“Se você rouba ideias de um autor, é plágio. Se você rouba de muitos autores, é pesquisa”
WILSON MIZNER
Por Edson Rodrigues
O Hospital Regional de Porto Nacional, infelizmente, já se aproxima das 200 mortes desde o início da pandemia de Covid-19 que assola o mundo há mais de um ano e o mês de abril pode ser o pior de todos desde o início dessa escalada de perdas de vidas humana. Assim como as demais unidades de saúde no País, o maior hospital da cidade sofre com o aumento exponencial de casos e com a demora das autoridades em tomar providências, desde a presidência da república até o mais mal votado dos vereadores em todo o Brasil.
O problema é que o Hospital Regional de Porto Nacional vem passando por problemas desde muito antes da pandemia e, agora, virou o centro das atenções, como se apenas os atuais gestores fossem culpados pelo que acontece em nossa cidade.
Verdade que o governo de Mauro Carlesse ainda não apresentou nenhuma solução para o caso. Construído nos anos 70, quando ainda éramos Goiás, era referência em atendimento de Saúde em toda a Região Norte do Brasil, quando viramos Tocantins. O problema é que, a partir daí, sem investimentos, reformas ou ampliações significativas, acabou se transformando em um “postão de saúde”, com infraestrutura precária e apenas a garra e abnegação dos seus servidores como “referência”.
Os problemas do Hospital Regional de Porto tomam proporções de um grande nó na Saúde Pública não só da cidade, mas de toda a Região Central do Estado, que engloba dezenas de municípios, entre eles Monte do Carmo, Ponte Alta do Tocantins, Pindorama, Silvanópolis, Ipueiras, Santa Rosa, Chapada de Natividade, Brejinho de Nazaré, Santa Rita e Oliveira de Fátima, dentre outros, cujas populações buscam, como primeira opção o nosso Hospital Regional que, antes referência, hoje está sucateado.
Deve-se levar em conta que as cidades acima mencionadas, eram menores, algumas eram distritos e tinham populações menores, mas nada justifica a situação que se deixou chegar o Hospital Regional de Porto Nacional.
Os governos estaduais se sucederam e vieram “puxadinhos” aqui, uma pintura para maquiar o mofo em uma parede, ali, mas nada, literalmente, de concreto.
Com tantos representantes nos governos estaduais, desde a criação do Estado, com tantos parlamentares estaduais e federais, a pergunta que fica é: por quê deixaram nosso Hospital tão abandonado, tão sem atenção.
UTIs
Agora, junte-se a isso uma gestão incompetente na Pasta da Saúde Municipal e uma demora sem fim para que o governo do Estado instale os prometidos – e acordados – 10 leitos de UTI. Embora o governo do Estado tenha assegurado que já está tudo pronto para que as UTIs sejam instaladas em Porto Nacional, a impressão que fica para a população e para a imprensa, é de que tudo está correndo em velocidade inversa ao avanço da Covid-19.
Nas redes sociais se multiplicam as críticas ao governo do Estado e aos deputados estaduais. Algumas são críticas fundamentadas, enquanto outras são ataques pessoais, principalmente contra os nascidos em Porto Nacional, com ênfase no presidente da Assembleia Legislativa, Toinho Andrade. (Foto)
Vale lembrar, que dos sete representantes portuenses na Casa de Leis, apenas dois residem em Porto Nacional e Toinho Andrade e Valdemar Jr., que lideraram um movimento que resultou em um documento, subscrito pelos demais deputados e pelo vice-governador, Wanderlei Barbosa para que 10 UTIs fossem instaladas no Hospital Regional, confiou na palavra do governo e, agora, virou alvo preferencial dos que criticam a demora, sem ser o verdadeiro culpado por isso.
Toinho Andrade, além do autor da ideia, o que é louvável, foi apenas o avalista da promessa de Mauro Carlesse, ocorrida em meados de 2020, de instalar no Hospital Francisco Ayres, 10 UTIs, como contrapartida do empenho do presidente da Assembleia Legislativa em fazer aprovar na Casa de Leis matérias de interesse do povo tocantinense e medidas impopulares, necessárias para que Carlesse viabilizasse seu governo.
Essas matérias foram aprovadas e os próprios deputados estaduais cortaram na própria carne em assuntos que envolviam demissões e outras medidas impopulares, acreditando 100% na palavra do governador que, pode-se considerar, está cumprindo o acordado, mas com uma lentidão que vem provocando a ira da população portuense.
No fim, quem é mais cobrado pela demora e pela situação enfrentada em Porto Nacional, é o presidente da Assembleia Legislativa, Toinho Andrade que, ao contrário do que os portuenses apregoam, cumpriu sua parte e também está à espera do cumprimento da parte do governo do Estado.
JUSTIÇA TOCANTINENSE DESMORALIZADA
Até mesmo a Justiça tocantinense deu prazos para que o governo do Estado instalasse as UTIs em Porto Nacional e, da mesma forma que os deputados – e os portuenses -, ficou na espera. Dizem que decisão da Justiça não se discute, se cumpre. Mesmo assim, Porto Nacional ainda está sem as suas UTIs. Em uma situação em que a Justiça fosse realmente respeitada, o secretário estadual da Saúde estaria preso, os recursos da pasta bloqueados e as UTIs instaladas.
Ou, quem sabe, talvez, na hora de “carimbar” a instalação das UTIs em Porto Nacional, alguém pode ter se enganado e escrito “Gurupi” no documento, uma vez que o berço eleitoral do governador recebeu 20 UTis no início da pandemia e, este ano, conseguiu mais 36, enquanto Porto Nacional não recebeu nenhuma. Esse é o motivo da ira do povo de Porto Nacional. Por que não dividir, mesmo que fossem seis em Porto e 20 em Gurupi?
ABRIL MAIS LETAL
As previsões dos especialistas mundiais apontam para um mês de abril ainda mais letal em relação à Covid-19 no Brasil, que, hoje, é o epicentro mundial da pandemia e, não podemos, jamais, esquecer, que Porto Nacional é uma cidade brasileira.
O Hospital regional de Porto Nacional, de responsabilidade do governo do Estado, precisa de muito mais que as 10 UTIs que são o centro desta questão. Precisa de ampliações, de equipamentos, de aparelhos e de mais profissionais da Saúde para poder reverter os índices assustadores dos últimos meses.
Os índices de mortes que vêm crescendo exponencialmente em Porto Nacional não refletem apenas a realidade da cidade, mas de toda a Região Central do Estado, cuja população busca, como primeira opção o Hospital Regional.
Se os nossos deputados não conseguirem ser ouvidos pelo governo do Estado e as decisões da Justiça continuarem a ser ignoradas, um grupo de cidadãos portuenses, composto por empresários, comerciantes, autônomos, taxistas, mototaxistas, enfim, por representantes de todas as classes da população, está planejando a interdição da rodovia que dá acesso à Palmas, além de outras ações de protesto, invadindo as redes sociais e encabeçando uma ação judicial coletiva pedindo a prisão do secretário estadual da Saúde, antes que outras dezenas de vidas sejam ceifadas pela demora, pelo descaso e pelo corpo mole que vem sendo sentido em relação à saúde na cidade.
Porto Nacional já perdeu vidas demais para ficar parada. Se quem foi eleito para agir não o faz, os cidadãos farão!