Por Edson Rodrigues
Uma certa ocasião, em uma cidadezinha do interior da Paraíba, um senhor, que perdeu seus pais ainda criança, sofreu muito em um orfanato mas, mesmo ante às dificuldades, prosperou na juventude, tornando-se um homem de posses, porém, mantendo a humildade e, aos 57 anos de idade, era um dos moradores mais ricos da região.
Com sua fortuna, decidiu ajudar as crianças pobres e fundou uma entidade filantrópica, que acolheu e formou dezenas de crianças. Ele se tornou uma grande liderança na cidade e acabou caindo no conto do vigário de entrar para a política, convencido de que poderia ajudar mais pessoas.
Na eleição, um de seus adversários patrocinou uma “matéria” denunciando o benfeitor da cidade de estar abusando das crianças acolhidas em sua instituição.
O Ministério Público abriu processo, o delegado investigou e o autor da denúncia fez carreatas na cidade “pedindo por justiça”.
O bom senhor, que vivia tranquilamente enquanto anônimo, se viu em um inferno e, desiludido, renunciou à sua candidatura, vendeu seus bens por 30% do valor e se recolheu em sua propriedade.
O dono do “jornal”, percebeu que havia sido usado pelo outro político, e que a denúncia era falsa, decidiu corrigir o erro – não intencional – e foi à casa do senhor, se comprometendo a publicar uma matéria revelando a verdade, em busca do perdão por seu erro.
Foi quando o senhor, entristecido e cabisbaixo lhe falou: “está vendo aquele morro, com 256 metros de altura? Pegue um pato branco e suba o morro com ele. Ao chegar no topo, arranque as penas do pato e as solte ao vento. Depois, desça e recolha todas as penas. Se você conseguir recolher todas, você terá corrigido o mal que sua reportagem me causou”.
VANDA PAIVA E GASTÃO NEDER
A história acima, verdadeira ou não, se aplica ao caso que envolveu os ex-secretários de Saúde do Estado, Vanda Paiva e Gastão Neder, denunciados e desmoralizados publicamente por suas atuações frente à secretaria da Saúde no último governo de Siqueira Campos, que ficaram estigmatizados como corruptos e foram até condenados a “devolver milhares de reais” aos cofres públicos, presos, e viveram um bom tempo no “inferno da opinião pública”.
Agora, depois de todo esse tormento a que foram publicamente expostos, a Justiça Federal divulga o resultado final do julgamento, afirmando, simplesmente, que “não houve crime” e que não houve apresentação de provas materiais contra qualquer dos acusados na ação.
A sentença é pública, basta a população se interessar em conhece-la com a mesma “voracidade” com que acreditou e aceitou as acusações que denegriram e mancharam, para sempre, as imagens de uma mulher honrada, capaz e honesta e de um homem de bem.
Mesmo que Vanda Paiva e Gastão Neder entrem com ações e recebam indenizações milionárias pelo vexame a que foram submetidos, nada irá reparar os danos psicológicos, sociais e trabalhistas a que foram submetidos.
Enquanto isso, em Palmas, vão faltar patos brancos para levar à Serra do Carmo...