Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
No complexo xadrez da política, poucas regras são tão imutáveis quanto a da lealdade e da hierarquia. A exoneração de Carlos Amastha (PSB) do cargo de Secretário de Zeladoria Urbana de Palmas, oficializada na tarde desta quinta-feira, 24, pelo prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos), não foi um ato impulsivo, mas o clímax de uma crise de confiança que se tornara insustentável. Para o prefeito, não restou alternativa senão por fim ao impasse evitando desconforto que minava a coesão de sua equipe.
O episódio evoca a máxima de um velho mestre da política brasileira, Tancredo Neves: "nunca nomeie um auxiliar que você não possa demitir". Eduardo Siqueira Campos, político experiente com passagem pelo Congresso Nacional, demonstrou ter aprendido a lição. A permanência de Amastha, que já não gozava da confiança do Paço, representava uma anomalia na gestão. A decisão, portanto, foi um ato de reafirmação de autoridade.
Apesar da tentativa de Carlos Amastha de controlar a narrativa, distribuindo à imprensa uma carta com data de 23 de julho, onde negava conspirações e cogitava deixar o cargo, o Diário Oficial é soberano. A exoneração não foi "a pedido". Foi uma demissão. Amastha foi convidado a se retirar, um movimento que expõe a fragilidade de sua posição e o fracasso de sua estratégia de antecipação.
O Observatório Político do Paralelo 13 resgata uma lição que, embora antiga, permanece e parece ter sido o guia do prefeito. Seja em Maquiavel ou na sabedoria popular da política, um líder não pode permitir que um subordinado construa um poder paralelo às suas custas. A tolerância excessiva com a autopromoção de um auxiliar é o primeiro passo para a erosão da própria autoridade. A decisão de Eduardo Siqueira Campos foi, em essência, uma aplicação prática deste princípio. Na administração pública, assim como no campo de batalha, não há espaço para vaidades que ofusquem o comando central.
Agindo como Pré-candidato
Os sinais do desalinhamento eram evidentes e ruidosos, especialmente nas redes sociais. Fontes do segundo escalão da prefeitura já relatavam o profundo incômodo com o comportamento de Carlos Amastha. Agindo como um pré-candidato a deputado em plena vigência do cargo, o então secretário promovia as obras e feitos da gestão, praças limpas, ruas recuperadas, como se fossem fruto de seu esforço pessoal e exclusivo.
Clicando na imagem você poderá ver o vídeo no Instagram
Nos vídeos e postagens, uma ausência era notória e sintomática a do prefeito Eduardo Siqueira Campos. Ao omitir o nome do gestor maior, Amastha tentava converter o capital político da administração municipal em capital eleitoral próprio, uma manobra que, para qualquer observador atento, soava como um claro projeto de poder individual. Ele não se portava como um membro da equipe, mas como o próprio feitor, pavimentando seu caminho para 2026 com os recursos e a visibilidade do presente.
A queda de Amastha serve de lição para toda a classe política tocantinense. Demonstra que a visibilidade de um cargo público é um empréstimo concedido pelo chefe do Executivo, e a tentativa de convertê-lo em propriedade privada costuma ter um preço alto. Para Eduardo Siqueira Campos, foi uma demonstração de força. Para Carlos Amastha, o retorno à Câmara de Vereadores será o início de um novo, e certamente mais desafiador, capítulo político.
Em Goiás e São Paulo foram lançadas linhas de crédito para empresas afetadas por tarifas, enquanto diplomacia brasileira tenta reverter sanção dos EUA
Por Hariane Bittencourt
Durante encontro com empresários, o governador do Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), anunciou nesta terça-feira (22) a criação de três fundos estaduais para apoiar empresas goianas afetadas pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos. Uma das principais medidas prevê a liberação de R$ 314 milhões em créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
“Vamos continuar buscando o diálogo. Não há motivo para nossos setores serem penalizados, sempre fomos parceiros do governo americano”, afirmou Caiado.
Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também anunciou uma linha de crédito de R$ 200 milhões para apoiar empreendedores impactados pelas novas tarifas americanas.
Enquanto os estados atuam no plano econômico, o governo federal mantém sua aposta na negociação diplomática. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou nesta quarta-feira (23) que diplomatas brasileiros têm nove dias para reverter a tarifa de 50%, que entra em vigor no dia 1º de agosto.
“Estamos conversando com diversos setores do governo americano. A intenção é estreitar a relação e mitigar os danos econômicos”, afirmou o senador Nelsinho Trad, que preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O chanceler também se reuniu com os oito senadores que embarcam na próxima segunda-feira (29) para os EUA. A missão buscará interlocução direta com congressistas e empresários norte-americanos.
Setores em alerta
Nesta quarta-feira(23), o vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu com representantes do setor farmacêutico, que demonstraram preocupação com uma possível suspensão de direitos de propriedade intelectual, como as patentes.
+Na OMC, Brasil critica tarifas de Trump: "arbitrárias e implementadas de maneira caótica"
O agronegócio brasileiro também está em alerta. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) destacou que, em 2024, o Brasil exportou US$ 12 bilhões em produtos agropecuários para os EUA. Com as novas tarifas, os exportadores temem um aumento de até 50% no preço final dos produtos, o que poderia tirar a competitividade do país no mercado norte-americano.
O ex-presidente Michel Temer voltou a se manifestar sobre o tema, classificando a medida de Trump como “injustificáveis e inadmissíveis”. Ele também criticou a revogação dos vistos de ministros do STF por parte do governo americano e defendeu o diálogo diplomático como solução para a crise.
Partido pagou R$ 2,3 milhões à empresa do marqueteiro e da esposa, condenados na Lava Jato
Por Marina Verenicz
O PT quitou uma dívida antiga com o marqueteiro João Santana e sua sócia e esposa, Mônica Moura, referente à campanha de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014. O pagamento, feito em maio deste ano, pôs fim a uma disputa judicial que se arrastava desde 2018. A informação foi confirmada pelo jornal O Globo.
Segundo a prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral, o diretório nacional do partido transferiu R$ 2,3 milhões em um único depósito à empresa Polis Propaganda e Marketing, do casal. O valor corresponde à maior parte de um acordo judicial homologado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF).
“Todos os pagamentos foram declarados à Justiça Eleitoral e à Justiça do DF, que arquivou a demanda por restar satisfeita a obrigação”, afirmou o PT, em nota.
Dívida de campanha
A Polis entrou com ação na Justiça em 2018 cobrando valores devidos pela campanha de Dilma em 2014. Naquele mesmo ano, o PT foi condenado a arcar com a dívida, que acumulava R$ 9 milhões, segundo cálculos atualizados. O partido recorreu por anos.
Em abril de 2025, as partes fecharam um acordo extrajudicial reduzindo o valor da dívida para R$ 4 milhões. Desse montante, R$ 2,3 milhões foram quitados à vista e o restante será pago em cinco parcelas mensais. Após o pagamento inicial, a defesa de Santana e Moura pediu a extinção do processo.
Lava Jato, delações e anulações
João Santana foi um dos principais marqueteiros do PT, responsável pelas campanhas de reeleição de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014). Ele e Mônica Moura foram presos em 2016 na 23ª fase da Operação Lava Jato, sob acusação de lavagem de dinheiro e recebimento de caixa dois em campanhas eleitorais.
Condenados, ambos fecharam acordo de delação premiada em 2017, devolveram cerca de R$ 80 milhões e cumpriram pena nos regimes fechado e semiaberto, com tornozeleira eletrônica e prestação de serviços comunitários.
As duas sentenças contra o casal foram anuladas nas instâncias superiores, com base no entendimento de que os processos deveriam tramitar na Justiça Eleitoral, e não na Federal. Em 2024, o ministro Dias Toffoli, do STF, também invalidou as provas usadas contra Santana e Moura oriundas da colaboração da Odebrecht.
Por Edson Rodrigues
O Observatório Político de O Paralelo 13 faz uma análise minuciosa e atualizada do cenário político tocantinense para as eleições de 2026, com destaque para a disputa ao Senado, que já se desenha como a mais acirrada da próxima corrida eleitoral. Com duas vagas em jogo, a eleição vai exigir dos candidatos mais do que votos consolidados, vai exigir articulação, infraestrutura robusta e habilidade para formar alianças improváveis.
Apoio de prefeitos não é garantia, mas pesa
Nos bastidores, observa-se um cenário confuso e fragmentado. Prefeitos que apoiam determinados pré-candidatos ao governo, por exemplo, dividem seus apoios ao Senado entre diferentes grupos. Há casos em que os chefes do Executivo municipal endossam nomes que sequer estão na chapa majoritária do candidato a governador que escolheram apoiar.
Isso evidencia que, embora influentes, prefeitos não têm o poder absoluto de definir o sucesso de uma candidatura ao Senado neste momento. Esse peso só se consolidará após convenções, registros e homologações. Até lá, os pré-candidatos continuarão mapeando redutos eleitorais e tentando costurar dobradinhas inteligentes, inclusive entre adversários, mirando especialmente o “segundo voto”, que será determinante para a definição da segunda vaga.
Além da habilidade política, os nomes mais competitivos deverão dispor de estrutura logística e recursos financeiros suficientes para manter uma campanha robusta em todo o estado.
Nomes no tabuleiro
A senadora Dorinha Seabra (União Brasil) já assumiu publicamente sua pré-candidatura ao Governo e trabalha com os nomes dos deputados federais Carlos Gaguim (União Brasil) e Vicentinho Júnior (PP) para o Senado. Ela articula uma aliança partidária sólida, apostando em um arranjo político com base, experiência e presença nacional.
Do lado governista, o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres (PSD), também é pré-candidato ao Governo, deve contar com a candidatura à reeleição do senador Eduardo Gomes (PL).
Eduardo Gomes é líder em liberação de recursos federais para os municípios tocantinenses, tem apoio dos prefeitos dos principais colégios eleitorais, tem apoiado os municípios médios e pequenos sem arestas com nenhum outro partido político. As últimas pesquisas para a vaga de senador, Gomes aparece em segundo lugar, sendo o primeiro colocado o governador Wanderlei Barbosa. A segunda vaga, na chapa de Amélio Cayres segue indefinida, mas poderá ser ocupada por Alexandre Guimarães (MDB), caso o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) opte por não entrar na disputa.
A possível candidatura de Wanderlei Barbosa ao Senado é um fator de peso. Com mais de 85% de aprovação popular e um pacote de obras estimado em R$ 900 milhões até o fim do ano, o governador é um nome competitivo. Caso renuncie ao mandato para concorrer, transfere o comando do Executivo ao vice, que passa a dispor de toda a máquina pública, orçamento e cargos, transformando-se automaticamente em um novo polo de poder. Isso enfraqueceria o projeto de Cayres e abriria espaço para candidaturas como a de Laurez Moreira (PDT), que seria o novo governador.
Laurez Moreira, atual vice-governador e ex-prefeito de Gurupi, trabalha discretamente na consolidação de sua pré-candidatura ao Governo. Ainda sem nomes definidos para o Senado, articula com partidos de centro-esquerda e mantém boa margem de manobra para futuras composições.
Do lado petista, Paulo Mourão aguarda o resultado do segundo turno da eleição interna do PT, marcada para 27 de julho. Se o grupo aliado a ele vencer, Mourão ganha legitimidade para conduzir a estratégia do partido rumo a 2026. Uma eventual fusão com o PDT não está descartada, caso um dos dois nomes (ele ou Laurez) não decole nas pesquisas. A união entre PT e PDT, embora improvável hoje, é considerada possível por interlocutores dos dois lados.
Por outro lado, Mauro Carlesse, ex-governador, ainda sem partido, chegou a ensaiar um retorno à política, mas se recolheu. Segundo avaliação do Observatório, uma candidatura ao Senado ou ao Governo é improvável. Caso retorne, o caminho mais viável seria uma candidatura à Assembleia Legislativa.
Palácio Araguaia
A permanência ou não de Wanderlei Barbosa no cargo até o fim do mandato é o ponto mais sensível da sucessão. Se decidir permanecer, fortalece Amélio Cayres, seu pré-candidato ao Governo, que se tornará o nome oficial do Palácio Araguaia com apoio institucional, acesso à máquina, influência entre os deputados estaduais e respaldo de prefeitos. Com isso, o projeto governista ganha musculatura, podendo até mesmo vencer no primeiro turno.
Mas se optar por disputar o Senado, Wanderlei corre o risco de perder a capacidade de transferência de votos. Amélio deixaria de ser o candidato da máquina e o vice-governador, agora no comando, passaria a montar sua própria estratégia, com a caneta na mão, o Diário Oficial, o orçamento do Estado e o poder de nomeação nas mãos. Nesse cenário, nomes como Laurez ganham força, enquanto aliados de Wanderlei na estrutura do governo podem perder espaço e cargos.
Ainda assim, Wanderlei Barbosa é considerado um dos nomes com maior chance de ser eleito senador, mesmo sem a máquina, dada sua popularidade e capilaridade política.
Oposição arma palanque
Sem acesso à estrutura do Estado nem da União, Dorinha Seabra sabe que terá de travar uma campanha pesada, investindo na eleição de uma base sólida de deputados federais e estaduais para dar sustentação à sua candidatura ao Governo e às vagas ao Senado. Ela aposta em uma dobradinha entre Gaguim e Vicentinho, e articula alianças com foco em palanques regionais fortes no segundo turno.
No entanto, por ser oposição tanto ao Palácio Araguaia quanto ao Palácio do Planalto, precisará de fôlego financeiro e logístico para manter sua campanha até o fim. Um segundo turno presidencial entre Lula e a oposição pode favorecer suas chances. Mas se o presidente for reeleito em primeiro turno, o cenário tende a se complicar.
PT: no compasso da direção
O futuro do PT no Tocantins depende da eleição interna do partido. De um lado, o grupo do ex-deputado Zé Roberto; do outro, os aliados de Paulo Mourão e Célio Moura, que apoiam Milli na disputa. O resultado do segundo turno, no próximo dia 27, será determinante para definir se Mourão terá espaço para articular como cabeça de chapa ou se o partido será atraído por outra composição.
Cenário indefinido
A sucessão estadual de 2026 é uma verdadeira salada mista com alianças cruzadas, interesses regionais, vaidades políticas e estruturas assimétricas de poder. Há candidatos que têm votos, mas não têm estrutura. Outros têm estrutura, mas ainda não têm densidade eleitoral.
O eleitor será decisivo. Ao votar duas vezes para o Senado, poderá equilibrar o jogo e criar um novo cenário político. O desafio para os candidatos é conquistar não apenas a cabeça do eleitor, mas também o seu segundo voto silencioso, estratégico e muitas vezes imprevisível.
O Observatório Político de O Paralelo 13 reforça que esta análise foi construída a partir de informações e articulações em curso até julho de 2025. Nos próximos meses, com a definição das candidaturas, as convenções partidárias e o início oficial da campanha, o cenário poderá se confirmar, se redesenhar ou se reinventar completamente. Seguimos acompanhando.
Da Assessoria
O vice-presidente do Senado e presidente do PL Tocantins, Eduardo Gomes, cumpriu uma intensa agenda no Tocantins entre os dias 18 e 21 de julho. O roteiro incluiu participação na abertura do Miracaxi em Miracema, entregas de obras e visitas técnicas em municípios do Bico do Papagaio como Sítio Novo, Augustinópolis, Araguatins e distritos de Wanderlândia. As ações reafirmam o compromisso do senador com o fortalecimento da saúde pública, infraestrutura e cultura local.
Cultura e economia criativa no Miracaxi
Na sexta-feira, 18, Eduardo Gomes participou da abertura oficial da 28ª edição do Miracaxi, o maior carnaval fora de época do Tocantins. O evento, realizado em Miracema, deve atrair mais de 50 mil foliões e movimentar a economia local. Ao lado do governador Wanderlei Barbosa, da prefeita Camila Fernandes, da deputada Janad Valcari e de outras lideranças, o senador percorreu o circuito da folia e destacou a importância da festa para a geração de renda e valorização da cultura tocantinense.
“É uma alegria estar aqui em Miracema mais um ano e ver de perto um evento como o Miracaxi, que movimenta a cidade, gera empregos e fortalece a cultura. Aqui a gente sente o calor do povo e a força da economia criativa local”, afirmou.
Entregas e união política no Bico do Papagaio
No sábado, 19, o senador esteve em Sítio Novo, onde participou da comemoração do aniversário do deputado estadual Jair Farias. O evento reuniu diversas lideranças, incluindo a senadora Professora Dorinha, o deputado federal Carlos Gaguim e mais de 15 prefeitos da região. Eduardo Gomes defendeu a unidade das forças políticas em torno de um projeto comum para o Tocantins.
Mais cedo, o senador visitou o distrito de Sumaúma e comunidades de Araçulândia e Floresta, onde obras de pavimentação foram entregues com recursos de sua autoria. Ainda em Sítio Novo, participou da inauguração do CRAS Genoveva Ferreira da Cruz, ampliando os serviços de assistência social à população.
Saúde e infraestrutura em Augustinópolis
No domingo, 20, Eduardo Gomes visitou Augustinópolis ao lado do prefeito Antônio do Bar e do presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins, o deputado estadual Amélio Cayres. O senador destacou o repasse de mais de R$ 4,6 milhões para a saúde pública do município e vistoriou as obras do Parque Seu Santino, também viabilizadas com apoio de seu mandato. Em breve, a cidade receberá investimentos em pavimentação via recursos da Codevasf.
“Augustinópolis é um polo regional e esses investimentos fazem diferença para toda a região. Estamos aqui para reforçar o compromisso com a saúde, infraestrutura e bem-estar da população”, concluiu o senador.