiça da qual está sendo vítima. Além disso, sua própria integridade física deve ser preservada, uma vez que vêm sofrendo notórias ameaças, sem contar o fato de que um dos executores foi morto na casa de prisão provisória, fato que, inclusive, está sendo investigado", diz nota enviada pela defesa.
Mas, pelo que se nota em Porto Nacional, a falta que Wencinho faz ao dia-a-dia é muito mais notada que qualquer tipo de intervenção que o crime tenha causado na vida do suspeito.
O certo é que a causa está, agora, nas mãos do Pleno do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins. Cada juiz, cada voto, é uma sentença. Espera-se que, diferentemente do quer se tem visto nos julgamentos que mobilizaram a opinião pública nos últimos tempos, este caso tenha a coerência e a Lei como Norte e que nem a injustiça, muito menos a impunidade, sejam os sentimentos que prevaleçam.
A sociedade portuense e, por que não dizer, tocantinense, aguarda que os senhores desembargadores tragam, de forma lícita, um resultados que, enfim, a represente e a deixe tranqüila quanto à sua assertividade.
É triste que uma situação como esta aconteça no Tocantins, envolvendo um empresário septuagenário e o ex-presidente do Sindicato de Revendedores de Combustíveis do Estado (Sindiposto).
Triste esse nosso Brasil, esse nosso Tocantins...