Manifestantes vestidos com camiseta da Seleção Brasileira quebraram dezenas de carros estacionados em frente ao prédio da corporação
Por Marcus Rodrigues
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir, na noite desta segunda-feira (12/12), a sede da Polícia Federal, na Asa Norte, em Brasília.
Com integrantes vestidos com camiseta da Seleção Brasileira, o grupo danificou dezenas de carros que estavam estacionados nos arredores do prédio da corporação. Alguns, inclusive, chegaram a ser incendiados. Um ônibus com motorista dentro chegou a ser incendiado. Por sorte, ele conseguiu descer antes de o veículo ser totalmente consumido pelo fogo. Pelo menos cinco ônibus foram incendiados.
Alguns bolsonaristas justificaram o ato alegando que agentes da PF “prenderam injustamente um indígena”. O Metrópoles apurou que é o Cacique Tserere, um líder de um grupo indígena Xavante apoiador de Bolsonaro. Bastante conhecido entre aqueles que estão há dias no QG do Exército pedindo intervenção militar, ele faz os discursos mais inflamados contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Vídeos mostraram alguns dos manifestantes armados com pedaços de paus correndo em direção à sede da Polícia Federal. Um homem dizia que ônibus com mais bolsonaristas chegariam para reforçar o ato antidemocrático. Um deles, muito exaltado, gritava: “Eu posso morrer aqui hoje, não tem problema, não”. A reportagem flagrou manifestantes jogando pedras em viaturas e policiais.
Diante do clima tenso, a corporação pediu reforço, a fim de impedir a destruição do prédio. A Polícia Militar do DF (PMDF) usou spray de pimenta e bombas de gás para espantar o grupo. Com o conflito, os arredores da PF aparentavam clima de batalha, com pedaços de paus e pedras espalhados por todos os lados. Por conta do cenário de guerra, a W3 Norte precisou ser fechada na altura do Brasília Shopping. O centro comercial, inclusive, precisou ser evacuado em função do ambiente hostil.
Apesar de inúmeras imagens flagrando criminosos depredando equipamentos públicos e privados, até a última atualização deste texto, a PMDF não informou se alguém havia sido preso durante os atos de violência que aterrorizaram quem passava pela região central da cidade.
Em coletiva de imprensa, o secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, prometeu “reavaliar a questão da manutenção do acampamento” bolsonarista instalado em frente ao QG do Exército, pois segundo ele, parte dos vândalos faz vigília no QG.
Ibaneis promete prender vândalos
Diante do caos instalado na cidade, governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou à Grande Angular que iria “reforçar o policiamento e prender os vândalos”. Os bolsonaristas que participam da ação violenta em Brasília ainda cometeram um atentado contra a 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte).
Os vândalos quebraram a vidraça da entrada da delegacia e depredaram uma viatura. O órgão da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) fica nas proximidades do prédio da PF, alvo de tentativa de invasão.
Rastro de terror
Grupos de manifestantes mais violentos se espalharam pelos arredores da sede da PF deixando um rastro de destruição. Lixeiras, vasos de plantas, cones e pedaços de concreto foram colocados no meio das vias para fazer barricadas.
Após destruírem parte da delegacia na região central, os criminosos seguiram até uma unidade do McDonald’s e quebraram as vidraças. Em um ato de ousadia, um grupo espalhou botijões de gás pelas vias perto da rede de fast-food.
Com o uso de bombas de efeito moral, a Polícia Militar (PMDF) conseguiu dispersar os manifestantes, que seguiram em direções variadas. Uma parte deles subiu a via de acesso ao Eixo Monumental ateando fogo em carros e depredando o que viam pela frente. Por volta das 23h, os vândalos de verde e amarelo voltaram a se concentrar perto da sede da PF. Eles sentaram no asfalto e gritavam: “Liberem o Tserere que a gente vai embora”.
A Polícia Federal gravou um vídeo em que o cacique pede que os manifestantes não cometam atos de vandalismo. Um advogado foi até o grupo que bloqueou a via e tentou negociar até por volta das 23h30. Cerca de uma hora depois, o grupo começou a dispersar e o movimento perdeu força.