O joio separado do trigo

Posted On Domingo, 20 Abril 2025 05:00
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No complexo jogo da política, há momentos em que as escolhas falam mais alto que os discursos. E o recente ato protagonizado pelos cinco prefeitos das maiores cidades do Tocantins, Eduardo Siqueira (Palmas), Wagner Rodrigues (Araguaína), Josi Nunes (Gurupi), Ronivon Maciel (Porto Nacional) e Celso Morais (Paraíso), marca mais que um gesto de aliança, simboliza a separação do joio do trigo. Sob a liderança da senadora Professora Dorinha Seabra, o chamado G-5 tornou-se um divisor de águas no processo de sucessão estadual de 2026.

 

 

Por Edson Rodrigues

 

 

Trata-se da consolidação de um campo político alternativo, que rompe com o círculo governista sem abrir mão da convivência democrática. É a política madura que entende que o embate de ideias não exige ruptura institucional, mas sim clareza de propósito e firmeza de liderança.

 

Prefeitos do G5 com a senadora Dorinha Seabra

 

A fotografia do encontro do G5 com Dorinha foi mais que uma imagem, foi um fato político. Ali, oficialmente, iniciou-se o processo de isolamento do grupo governista, com exceções pontuais na Assembleia Legislativa, deixando claro que os não-governistas se organizam com antecedência e método. Não é um racha emocional. É cálculo e projeto. É o tabuleiro sendo formatado peça por peça.

 

Governo popular não é garantia de vitória

 

Não basta ter um governo bem-avaliado, salários em dia, mutirões cirúrgicos e parcerias com os municípios. Se pararmos para observar, o governo já fez muito pelo Tocantins com a recuperação das rodovias, realização de concursos da PM, Saúde e Educação, construção da ponte sobre o Rio Tocantins em Porto Nacional. Isso tudo conta, mas não resolve se, no núcleo do poder, a desorganização interna e as vaidades descontroladas tomarem conta do processo político. A força do Palácio Araguaia reside na união dos seus principais líderes. Divididos, viram “caititu fora do bando”: comida de onça.

 

A metáfora pode parecer dura, mas a história política do Tocantins, como a de qualquer outra parte do país, ensina que desavenças internas, descompasso entre discursos e atos e a falta de um centro de gravidade claro são ingredientes certos para o fracasso eleitoral. Que o digam figuras como Tancredo Neves e Siqueira Campos, que souberam recuar, compor, escolher com a razão e não com a vaidade. Tancredo com Sarney, Siqueira com João Cruz. Ali, a política venceu o orgulho.

 

É hora de reflexão entre os governistas

 

O tempo é agora. As próximas 72 horas, que encerram a Semana Santa, podem e devem servir como um momento simbólico de reflexão profunda para os líderes do campo governista: o governador Wanderlei Barbosa, o vice-governador Laurez Moreira e o presidente da Assembleia, Amélio Cayres. Se quiserem manter viva a possibilidade de continuidade administrativa e política, precisarão abrir mão de vaidades, aparar arestas, chamar aliados de volta para o centro e formar uma chapa majoritária e proporcional coesa, humilde, integrada, com um projeto de estado, não apenas de poder.

 

Dorinha e o G5: proposta de governo à vista

 

Enquanto isso, o grupo opositor não perde tempo. Composta por prefeitos com base sólida, serviços prestados e densidade eleitoral, a frente liderada por Dorinha já se articula para apresentar, no tempo certo, uma proposta de governo com foco nos principais eixos que interessam ao povo tocantinense.

 

Na prática, a chapa que começa a se desenhar é puro sangue: Dorinha Seabra (União Brasil) para governadora, com os candidatos ao Senado Vicentinho Júnior (PP) e Carlos Gaguim (União Brasil). É uma composição com peso político, capilaridade eleitoral e discurso unificado.

 

O papel do observatório político

 

O Observatório Político de O Paralelo13, com seus 37 anos de atuação, cumpre seu papel histórico ao oferecer uma leitura clara dos movimentos políticos em curso. Em breve, trará uma análise detalhada das forças em disputa nos cinco maiores colégios eleitorais do Tocantins — Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso — mostrando quem é quem na corrida pelo Palácio Araguaia e pelas duas cadeiras no Senado.

 

O momento exige que os homens públicos, como já dito, sejam capazes de fazer reflexões, mudar rotas, reconhecer erros, evitar birras, superar ressentimentos, agir com grandeza e construir gestos de novos tempos. Política não se faz com mágoa, mas com visão de futuro.

 

Transfusão de sangue

 

O apoio público e imediato do G5 à pré-candidatura de Dorinha revela que o sangue novo precisa circular. A transfusão política já começou, e quem não compreender essa mudança de fase, corre o risco de ser esquecido no tempo.

 

Unidade, humildade e foco: este é o único caminho para os governistas se manterem competitivos. A alternativa é o isolamento. E na selva da política, quem se isola, dança. Porque, no final das contas, ou se aprende a ser onça, ou se vira a próxima refeição.

 

 

 

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