Entre os recados de Lula estão a manutenção da candidatura de Haddad em SP e a adequação do PSB nos estados onde o PT lançará governadores
Por Edoardo Ghirotto
O ex-presidente Lula deixou algumas recomendações para a direção do PT antes de tirar férias no litoral paulista. O principal recado foi para manter a intransigência da sigla em relação à candidatura de Fernando Haddad ao governo de São Paulo.
Lula deixou claro para os petistas que não abrirá mão do palanque de Haddad no maior colégio eleitoral do país. O ex-presidente está convicto de que o ex-prefeito vencerá a disputa caso Geraldo Alckmin aceite o convite para ser o vice na chapa presidencial.
A candidatura de Haddad é um dos motivos que prejudicaram a relação entre o PT e o PSB. Os socialistas esperavam que a abertura para filiar Alckmin e transformá-lo em vice de Lula seria recompensada com o apoio dos petistas em alguns estados, incluindo São Paulo. O PSB quer lançar o ex-governador Márcio França na disputa estadual.
Outra recomendação de Lula está diretamente ligada ao PSB. O ex-presidente afirmou que o PT não abrirá mão das candidaturas aos governos da Bahia, do Rio Grande do Norte, do Sergipe e do Piauí. Lula quer uma avaliação nos estados para entender qual é a postura do PSB em cada um deles e o que terá de ser feito para os socialistas apoiarem os candidatos a governador do PT.
Lula terá outras questões para resolver quando retomar os trabalhos. O ex-governador Zeca do PT insiste que será o candidato do partido ao governo de Mato Grosso do Sul, e o ex-reitor Wolmir Amado colocou o nome à disposição para concorrer em Goiás. A direção nacional, no entanto, não decidiu se entrará na briga por esses estados.
Lula e Ciro prestam solidariedade a Márcio França, alvo de operação policial. Polícia Civil de SP cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-governador desde a manhã desta quarta-feira (5/1)
Com Argências
O ex-presidente Lula (PT) prestou solidariedade ao ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB), alvo de uma operação da Polícia Civil de São Paulo nesta quarta-feira (5/1). A iniciativa, denominada Raio X, apura crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro no âmbito de contratos na área da saúde.
No Twitter, Lula afirmou que a Constituição Federal “é clara sobre a presunção de inocência” e que a investigação precisa garantir direito de defesa a França. O ex-chefe do Executivo federal lembrou que 2022 é ano de eleições e não se deve haver “espetáculos midiáticos desnecessários contra adversários políticos”.
Nossa constituição é clara sobre a presunção de inocência. Que se investigue tudo, mas com direito de defesa e sem espetáculos midiáticos desnecessários contra adversários políticos em anos eleitorais. Minha solidariedade para @marciofrancasp
— Lula (@LulaOficial) January 5, 2022
Os mandados de busca e apreensão são cumpridos em São Paulo, Baixada Santista, Araçatuba, Bauru, Campinas e Presidente Prudente. O Ministério Público estadual (MPSP) e a Corregedoria Geral da Administração acompanham a ação policial.
Ciro Gomes sai em defesa de Márcio França: "Vivemos tempos estranhos"
Ciro Gomes (foto) declarou solidariedade ao ex-governador de São Paulo Márcio França, alvo de uma operação da Polícia Civil nesta quarta-feira (5). A investigação apura um suposto esquema de desvio de recursos da área da saúde.
No Twitter, Ciro (PDT) disse que “vivemos tempos estranhos”.
“Caro Márcio França, vivemos tempos estranhos neste país quando o jogo dos interesses políticos atropela normas e códigos. Conte com a minha solidariedade.”
No mês passado, o pedetista foi alvo de uma operação da Polícia Federal, em uma investigação que apura fraudes e pagamentos de propina na obra do estádio do Castelão. Na ocasião, ele disse estar sendo alvo de perseguição política.
Mais cedo, outros integrantes do PDT declararam apoio a Márcio França.
Ideia também conta com o apoio da maioria dos diretórios estaduais da sigla; união entre partidos foi aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral para as eleições de 2022
Por André Siqueira
Em uma reunião nesta terça-feira, 3, a bancada do PSB na Câmara dos Deputados definiu uma posição favorável à formação de uma federação partidária com o PT e o PCdoB. A decisão, confirmada à Jovem Pan pelo deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE), que exerceu o posto de líder do partido até dezembro do ano passado, já foi comunicada à direção nacional do partido, presidido por Carlos Siqueira. Segundo apurou a reportagem, 24 dos 25 parlamentares que participaram da reunião foram a favor da proposta – na Câmara, a sigla é representada por 30 deputados federais. A articulação também conta com o apoio da maioria dos diretórios locais: dos 26 presidentes estaduais, 21 aprovam a ideia. As federações foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições de 2022 e permitem que dois ou mais partidos se unam para atuar como uma só agremiação durante um período mínimo de quatro anos em todas as eleições nas esferas municipal, estadual e federal. A união deve ser formalizada até abril deste ano.
As tratativas ocorrem em meio às negociações entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin para a composição de uma chapa para as eleições presidenciais de outubro deste ano. Alckmin deixou o PSDB em dezembro, após 33 anos na sigla, e recebeu o convite do PSB. À Jovem Pan, o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, afirmou que o agora ex-tucano “só não vem se não quiser”. “Conversamos muito, disse que ele [Alckmin] só tem amigos no PSB. Se quiser vir, o partido está à disposição. É só avisar. Entreguei a ficha [de filiação] para ele. Só não vem se não quiser”, disse. O dirigente partidário se reuniu com o ex-gestor paulista no último dia 19, horas antes do jantar promovido pelo grupo Prerrogativas, ocasião em que Lula e Alckmin apareceram publicamente juntos pela primeira vez desde o início das conversas que vinham ocorrendo nos bastidores.
Apesar da sinalização positiva da bancada do PSB na Câmara e da maioria dos diretórios estaduais, petistas e pessebistas precisam aparar arestas regionais. Como a Jovem Pan mostrou, para que a composição da chapa entre Lula e Alckmin se concretize, o PSB faz algumas exigências aos petistas, entre elas, que Haddad abra mão da candidatura ao governo de São Paulo para apoiar Márcio França e concorrer ao Senado – a hipótese, ao menos por ora, é rechaçada pela cúpula do PT. A cúpula do Partido Socialista Brasileiro também espera receber o apoio do Partido dos Trabalhadores em outros quatro Estados: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Pernambuco. Este quadro já havia sido apresentado a Lula em outubro, quando o ex-presidente se encontrou com dirigentes e parlamentares da legenda.
O governador em exercício Wanderlei Barbosa chega ao ano de 2022, ano das eleições estaduais, com um orçamento “virgem”, aprovado pela Assembléia Legislativa e sancionado por ele próprio, 100% ao seu gosto, sem nenhum empecilho no parlamento estadual.
Por Edson Rodrigues
Ao chegar ao governo, após o afastamento de Mauro Carlesse pelo STJ, Wanderlei encontrou um Estado com sua economia equilibrada e com quase dois bilhões de reais nos cofres públicos.
Sua primeira decisão como governador foi fazer justiça com os servidores públicos estaduais, com o Igeprev, fornecedores e prestadores de serviço e seu último ato de 2021 foi o de auxiliar os tocantinenses impactados pelas enchentes, com distribuição de cestas básicas, kits de higiene e recuperação de estradas.
Tudo muito bem pensado, bem intencionado e bem realizado, sem nenhuma vírgula a ser contestada.
OS ENTRAVES A SEREM VENCIDOS
Agora, neste início de 2022, Wanderlei Barbosa precisa tornar públicas suas metas para o último ano de mandato, mesmo com a previsão do afastamento de Mauro Carlesse ser apenas até abril, pois já há ato jurídico para torná-la definitiva. Por isso, Wanderlei tem que ter um plano de trabalho até o fim do mandato, mesmo com a possibilidade mínima de ter que devolver o cargo em abril.
Vale lembrar que Carlesse foi afastado por estar interferindo e dificultando as investigações contra si, mas ainda não é réu em nenhum processo, muito menos tem condenação transitada em julgado. É importante, também, ressaltar, que corre um processo de impeachment contra Carlesse na Assembleia Legislativa, aprovado por maioria absoluta e que está em pleno transcorrer do rito processual.
Wanderlei Barbosa
Com o decorrer das investigações e com a juntada das informações obtidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, é bem provável que o impeachment seja aprovado, afastando as chances de uma volta via STJ ou STF.
Portanto, é mais certo que Wanderlei permaneça no cargo de governador até dezembro que a volta de Carlesse em abril. Por isso, é de suma importância que Wanderlei se atente para os obstáculos políticos que deve enfrentar.
O principal desses obstáculos é a decisão sobre por qual partido ele se candidatará a uma reeleição, uma decisão que não será nada fácil anta à insegurança política imposta pela implementação das Federações Partidárias, que obrigarão os diretórios estaduais a seguirem as decisões das cúpulas nacionais das legendas, sem respeitar a história política dos estados, em que há partidos que preferem não concorrer à eleição do que se coligar a um adversário tradicional.
ASSEMBLEIA X KÁTIA ABREU
O Observatório Político de O Paralelo 13, em conversas reservadas com alguns parlamentares de partidos variados, detectou um clima de desconforto em relação a formarem palanque com a senadora Kátia Abreu. Foi muito lembrado que nas últimas eleições estaduais tanto a senadora quanto seu filho o também senador, Irajá Abreu, evitaram aproximação com a maioria dos deputados detentores de mandatos, assim como fizeram nas eleições municipais passadas, quando mantiveram distância dos deputados estaduais.
Deputados eataduais em posse
Ficou denotado que os deputados estão unidos e, no momento certo, tomarão uma decisão “em manada” até o dia dois de abril, último dia para mudarem de partido sem perder seus mandatos, e anunciar com quem estarão ombreando nas eleições estaduais.
Outra pergunta ainda sem resposta é se Kátia ficará com o comando estadual do PP. O Observatório Político de O Paralelo 13 colheu informações que levam a uma enorme interrogação acerca desse fato, uma vez que depois de servir um jantar para 42 senadores em sua residência, na véspera da votação da indicação do Senado para uma vaga vitalícia de ministro no Tribunal de Contas da União, a senadora tocantinense foi “tratorada” e humilhada sem dó pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo presidente nacional do PP, ministro-chefe da Casa Civil do governo Federal, Ciro Nogueira.
Aqui no Tocantins, damos à atitudes como a tomada por Ciro Nogueira o nome de “trairagem”, algo bem mais sórdido que apenas uma covardia, ainda mais com uma senadora da República, com um passado ilibado de bons serviços prestados ao Brasil e ao Tocantins.
Além disso, nosso Observatório Político recebeu informações de que o Presidente Jair Bolsonaro já tem o seu candidato ao Senado, pelo PP, no Tocantins, e ele não é a senadora Kátia Abreu.
Logo, são fortes as chances do comando do PP ser retirado das mãos da senadora e entregue a um grupo de políticos, detentores de mandatos.
CONCLUSÃO
Diante do quadro de instabilidade política, mostrado acima, provocado por diversos fatores, e que deve durar até o dia dois de abril, a “metamorfose ambulante” político-partidária afeta não só o governador em exercício, Wanderlei Barbosa, candidatíssimo à reeleição, com chances reais de reeleição, como também a maioria dos grandes nomes políticos do Tocantins, que têm pretensões para as eleições de outubro próximo.
Wanderlei tem o “fantasma” de Carlesse ainda em seu encalço, mas com grandes chances de ser “cancelado” ou pelo poder Judiciário ou pelo Legislativo, e a necessidade de se encaixar em um partido que lhe dê chances de ser competitivo.
Já Kátia Abreu tem uma série de “nós para desatar”, até descobrir um palanque com bons nomes para lhe acompanhar em suas pretensões políticas, sempre lembrando que em política, tudo pode acontecer, na mesma proporção em que pode, também, não acontecer....
“DIRETO DA FONTE”
(I) FILIAÇÃO E AS FEDERAÇÕES PARTIDÁRIAS
Os deputados estaduais Luana Ribeiro e Olinto Neto terão que “alçar vôo” do ninho tucano tocantinense. Comandado pela prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, que está em ascensão popular vertiginosa, o PSDB tocantinense dificilmente terá lugar para os dois deputados estaduais, que não se bicam com Cinthia.
Luana e Olinto, dois deputados estaduais bem avaliados e com patrimônio políticos, terão que achar uma vaga em outra ou outras legendas, o que não será difícil, pois têm reeleição praticamente garantida.
(II) SE A SENADORA KATIA ABREU PERDER O COMANDO DO PP...
Como já informamos, a permanência de Kátia Abreu no PP é praticamente insustentável e, segundo nossa fonte, o caminho mais fácil para a senadora disputar uma reeleição é o PSD, quem tem o seu filho, também senador, Irajá Abreu, como presidente estadual, ou o PDT, último partido de Kátia ante de migrar para o PP.
O PDT, por sinal, está na base de apoio ao governador em exercício Wanderlei Barbosa, com quem a senadora tem ótimo relacionamento, e tem como presidente estadual exatamente o secretário de Governo de Wanderlei, Jairo Mariano, ex-prefeito de Pedro Afonso e ex-presidente da ATM, um político de prestígio no Estado e no governo Wanderlei Barbosa.
(III) HÁ RISCO DE CARLESSE VOTAR AO GOVERNO?
Mauro Carlesse se filia ao PSL
Há um silêncio muito grande nas hostes de Mauro Carlesse, afastado, a priori, até o mês de abril, do governo do Estado. Seus advogados e simpatizantes assumiram as “posições dos macaquinhos”: não vêem nada, não escutam nada e, principalmente, não falam nada, nos últimos 12 dias.
Há rumores de que estão trabalhando uma peça jurídica de peso, a ser inserida em um pedido de liminar ao STF, que facilitaria seu retorno.
O pedido de liminar deve ser protocolado ainda esta semana junto ao STF.
(IV) DEPUTADOS ESTADUAIS TERÃO DECISÃO CONJUNTA
Deputado Antonio Andrade presidente da ALETO
O nome é meio pejorativo, mas é o correto quando se fala em ações tomadas por grupos de indivíduos que tomam uma mesma direção. Estamos falando do “efeito manada”, a ser observado na Assembleia Legislativa, sob a batuta do presidente da Casa, deputado Toinho Andrade, para a definição do apoio da maioria dos parlamentares a uma candidatura em outubro de 2022.
A tendência é que o grupo caminhe junto com o governador Wanderlei Barbosa. A única possibilidade de divisão entre os parlamentares depende de qual será o posicionamento de Barbosa em relação à senadora Kátia Abreu, rompida, politicamente, não só com Toinho Andrade como com a maioria dos deputados estaduais.
A se observar!
Haverá razão maior para justificar a aliança dos dois do que livrar o país de Bolsonaro?
Por Ricardo Noblat
Se Lula emite sinais de que se inclina para a esquerda, apanha dos que não gostam disso e têm lá suas razões para não gostar. Geralmente, são eleitores de direita que para disfarçar se apresentam como se de direita não fossem, mas de centro.
Por sinal, está para ser descoberta uma métrica capaz de estabelecer com precisão a que distância da direita e da esquerda deve se posicionar um eleitor digno de ser identificado como de centro. Eleitor de centro seria mais isento do que os outros?
Se Lula emite sinais de que se inclina para a direita, apanha do mesmo jeito, e dos que antes o criticavam por pender para a esquerda. Não seria mais honesto admitir que Lula os desagrada mesmo se coberto de ouro e que desejam vê-lo aposentado?
Imaginaram que ele não sairia tão cedo da prisão, e que se saísse não teria tempo para voltar. Era um ficha suja inelegível até quase o fim da vida. Mas aí o Supremo Tribunal Federal concluiu que o ex-juiz Sérgio Moro foi parcial ao condenar Lula, e ele voltou.
Para essa gente, até outro dia, Geraldo Alckmin tinha as qualidades e fazia por merecer governar São Paulo pela quinta vez. Antes ele do que Fernando Haddad e Guilherme Boulos, candidatos do PT e do PSOL, e Rodrigo Garcia, do PSDB.
Verdade que em 2018, Alckmin não conseguiu mais do que 5% dos votos válidos para presidente da República, mas a culpa não fora dele e sim de Bolsonaro que galvanizara o sentimento antipetistas dos eleitores. Era uma escolha difícil entre Bolsonaro e Haddad…
Uma vez que Alckmin parece atraído pela chance de ser vice de Lula, virou saco de pancada. Dele agora se diz que não deveria ser vice porque nada acrescenta a Lula; e que se virar e Lula se eleger, será um um vice-presidente decorativo como Temer foi de Dilma.