Bolsonaro fala de ameças de saques, mas a imprensa só destaca a irritação do presidente
Por Renato Dias
Nesta terça-feira aconteceu mais um dia de manchetes negativas para o presidente Bolsonaro; extremamente irritado, Bolsonaro, com a capa do jornal Folha de S. Paulo nas mãos, gritou que os jornalistas daquele veiculo estão se portando com patifaria, mentindo.
"Canalha é um elogio para a Folha de S. Paulo", disse o presidente, a respeito da abordagem do jornal paulista sobre a troca de comando da Policia Federal e do superintendente do Rio de Janeiro. Os repórteres tentaram fazer perguntas, e Bolsonaro mandou-os "calarem a boca".
O entrevero não permitiu que houvesse destaque para assunto mais importante, o alerta feito pelo presidente sobre o fim do auxilio financeiro (600 reais) para 97 milhões de pessoas para compensar a paralisação da economia causado pela pandemia de corornavírus.
-- "Ainda não tivemos saques graças aos 600 reais, mas isso vai acabar mês que vem. Por isso precisamos voltar à atividade economica o mais rapido possivel, senão teremos problemas gravíssimos".
O alerta não sensibilizou os repórteres, mas foi o destaque do analista Renato Dias, do blog Rankingo dos Politicos, que mostrou que a crise só beneficia politicos do centrão, "que a cada entrevero sobem a régua do apoio às reformas que precisarão ser votadas no Congresso".
Bolsonaro diz que auxílio do governo evitou saques e se irrita com a "imprensa canalha"
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que só não há uma onda de saques no Brasil por causa do pagamento do auxílio emergencial de 600 reais pago pelo governo federal, mas alertou que a ajuda é limitada e a economia precisa voltar a funcionar, em um novo ataque a medidas de isolamento social para frear a disseminação do coronavírus.
Ao conversar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que o país está "chegando no limite".
"Chegou a um nível insustentável. O que está mantendo o Brasil longe de saques e violência são os 600 reais, mas daqui a dois meses acaba. Se a economia não voltar a funcionar até lá, teremos problemas seríssimos", disse Bolsonaro.
Irritado, Bolsonaro manda jornalistas calarem a boca
Na sequencia, Bolsonaro mandou repórteres calarem a boca, chamou a imprensa de "canalha" e insuflou seus apoiadores contra esses profissionais, ao mesmo tempo em que confirmou a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, mesmo negando que tivesse influenciado essa decisão.
Irritado pelas manchetes que apontavam sua influência na troca do superintendente, especialmente a do jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro chamou a imprensa de "canalha" e afirmou que a maioria só publicava "patifaria".
"Não tem nenhum parente meu investigado pela PF, nem eu nem meus filhos. O superintendente está indo ser o diretor-executivo. São 27 superintendentes e ele está indo ser o diretor-executivo. Se fosse desafeto meu e eu tivesse ingerência, não iria para lá. É o 02", reclamou Bolsonaro.
Quando os repórteres tentaram fazer perguntas, o presidente respondeu: "cala a boca".
"Cala a boca! Eu não te perguntei nada. Cala a boca!", gritou.
"Manchete canalha e vocês da mídia, grande parte tenham vergonha na cara, só publicam patifaria!", continuou.
Bolsonaro mostrou a capa da edição desta terça do jornal Folha de S.Paulo, cuja manchete faz uma relação entre a troca e o interesse dos filhos do presidente. "É uma manchete canalha e mentirosa e vocês da mídia, tenham vergonha cara. A grande parte publica patifaria."
Insuflados pelos ataques do presidente parte dos apoiadores de Bolsonaro, que ficam separados dos jornalistas por duas grades, aproveitou também para atacar a imprensa. "Mídia porca", "nojentos" e "lixo" eram gritados para os repórteres, mesmo depois de Bolsonaro deixar o local.
No domingo, durante manifestação a favor de Bolsonaro, jornalistas foram agredidos, empurrados e xingados por apoiadores do presidente. Nesta terça, Bolsonaro afirmou que houve um "superdimensionamento" do caso porque o interesse da imprensa é "nós tirar daqui".