Porto Nacional, aos 13 dias do mês de junho de 2020
Por Edson Rodrigues
Poucas figuras públicas têm a sensibilidade e a grandeza de reconhecer atos equivocados. A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, ao perceber a falha em seu decreto de criação do Comitê Municipal de Igrejas Cristãs, imediatamente revogou seu próprio ato, não sem, antes, absorver as críticas e efeitos colaterais negativos de parte da sociedade.
Reza a Constituição que o estado é laico, ou seja, não pode estar atrelado a nenhuma vertente religiosa e, assim que o decreto foi publicado, claro, gerou polêmica e reações dos demais segmentos religiosos e críticas de políticos oposicionistas.
Com a revogação do decreto, Cinthia Ribeiro desfaz o erro, demonstra sua sensibilidade, mas não interrompe as reações contrárias, inclusive do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, NDDH, que recomendou a realização de Seminário Municipal sobre Respeito à Diversidade e Liberdade Religiosa, com cursos e capacitações para servidores municipais, a fim de que sejam abordadas a hierarquia e prevalência dos direitos humanos, incluindo rodas de conversa que contemplem a participação de lideranças de todas as organizações religiosas registradas pelos órgãos regulatórios municipais.
Acreditamos que o ato e suas consequências, tenham criado em Cinthia Ribeiro a consciência de que nem tudo o que é elaborado por sua equipe de assessores, deve ser transformado em decreto e que nunca é tarde para um gestor reconhecer seus erros.
Cinthia deixa um exemplo de humildade e deve convocar, para breve, uma reunião com representantes de todas as vertentes religiosas praticadas na Capital para elaborar uma ação conjunta, envolvendo a todos, nos moldes do Conselho natimorto.
SUCESSÃO MUNICIPAL
Já que está em busca da sua reeleição, Cinthia precisa evitar ao máximo esses desgastes desnecessários, como aconteceu, também, com a Lei Seca. Todo descuido e todo desconforto junto a qualquer parcela da população devem ser evitados.
Mesmo acreditando que a prefeita tendo boa fé em suas ações, ela não pode deixar de analisar com muito cuidado, junto com sua equipe política, o que a sua equipe técnica propõe, pois nem todo técnico é político, e vice-versa.
E esse cuidado deve ser aumentado ainda mais após as convenções partidárias, quando os adversários políticos terão nome, sigla e grupo para chamarem de seus e poderão assumir um viés mais bélico, usando todo e qualquer ponto vulnerável que a prefeita possa expor, como arma política.
VIDRAÇA
Cinthia Ribeiro lidera todas as pesquisas de intenção de voto encomendadas, até agora, para consumo interno dos partidos, mas essa liderança pode ser efêmera, ao se conhecerem os nomes dos reais candidatos, após as Convenções. Acontecimentos como a criação desse “Conselho” e o fato de a prefeita estar com a “máquina administrativa” nas mãos, podem se transformar em “pedras” potentes a serem lançadas contra a “vidraça” que essa liderança representa. Por isso, todos os erros devem ser evitados. A qualquer custo.
O jogo eleitoral só começa, pra valer, em agosto, mas as armas e armadilhas j´s estão sendo preparadas desde há muito tempo.
Fica a dica!