Embaixador da China em Israel é encontrado morto em casa

Posted On Segunda, 18 Mai 2020 08:05
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A esposa e o filho de Du Wei, de 57 anos, não estão em Israel. EUA acusam hackers chineses de tentar roubar pesquisas sobre vacinas

 

Por Agência France Press - Por Victor Pinheiro

 

O embaixador da China em Israel, Du Wei, de 57 anos, foi encontrado morto neste domingo (17) em sua residência no subúrbio de Herzliya, em Tel Aviv – anunciou um porta-voz policial.

 

A polícia abriu uma investigação, disse à AFP uma fonte israelense que pediu para não ser identificada, acrescentando que as causas da morte ainda são desconhecidas.

 

A esposa e o filho de Du Wei não estão em Israel.

 

Du Wei foi embaixador na Ucrânia antes de assumir o cargo de principal representante diplomático da China em Israel em fevereiro, informa sua biografia disponível no site da embaixada.

 

Sua morte ocorre dias após a visita a Jerusalém do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que pediu a Israel, um aliado dos Estados Unidos, que limite os investimentos chineses em setores estratégicos, segundo reportagens da imprensa.

 

Tel-Aviv: o embaixador da China em Israel, Du Wei, de 57 anos, foi encontrado morto (Ronen Zvulun/Reuters/Reuters)

 

Os Estados Unidos acusam a China de ocultar informações sobre a pandemia e até de tentar “hackear” sua pesquisa por uma vacina contra o coronavírus.

 

EUA acusam hackers chineses de tentar roubar pesquisas sobre vacinas

 

Hackers chineses estão conduzindo ciberataques a centros de pesquisa, empresas farmacêuticas e universidades dos EUA, com o propósito de roubar informações sobre o desenvolvimento de vacinas e tratamentos para a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. As informações foram reveladas hoje (13) em alerta emitido por órgãos do governo norte-americano.

 

No comunicado, o FBI e a Agência de Cibersegurança e Segurança de Infraestrutura (CISA) dizem que investigam ataques realizados por "atores cibernéticos afiliados [à China]". As autoridades dizem que eles acontecem desde o dia 3 de janeiro de 2020.

 

Segundo o jornal The Wall Street Journal, alguns oficiais do país acreditam que as atividades dos hackers podem ser interpretadas pelo governo Trump como um ataque direto à saúde pública norte-americana, uma vez que eles podem ter prejudicado a pesquisa de vacinas em alguns casos. "O possível roubo dessas informações compromete a entrega de opções de tratamento seguras, eficazes e eficientes", diz o alerta do FBI.

 

O documento, entretanto, não identifica vítimas, nem apresenta evidências que associam os ciberataques ao governo chinês. De acordo com o jornal, mais informações técnicas sobre as operações dos hackers devem ser divulgadas nos próximos dias.

 

Embora o alerta não mencione o Irã, o jornal diz que oficiais citaram informações que associam o governo de Teerã à tentativas de espionagem de organizações de pesquisa e saúde norte-americanas. Segundo eles, um dos principais alvos dos hackers iranianos seria a Gilead Science, uma empresa farmacêutica que produz o antiviral remdesivir. O medicamento é um potencial tratamento contra a Covid-19 e já foi liberado para uso emergencial pela Food and Drug Administration - agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

Contraponto

Autoridades norte-americanas dizem que os efeitos dos ataques da China e do Irã sobre pesquisas de vacinas e tratamentos contra a pandemia são difíceis de mensurar. Os entrevistados pelo Wall Street Journal também se recusaram a apresentar evidências ou informações que sustentem as acusações contra os dois países. Os governos chinês e iraniano não responderam a questionamentos da reportagem.

 

Ainda nesta semana, o Ministro das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou que o país se opõe a qualquer forma de ataque cibernético, e acrescentou que a nação também lidera pesquisa para vacinas e tratamentos de Covid-19. "É imoral para qualquer um difundir boatos sem apresentar nenhuma evidência", disse ele em coletiva de imprensa na segunda-feira (11).

 

O próprio ministro já esteve no centro de confrontos diplomáticos entre os Estados Unidos e a China. Em março, Lijian sugeriu a possibilidade do exército norte-americano ter levado o novo coronavírus ao país asiático, durante jogos esportivos militares em Wuhan, no ano passado.

Especialistas interpretaram o comentário do político chinês como uma resposta aos discursos xenófobos da cúpula do governo de Donald Trump, que associam a origem do vírus à China.

EUA X Huawei

Os Estados Unidos acusam a Huawei de espionar para a ditadura chinesa por meio de seus dispositivos e, por isso, submeteram a empresa a diferentes medidas de veto que afetaram suas finanças. O fabricante alcançou um lucro líquido de 62,7 bilhões de iuanes (cerca de 50 bilhões de reais) em 2019, o que é uma boa fatia e um aumento de 5,6%, mas está longe dos 25% de expansão obtidos em 2018.

 

De acordo com o jornal Global Times, de propriedade do Partido Comunista da China, que cita uma fonte anônima próxima ao Governo, as autoridades chinesas estão dispostas a responder com uma série de medidas, como a colocação de empresas norte-americanas em sua própria lista negra de entidades que prejudicam os interesses chineses, uma iniciativa que já havia ameaçado adotar no ano passado, quando o Departamento de Comércio anunciou as primeiras restrições contra a Huawei, sua joia da coroa tecnológica.

 

As represálias também incluiriam a abertura de investigações e a imposição de restrições contra gigantes da tecnologia como Apple, Cisco e Qualcomm, bem como a suspensão da compra de aviões fabricadas pela aeronáutica Boeing, acrescenta o jornal. "A China tomará medidas contundentes para proteger seus interesses legítimos" se os Estados Unidos seguirem com os planos anunciados, disse a fonte, segundo o jornal oficial chinês.