Neste artigo analítico, não temos como comentar o mérito da questão, pois isso compete às autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público, mas podemos afirmar que a permanência do ex-governador Marcelo Miranda na prisão deve-se aos fundamentos e provas, frutos das investigações e das operações de busca e apreensão, junto com as delações premiadas, como a do ex-chefe de gabinete, o popular Cenourão, que enriqueceu de detalhes seu depoimento, “um verdadeiro tsunami”, como afirmou uma autoridade federal
Por Edson Rodrigues
Olhando para os dois governos de Marcelo Miranda, nos quais seu pai, Dr. Brito Miranda, era seu principal auxiliar, podemos afirmar textualmente que tanto Marcelo quanto Dr. Brito, são alvos da gratidão de muita gente do povo, talvez dos menos favorecidos, sem acesso ás informações.
Por outro lado, também testemunhamos ricos fazendeiros que participaram da “ceia do poder” nos governos de Marcelo Miranda, e outras figuras proeminentes da sociedade tocantinense que galgaram o poder, alcançaram cargos eletivos e dividiram as benesses do poder com seus familiares e amigos, dentre eles caciques do próprio MDB, mas que, hoje, diferentemente daqueles que fazem parte do povão, tratam a família Miranda quase que como uma família de “leprosos políticos”, figuras tóxicas que precisam ser deletadas de suas memórias.
Essas são as figuras mais tóxicas que qualquer mandatário, qualquer parlamentar no exercício do cargo, estão sujeitos a ter em seu círculo de convivência. São aqueles que empregaram suas esposas, sogras, filhos e até as amantes, por conta dessa amizade e que, agora, são os que mais insultam, humilham e tecem os piores comentários se referindo a quem lhes estendeu as mãos.
São esses sanguessugas que fazem os comentários pejorativos, as piadas maldosas. Agiram assim com Siqueira, com Marcelo e com Sandoval e, hoje, ficam como satélites do governador Mauro Carlesse e de suas pessoas mais próximas, como Claudinei Quaresmim, a espera apenas da oportunidade de voltarem a ser quem são, a personificação dos “amigos do poder”, prontos a dar a primeira facada pelas costas.
Como dirigente de O Paralelo 13 há 30 anos, já presenciei e conheci muitas pessoas assim, nas suas mais diversas versões, dos que se fazem de bobos, de pobres coitados, até os que chegam contando vantagens e oferecendo soluções mirabolantes. Foi assim também com Raul Filho, com Carlos Amastha e com vários detentores de mandato no Congresso Nacional e na Assembléia Legislativa.
MÃO NA CONSCIÊNCIA
Muitos esquecem que o político Marcelo Miranda deve, sim, responder pela sua omissão como chefe do Executivo, por ter permitido conscientemente ou não, que uma quadrilha se formasse em seu governo para dilapidar o patrimônio do povo tocantinense, principalmente com membros de sua própria família fazendo parte dela. Mas a pessoa de Marcelo Miranda, o cidadão, assim como qualquer outro brasileiro, merece, primeiro, o benefício da dúvida e, em caso de culpabilidade comprovada, deve pagar pelos seus erros, ao mesmo tempo em que não deixa de ser merecedor da compaixão, da gratidão e do reconhecimento pelo que fez de bom enquanto homem público.
Não estamos, neste momento, discutindo o tamanho da patifaria que aconteceu em seus governos, mas a falta de gratidão dos que usufruíram das benesses das suas administrações, principalmente os membros do MDB que participaram dos governos de Marcelo, dos dirigentes de outros partidos que se beneficiaram ao apoiar o MDB e dos empresários nanicos que conseguiram alavancar seus negócios ao se tornarem fornecedores do governo e que, hoje, viram a cara para os Miranda.
Não queremos que se esqueçam os crimes que lhe são imputados, muito menos dizer que Marcelo Miranda é inocente, mas que essas pessoas se lembrem dos benefícios lícitos que possibilitaram muita gente a melhorar de vida
FINALIZANDO
Ninguém é tão criança a ponto de duvidar ou ignorar as provas colhidas pela Polícia Federal acerca dos desmandos praticados nos governos de Marcelo Miranda, apesar de não haver nada que comprove a entrega ou a transferência de valores diretamente para o próprio, embora seja difícil negar que ele não tinha ciência do que ocorria.
Cabe ao irmão de Marcelo Miranda, Brito Jr., (foto) contribuir com as investigações e apontar as dezenas de pessoas que se locupletaram dos desmandos apontados nas investigações para que todos sejam “solidários” aos que se encontram presos, e passem a dividir as celas e as agruras de uma prisão, contribuindo para que o Tocantins seja, realmente, passado a limpo, pois, se os demais participantes permanecerem incógnitos, estarão, assim, livres para voltar a seduzir e corromper outros gestores públicos.
Vale Lembrar que muitos dos que, hoje, consideram Marcelo Miranda um “leproso político”, estiveram juntos com Sandoval Cardoso e de Siqueira em sua administração tão conturbada quanto a de Marcelo.
Colocamos essa situação em questão porque muitos dos que aparecem, hoje, em fotos alegres e sorridentes com o governador Mauro Carlesse, estiveram, também, em fotos com Siqueira Campos, com Marcelo Miranda e com Sandoval Cardoso. Se Mauro Carlesse não se cuidar, essas mesmas pessoas estarão, sorridentes, em suas fotos, pois “nadam de braçadas” em seu governo, mas reservam em seus íntimos a mesma “virada de cara” caso Carlesse caia em desgraça, ou seja, são sanguessugas do poder, sem nenhum tipo de consideração ou sentimento pelos que conseguem chegar aos postos principais, eleitos pelo povo.
Ainda bem que, segundo juristas consultados por O Paralelo 13, o julgamento de amanhã perdeu sua finalidade, uma vez que diz respeito á eleição suplementar, com as contas aprovadas sem ressalvas e sem contar que Carlesse foi empossado pelo próprio TRE.
Se os oposicionistas estiveram apostando no julgamento de amanhã, é melhor mudarem de tática e arrumar causas e bandeiras para pedir votos para os seus candidatos, pois, se a Justiça for feita, Mauro Carlesse manterá seus direitos políticos.
É hora de todos prestarem contas à Justiça, sem distinção de cargos, atuação empresarial ou grau de amizade.