Em uma primeira análise, o Observatório Político de O Paralelo 13 fez uma explanação dos direitos de todos os cidadãos que estejam em dia com a Justiça Eleitoral – e com os eleitores – em serem candidatos ao que quiserem, inclusive candidatos a candidatos em um grupo político de enormes tamanho e força, como é o caso do deputado federal Ricardo Ayres e o grupo de apoio ao governador Wanderlei Barbosa, do qual faz parte.
Por Por Edson Rodrigues
Agora, nosso Observatório Político traz uma espécie de “extrato de urna” a respeito dos detentores de votos, eleitos ou não, que fazem parte do grupo palaciano, que estão sendo, simplesmente, descartados pelo anúncio feito pelo deputado federal Ricardo Aires de sua candidatura à prefeitura e Palmas, pelo Republicanos, partido presidido no Tocantins pelo próprio governador Wanderlei Barbosa e, em Palmas, por Ricardo Aires.
Primeiro devemos explicar que Wanderlei Barbosa não declarou apoio à nenhuma candidatura à prefeito de Palmas pelo seu partido ou grupo político, chegando a firmar, como o fez em Axixá, na última sexta-feira, que só tratará de sucessão municipal, de Palmas ou de qualquer um dos demais 138 municípios, a partir de 2024, ano em que o pleito se realizará.
O Governador Wanderlei Barbosa ao lado de su vice-governador, Laurez Moreira, em Axixá destacou a importância da parceria entre Governo do Tocantins e prefeituras
Agora, é hora de falar sobre o grupo palaciano, uma união de forças políticas dos quatro cantos do Tocantins que embarcou na ideia da reeleição de Wanderlei Barbosa, após um primeiro mandato-tampão, com o afastamento e renúncia de Mauro Carlesse, de quem era vice-governador, e que encantou a maioria dos tocantinenses com seu jeito matuto, simplório e humilde de fazer política, a ponto de ser apelidado de “governador curraleiro”. Se Carlesse tinha apoio da maioria dos deputados estaduais em seu governo, Wanderlei conseguiu reunir quase todos os parlamentares estaduais, que trouxeram junto seus prefeitos e vereadores.
Ao fim da eleição, uma vitória esmagadora e eloquente desse grupo político evidenciou que quem dele participava estaria muito bem-posicionado assim que a próxima eleição se apresentasse, ao mesmo tempo em que quem estivesse fora dele, ou teria que se tornar aliado ou formar uma oposição tão bem estruturada quanto o grupo palaciano.
Por enquanto, a primeira opção é estrondosamente mais fácil e inteligente.
DEMARCAÇÃO DE TERRITÓRIO
E foi Ricardo Aires(foto). quem tomou a primeira atitude como membro do grupo palaciano em relação á sucessão municipal 2024, ao lançar sua pré-candidatura à prefeitura de Palmas, como presidente metropolitano do partido do qual o governador é presidente estadual e demarcar seu território eleitoral. Aires só esqueceu o quanto o grupo palaciano é grande e cheio de qualidades e que, até agora, nada aconteceu entre seus membros que indique uma imposição ou condicionante, seja de quem for. Muito menos dos seus líderes naturais.
O comportamento do presidente da Comissão Provisória Metropolitana de Palmas do partido Republicanos simplesmente ignorou não só as lideranças naturais do seu grupo político, como também a liderança daqueles que receberam mais votos do povo palmense nas eleições estaduais, como a deputada estadual Janad Valcari, e os deputados federais Filipe Martins, e Eli Borges e os senadores Dorinha Seabra e Eduardo Gomes.
OS IGNORADOS
Podemos enumerar, de diversas formas, os nomes e os motivos pelos quais Ricardo Aires não deveria ter excluído nem ignorado em seus cálculos eleitorais, políticos com maior patrimônio eleitoral, e com serviços prestados ao povo de Palmas de forma comprovada e evidente.
Eduardo Gomes, além de ter sido o mais votado em Palmas para o Senado na eleição anterior, também foi o mais votado para deputado federal, antes do seu atual cargo e, hoje, é presidente estadual do PL, partido que detém a maior fatia do Fundo Partidário e o maior percentual de tempo no Horário Eleitoral Obrigatório de Rádio e TV. Dorinha Seabra foi a senadora mais votada na última eleição. Marcelo Miranda, ex-governador, presidente do MDB estadual. Dulce Miranda, esposa de Marcelo e ex-deputada federal.
Todos os citados acima têm, além de patrimônio eleitoral, seus próprios grupos políticos e estão em maior ou menor grau, em conversações ou em relações amistosas com o grupo palaciano. mas Ricardo Aires ignorou, também, outro grupo político: a oposição.
OS ADVERSÁRIOS
Ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha
Os possíveis pré-candidatos que, hoje, estão na oposição, provavelmente chegarão em outubro de 2024 ainda na oposição ao Palácio Araguaia, grupo político ao qual o deputado federal Ricardo Aires faz parte.
Deputada estadual Janad Valcari
E fazer parte do grupo palaciano é, acima de tudo, saber que há uma oposição que foi esmagada em todo o Estado e que espera a primeira oportunidade de recobrar suas forças e sua influência, e essa oportunidade acontecerá em outubro de 2024. por isso, todo cuidado e cautela são poucos.
O ex-deputado e ex-prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos
Os grupos não governistas têm patrimônio político e infraestrutura partidária capazes de dificultar a vida dos palacianos. O ex-deputado e ex-prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, a deputada estadual Janad Valcari, o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha, Valdemar Jr., sempre bem votado na Capital e com muita representatividade política na Capital, possivelmente Marcelo e Dulce Miranda, além de outros nomes que podem surgir até as convenções partidárias, podem se unir e formar uma grande frente partidária, uma federação, por que não, e aumentar seu poder de disputa por conta de um elemento, até agora, inédito nas eleições municipais de Palmas: o segundo turno.
QUEM TEM VOTO EM PALMAS
Carlos Amastha (PSB): 31.052 votos (21,74%) (Governo)
Filipe Martins (PL): 13.051 votos (8,84%) (Deputado Federal)
Eli Borges (PL): 10.304 votos (6,98%) (Deputado Federal)
Professora Janad Valcari (PL) - 13.444 votos (8,77%) (deputada Estadual)
Eduardo Mantoan (PSDB): 9.135 votos (5,96%) (Deputado Estadual)
Professor Junior Geo (PSC): 7.601 votos (4,96%) (Deputado Estadual)
Vanda Monteiro (UNIÃO BRASIL): 7.325 votos (4,78%) (Deputado Estadual)
Ricardo Ayres (Republicanos): 6.124 votos (4,15%)
SEEGUNDO TUNRO É A “CHAVE”
A manobra de demarcação de território antecipada de Ricardo Aires se mostra, agora, ainda mais controversa e precipitada. A possibilidade de segundo turno em 2024 é muito mais perigosa para o grupo palaciano que para a oposição, ao se levar em conta que, nos últimos 22 anos, o Palácio Araguaia jamais conseguiu eleger um aliado para a prefeitura da Capital.
Olhando no retrovisor da história, o governador Wanderlei Barbosa, que exerceu vários mandatos de vereador, deputado estadual e hoje é governador, tem seu pai, o primeiro prefeito de Palmas, Fenelon Barbosa, seu irmão, Marilon Barbosa, acumulando vários mandatos de vereador, e seu filho, Leo Barbosa, reeleito deputado estadual. Ou seja, é parte de uma família que conhece e tem a aprovação do povo de Palmas.
Perder uma eleição para prefeito seria um grande baque para a vida política da família Barbosa e, definitivamente, não está nos planos do governador nem de seu grupo, pois pensando em seu futuro, nas eleições de 2026, quando a primeira opção é se eleger para o Senado, ter um aliado na prefeitura de Palmas é fundamental, senão, primordial.
É por isso que a candidatura que terá o crivo do Palácio Araguaia para a prefeitura de Palmas deve ser cuidadosa e meticulosamente calculada, para lhe garantir, senão uma vitória direta, uma das vagas no segundo turno.
Qualquer candidatura à prefeitura de Palmas, seja do grupo palaciano, seja de uma frente oposicionista, imposta goela abaixo, terá como única certeza uma derrota fragorosa, e, no caso de Wanderlei Barbosa, podendo contaminar sua vida política que, hoje, tem grandes possibilidades de ter uma longa linha do tempo.
E, certamente, da forma com que vem agindo, o deputado federal Ricardo Aires conseguirá fazer sua pretensão de ser prefeito de Palmas se realizar, pois, até agora, nem no deu próprio grupo político sua estratégia está sendo bem recebida.
Quem dirá na oposição.
Esperemos pelo tempo, então!
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