Há uma semana do início do recesso parlamentar, se complica ainda mais a situação dos candidatos à reeleição para os parlamentos federal e estadual, leia-se deputados federais e estaduais
Por Edson Rodrigues
O recrudescimento da situação tem como culpados única e exclusivamente a Câmara dos Deputados, em Brasília, que vem fazendo corpo mole, esperando que o TSE decida a questão, legislando no lugar do Legislativo, criando cotas e penduricalhos, como fez em eleições anteriores.
Dessa forma, as discussões sobre a reforma política ficaram para depois do retorno dos trabalhos legislativos, constituindo um prazo ínfimo para que as novas diretrizes se tornem válidas a tempo para as eleições 2022, pois terão que ser aprovadas quatro vezes, sancionadas e publicadas até o próximo dia 2 de outubro. Se for assim, não serão nem estudadas nem pesadas, muito menos analisadas e avaliadas como deveriam ser.
DIFICULDADES
As dificuldades para os detentores de mandatos tentar uma reeleição em 2022 serão consideravelmente maiores com a manutenção das regras atuais, por permanecerá a proibição das coligações proporcionais.
No Tocantins, são oito vagas para deputado federal em disputa, sendo que, na eleição passada, apenas o DEM conseguiu eleger dois deputados. Os outros seis deputados pertencem a partidos distintos. Agora, para as eleições de 2022, esses partidos têm dificuldades para a formação de chapas com candidatos que tenham potencial acima de oito mil votos.
Ninguém, ou quase ninguém, quer disputar um mandato de deputado federal por um partido que tenha um detentor de mandato concorrendo à reeleição. E dentro desses partidos não há nomes com boa capacidade de votos, o que os transforma em “partidos de um homem só”, ou seja, um partido nanico em nomes, por maior que seja em tradição.
Muitos desses partidos têm até sete prefeitos eleitos, mas ao juntar os votos recebidos nesses municípios, não conseguem chegar sequer aos 60 mil votos, o mínimo necessário para conseguir uma vaga na Câmara Federal – se o número de votos nulos, em branco e abstenções for alto. Caso contrário, esse mínimo sobre pra casa dos 70 mil votos por vaga.
DEPUTADOS ESTADUAIS
Já para os atuais deputados estaduais, a situação não é tão complicada quanto a dos deputados federais em relação á reeleição, mas nada para se comemorar com muita efusividade, pois os parlamentares federais levam larga vantagem na distribuição de recursos de emendas impositivas em relação aos estaduais, coisa que conta muito na hora da definição do voto.
Por outro lado, são os deputados estaduais que estão mais presentes no sai a dia dos municípios, que conhecem os eleitores pelo nome, assim como os vereadores e os principais líderes políticos e membros das legendas.
Nem por isso os deputados estaduais voarão em céu de brigadeiro durante a campanha pela reeleição, pois precisarão montar ou participar de chapas com bons nomes puxadores de voto e, dependendo do partido, terão que atingir níveis astronômicos de votação.
A opção mais tranqüila é compor as chamadas “chapinhas”, construídas com todos os ingredientes necessários para que o número de votos necessário para a eleição de seus membros seja o menor possível, em uma nova forma de participação na disputa eleitoral que pode resultar em grandes surpresas no abrir das urnas.
OS “PAPA-MANDATOS”
Pelo andar da carruagem, haverá, pelo menos, quatro boas “chapinhas” nas eleições de 2022, que já estão em plena construção por pré-candidatos a deputado federal e estadual, sempre em composições em que não existem candidatos em exercício de mandato.
Há apenas uma chapa que tem entre seus componentes um parlamentar com mandato que, segundo os analistas de plantão, já tem seus votos garantidos e não irá tirar votos ou incomodar qualquer outro candidato.
Essa situação é diferente dos chamados candidatos “papa-mandatos”, em que há, pelo menos, cinco correntes a deputado estadual, dentre eles três ex-prefeitos que já vêm plantando sementes em vários colégios eleitorais, trabalhando com discrição, no “estilo mineiro”, porém com muita assertividade em suas ações, que já deram resultados na última eleição municipal, criando nos Executivos que ajudaram a eleger, focos de votos que terão à sua disposição na hora de buscar os eleitores necessários para uma vitória para o parlamento estadual.
UM BOM CANDIDATO A GOVERNADOR, PUXADOR DE VOTO FARÁ A DIFERENÇA
Diante do acima exposto, todo e qualquer líder político, entre vereador e prefeito segue a tendência de dar preferência aos que lideram as pesquisas de intenção de votos para o governo, de acordo com a filosofia da “perspectiva de poder e suas benesses”.
Um candidato forte a governador que lidera as pesquisas de intenção de voto pavimenta apoios importantes para os candidatos a deputado federal e estadual. Essa sempre foi uma grande ponte para os candidatos chegaram mais facilmente a um número expressivo de votos, principalmente em um País com 32 partidos registrados no TSE.
Em outubro, três chapas com candidatos a governador, senador e deputados federais e estaduais devem provocar uma verdadeira pulverização de votos e, quanto maior a concentração de chapas, melhor tanto para os candidatos quanto para os eleitores, levando-se em conta que no Tocantins haverá, pelo menos, 12 partidos em condições de ter candidaturas a todos os cargos ou apoiando candidaturas majoritárias.
Mas, com o afunilamento partidário e a antecipação do processo eleitoral, todo cuidado é pouco, no Tocantins, principalmente para os candidatos proporcionais, em relação ao partido pelo qual ele disputará as eleições.
Por isso é melhor deixar para definir depois de outubro próximo, quando tudo estiver definido em relação á regras eleitorais. Mas, isso não quer dizer que é para ficar de braços cruzados e deixar para trabalhar a eleição depois de outubro, muito pelo contrário.
Os postulantes a deputado estadual e federal precisam ser vistos e notados de forma positiva pelos eleitores. Todos têm que interagir e articular, mas de uma forma que “uma mão não veja o que a outra está fazendo”, ou seja, com discrição e bastante cuidado para não botar tudo a perder por conta de pequenos pecados eleitorais.
O SUCESSO DOS CANDIDATOS A SENADOR
Apesar de ser considerada uma vaga proporcional, a candidatura a senador precisa ser tratada como majoritária, principalmente no que diz respeito ao marketing político, haja vista o voto não estar umbilicalmente ligado às disputas regionais, podendo receber votos de todas as vertentes políticas.
Aqui, da Capital da Cultura Tocantinense, nosso observatório político de O Paralelo 13 percebe que, pelo desenrolar dos fatos, pode haver três candidatos fortes a senador, para apenas uma vaga em disputa. Logo, ainda é cedo para detectar a tendência do eleitorado, pois ainda não está claro quem serão esses candidatos.
Porém, aquele que estiver com uma ótima estrutura eleitoral e política para desenvolver sua campanha, com cacife para garantir o máximo de candidatos a deputado federal e estadual, e ao lado de um candidato a governador que seja “puxador” de votos, terá grandes chances de freqüentar os corredores do Senado pelos próximos oito anos.
Disso, não temos dúvidas, e podemos até indicar o alfaiate para fazer o terno ou o vertido para a posse.
Por enquanto, é só!