Não se pode iniciar nenhuma história sobre a Capital do Tocantins sem citar as famílias Siqueira Campos e Barbosa, nas pessoas de José Wilson Siqueira Campos e Fenelon Barbosa e suas esposas, Dona Aureny e Dona Maria Rosa, respectivamente. Enquanto Siqueira e Fenelon trataram de alinhavar a criação de Palmas, as suas esposas desenvolveram trabalhos sociais que, 36 anos depois, mantém o DNA das duas junto às pessoas mais necessitadas, associações de moradores e pioneiros da Capital
Por Família O Paralelo 13 - Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
Poucos sabem da luta que Siqueira Campos enfrentou para manter a sua decisão de construir uma Capital do zero, ao invés de utilizar as estruturas de cidades já existentes no território que seria o Tocantins. Siqueira teve que se desdobrar para manter a sua opção por uma Capital Planejada acima dos desejos dos políticos de cidades como Gurupi, Araguaína e Porto Nacional – este último, berço da luta separatista e de diversos políticos com mandatos, na época, com cinco deputados federais, dois deputados estaduais, um senador e um prefeito – Vicentinho Alves – com grande influência em toda a região central do Tocantins.
HISTÓRIA POR TRÁS DA HISTÓRIA
A história da criação do Tocantins e de Palmas é quase que de conhecimento geral entra os cidadãos tocantinenses, mas há histórias por traz das histórias. Uma delas, de importância crucial para a decisão mais acertada após a Constituinte de 1988 realizar o desejo dos tocantinenses.
Como o Estado precisava de uma Capital para começar a “funcionar”, Gurupi, Porto e Araguaína logo manifestaram seu desejo de abrigar a sede administrativa do novo Estado, confiando em um velho hábito brasileiro, em que o provisório acaba virando definitivo. As cidades organizaram carreatas até Brasília, acampando próximo ao anexo II da Câmara Federal, com faixas e cartazes, além de panfletos distribuídos nos gabinetes dos deputados e dos senadores e do Palácio do Planalto, pedindo atenção as causa das cidades que desejavam ser a Capital do mais novo Estado do Brasil.
SABEDORIA À FRENTE DO TEMPO
Siqueira Campos e Dona Aureny
Mas, Siqueira Campos não é conhecido como um grande visionário e um dos maiores estrategistas políticos que o Brasil já teve, à toa. Reunido com seus principais assessores e lideranças política e amigos – muitos delas nascidos em uma das três cidades que queriam ser a Capital provisória – Adjair de Lima, Luciano Ayres, Israel Siqueira Darcy Coelho e Pedro Cursino, entre outros, e, depois, reservadamente com Dona Aureny e com Eduardo Siqueira Campos, apresentou seus argumentos sobre a vantagem de construir uma Capital do zero para o Tocantins: se escolhesse qualquer cidade, todas as demais iriam se sentir desprestigiadas, e o Tocantins iria enfrentar uma crise política nos primeiros meses da sua criação.
Siqueira, então, comunicou que havia decidido construir a Capital do Tocantins entre a Serra do Carmo e o Rio Tocantins, na região que abrigava o povoado do Canela, distrito da cidade de Taquaruçu do Porto, concidentemente emancipada de Porto Nacional pela mesma Constituinte que criou o Tocantins, em 1988.
Depois de fazer um pacto com o prefeito e Taquaruçu, Fenelon Barbosa, comunicou a todos a sua decisão, que resultou no apaziguamento dos ânimos dos representantes das cidades que pleiteavam ser a sede do Executivo Estadual, e em uma união dessas lideranças políticas em torno do projeto da nova Capital.
Fenelon Barbosa e Siqueira Campos
O que ninguém sabia é que, no momento em que anunciou sua intenção de construir Palmas e não escolher uma cidade já existente, Siqueira Campos já elaborava, há muito tempo, junto com seus assessores mais próximos, engenheiros e arquitetos, a planta, o formato e o projeto que resultou na Capital Planejada que faz inveja há muitas cidades e capitais pelo Brasil afora.
Baylon Pedreira
Mas, faltava a parte legal da criação da Capital do Tocantins e, como de costume, Siqueira Campos mostrou sua sabedoria política e buscou o deputado estadual mais atuante da época, eleito e integrante da oposição – leia-se MDB – Paschoal Baylon Pedreira que, inclusive, era defensor de Porto Nacional para a sede da Capital, para apresentar, no Plenário da Assembleia Legislativa, o Projeto de Lei que criava Capital do Tocantins, encampando o município de Taquaruçu, que passaria a se chamar Palmas, devolvendo a Taquaruçu à condição de distrito.
MÃES DO POBRES
Enquanto isso, Dona Aureny Siqueira Campos e Dona Maria Rosa trataram de colocar em prática seus projetos de assistência Social para as famílias dos trabalhadores da construção civil que chegaram para construir Palmas, e dos migrantes que chegava, cada vez em maior número, à nova Capital. Trabalhos que lhes renderam o carinhoso título de “Mãe dos Pobres”
Eduardo Siqueira e Carlos Braga
Dona Aureny criou a Fundação Santa Rita de Cássia e nomeou Carlos Alberto Braga – nosso Carlos Braga de hoje – como Diretor Executivo. Sob as orientações da primeira-dama do Estado, Carlos Braga desenvolveu o maior programa social de moradias populares da história do Tocantins, beneficiando moradores dos Jardins Aureny I, II, III e IV, com milhares de moradias populares distribuídas.
Dona Aureny também é responsável, junto com Siqueira Campos, pelo maior projeto social do Tocantins, até hoje, que são os Pioneiros Mirins, que seu filho, Eduardo Siqueira Campos, atual prefeito de Palmas, está preparando para ser reativado em sua gestão.
Já Dona Maria Rosa, primeira-dama da Capital e mãe do atual governador do Estado, Wanderlei Barbosa, “adotou” a população mais necessitada das regiões de Taquaralto, Aurenys e bairros periféricos, e promoveu ações de distribuição de materiais de construção, um programa de venda de lotes com prazos longuíssimos e prestações baixas, oportunizando às famílias carentes o sonho da moradia própria, padrões de água e energia, além de milhares e milhares de cestas básicas.
E foi nesse clima de harmonia e desejo de fazer o bem que Palmas foi erguida, cheia de bons exemplos a serem seguidos, tanto pelos moradores quanto pela classe política.
SIQUEIRA E BARBOSA
Mesmo nem sempre estando do mesmo lado político ou ideológico, Siqueira Campos e Fenelon Barbosa são os protagonistas da criação e construção de Palmas, e responsáveis por fazê-la bonita, acolhedora e com um desenvolvimento e crescimento constantes.
E, por incrível que pareça, coincidência ou não, sãos os filhos de Fenelon Barbosa e de José Wilson Siqueira Campos, os condutores atuais dos destinos do Tocantins e de sua Capital, Palmas, como governador e prefeito, as maiores lideranças políticas que, em lados políticos opostos, dão exempli de civilidade, desprendimento e amadurecimento político, deixando atônitos seus companheiros e os companheiros de seus adversários, ao seguir o exemplo de seus pais e deixar a política de lado quando o assunto é o bem da população.
O Observatório Político de O Paralelo 13, nos seus 38 anos completos no último mês de abril, sempre com a mesma filosofia de fazer jornalismo ético e independente e sediado no mesmo endereço, vem acompanhando os bastidores, as decisões e os atos políticos do cotidiano tocantinense, informando a população e formando opinião, pode afirmar com toda a tranquilidade do mundo que Wanderlei Barbosa e Eduardo Siqueira Campos e suas respectivas esposas, Karynne Sotero e Polyanna Siqueira Campos, estão, praticamente, revivendo o momento político da construção da Capital do Tocantins, com ótimas gestões, respeito aos servidores públicos e vontade de fazer com que o Tocantins e Palmas realizem os desejos de seus pais, se consolidando no cenário brasileiro como um lugar de desenvolvimento, harmonia e progresso.
HOMENAGEM
O senador Eduardo Gomes fez questão de parabenizar a Capital do Tocantins, em um vídeo gravado no Japão, onde se encontra em viagem oficial, lembrando a sua carreira política, que começou com o vereador e, hoje, chega à vice-presidência do Senado, maior cargo já ocupado por um político tocantinense, contando tanto Palmas quanto a sua carreira política têm a mesma origem :o idealismo de José Wilson Siqueira Campos, lembrando da sua participação, como deputado federal e senador no carreamento de recursos para a Capital , e finaliza com uma frase do seu pai, o poeta José Gomes Sobrinho, que hoje dá nome ao Espaço Cultural da Capital e que, do céu, cuida de todos os palmenses: “ontem pasto, hoje pó, amanhã Palmas, cada vez mais bela”.
Parabéns, Palmas!