A cúpula do PT acompanha atenta os movimentos do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), em direção ao PSD. Pesquisas internas mostram que o gaúcho tem potencial para roubar eleitores mais progressistas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
POR FÁBIO ZANINI
Os levantamentos numéricos feitos em janeiro não mostram nada muito diferente das demais pesquisas já divulgadas: Leite ainda patina abaixo dos 3% de intenção de voto, é pouco conhecido e tem baixa rejeição.
A preocupação surge nos questionários qualitativos. Eduardo Leite encarna a figura do bom moço, papel que o apresentador Luciano Huck acabou não desempenhando por desistir da disputa. Nessas pesquisas, o eleitor indica estar cansado de briga e da polarização e buscar mudanças, mas a partir de um político já experimentado.
As análises apontam ainda que boa parte do eleitorado não escolhe seus candidatos por convicção ideológica e, por isso, Leite teria o potencial de conseguir atrair aqueles que votam em Lula porque não querem o presidente Jair Bolsonaro, e vice-versa.
Leite congrega, ao mesmo tempo, bons índices de aprovação da sua gestão no Rio Grande do Sul, um estado conservador, e aceitação do eleitorado mais progressista. Por isso, a avaliação é de que se ele se firmar na corrida presidencial, pode, pela primeira, vez desidratar parcela significativa do eleitorado de Lula.
O entorno do ex-presidente aposta que se fosse no PSDB, um partido fragmentado, a presença do governador afetaria menos. No PSD, no entanto, a bancada expressiva, a capilaridade e o volume de recursos de fundo eleitoral e partidário assustam, ainda que a legenda não embarque de maneira integral na candidatura do gaúcho.