Deixar os partidos de fora do governo esteve no centro das promessas de campanha de Jair Bolsonaro, já que as legendas políticas foram as principais responsáveis pelos escândalos de corrupção. Embora seja uma novidade no histórico político brasileiro, existe uma vontade real de governar de outra maneira. E é uma maneira de dizer para os líderes partidários que o novo governo não vai topar tudo o que foi feito antes.
Governador Mauro Carlesse
Há quem diga que isso é retórica e que não tem como governar sem fazer concessões aos partidos políticos. Pode até funcionar por um ou dois meses, mas como estratégia de governo não daria certo. Mas, até agora, parece que os governos Federal, estaduais e até nas Câmaras Municipais, o que se vê é uma tentativa de implantar essa nova forma de governar, mesmo que isso signifique turbulência nas bases políticas de cada um.
Não só Bolsonaro, mas, para ficar aqui por perto, Ronaldo Caiado, em Goiás e Mauro Carlesse, no Tocantins, excluíram boa parte das lideranças políticas de seus governos, ocupando cargos-chave com técnicos, mesmo que vindos de outros estados.
Em Goiás, Caiado trouxe, no mínimo, três secretários que nunca moraram em no estado e não contribuíram em nada em sua eleição. Por causa disso, antes mesmo de o governo completar 20 dias, já está sofrendo pressão de suas bases eleitorais. No Tocantins o quadro não é diferente. Ninguém quer esperar nada, na ânsia por ter ou participar do poder!
No Planalto, Jair Bolsonaro já detectou esse início de descontentamento, e colocou seus principais articuladores não para conversar com os líderes partidários, mas, sim, com os parlamentares eleitos, iniciando essa nova fase da política nacional em que os “donos” de partidos são colocados no congelador e os políticos independentes ganham voz.
IRIS REZENDE DERROTADO
Em Goiás, os deputados estaduais parecem estar querendo copiar os vereadores da Câmara Municipal de Goiânia, que elegeu uma mesa-diretora independente, que não servirá de gado ao prefeito Iris Rezende. O presidente da Casa de Leis, Romário Policarpo sempre foi conhecido por seu posicionamento equilibrado, sem dever favores a nenhuma vertente política, que promete fazer uma gestão voltada aos interesses da sociedade e que valorize, ao mesmo tem, o papel do Legislativo Municipal.
Isso é bom para o município de Goiânia, para Goiás e para o Brasil, como exemplo a ser seguido, pois equilibra as forças dos poderes, impedindo que chefes do Executivo adotem posturas ditatoriais, ao mesmo tempo em que os parlamentares não poderão se dar ao luxo de ser empecilhos para o desenvolvimento, colocando interesses pessoais acima dos interesse da coletividade.
Pouca gente se atentou, mas a ascensão de Romário Policarpo (Pros) ao comando da Câmara dos Vereadores de Goiânia também significa que ele automaticamente torna-se vice-prefeito de Goiânia
A vitória de Policarpo no Legislativo de Goiânia é uma derrota acachapante para Iris Rezende e um recado claro de que novos tempos chegaram a Goiás, em que o Poder Legislativo mostra que tem representatividade e um papel importante a cumprir.
TOCANTINS
No Tocantins, o governador Mauro Carlesse, eleito três vezes consecutivas, vem tentando equilibrar as contas públicas para, ao mesmo tempo, evitar o caos financeiro e enquadrar o Estado na Lei de Responsabilidade Fiscal.
A única diferença é que Carlesse tem a maioria no Legislativo Estadual e no Congresso Nacional, e já deu sinal de que contemplará sua base com participações efetivas no governo, aguardando apenas o envio da Medida Provisória que traz a extinção e a fusão de secretarias e novas nomenclaturas de cargos e funções, que pode sair a qualquer momento.
SILÊNCIO OPORTUNISTA
Enquanto essa nova realidade toma conta da política brasileira, os velhos caciques, “donos eternos” de partidos ou de facções partidárias, mantém um silêncio, senão oportuno, oportunista, pois, raposas como são, sabem que seriam engolidos pela opinião pública ao tentar se rebelar contra a nova ordem vigente.
Cada um tratou de arrumar um lugarzinho confortável no “congelador” do Palácio do Planalto, onde devem permanecer até os primeiros resultados das votações no Congresso. Caso o governo Bolsonaro consiga as vitórias de que precisam, os as “raposas” continuarão congeladas e só sairão da sua hibernação, se solicitadas.
Caso haja resistência nas votações, talvez até pensem em dar uma olhadinha no “mundo fora da geladeira”, mas, certamente, pensarão duas vezes antes de tentar se insurgir, pois as urnas já deram o recado e, dependerá dos eleitores, dos cidadãos brasileiros, analisar e dar a sua opinião sobre o governo de Jair Bolsonaro e sua filosofia. Se acharem que está bom, a renovação continua. Se acharem que não está bom, serão os primeiros a se manifestar.
Até lá, só o tempo dirá!