Prefeituras de grandes cidades contribuem para a superlotação dos hospitais do Estado
Por Edson Rodrigues
O desgaste que o governo estadual vem passando com o setor da Saúde Pública tem vários componentes. Desde a falta de autonomia, capacidade e entendimento da área como um organismo complexo, por parte do secretário que, além de tudo, resolveu peitar a Justiça e deixou de cumprir diversas determinações e, por isso, acabou afastado do cargo.
Deixar de cumprir determinações da Defensoria Pública Estadual e o Ministério Público Estadual foi apenas a gota d’água para que um sistema que já vinha dando sinais de estrangulamento há anos, sentisse a mão pesada da Justiça, culminando com o afastamento temporário do secretário Renato Jayme.
Mas o problema da Saúde tocantinense não reside apenas na má gestão – ou na falta dela. Passa, também, pelo descaso dos administradores dos 14 maiores municípios tocantinenses que, ao invés de gastar as verbas que recebem da União, via SUS, para dotarem suas cidades de unidades de saúde eficientes, preferem comprar ambulâncias e mandar pacientes que poderiam ser tratados nas próprias cidades, direto para os hospitais regionais, principalmente o de Palmas, causando a superlotação, a falta de insumos e de medicamentos que determinaram o afastamento do secretário estadual da Saúde.
A mesma forma enérgica com que agiram para responsabilizar o secretário da Saúde e afastá-lo do cargo, a Defensoria Pública e o Ministério Público Estadual precisam intermediar um pacto, envolvendo os 139 municípios, para que não haja essa sobrecarga nos Hospitais Regionais e nos principais hospitais públicos de Palmas, mantendo os atendimentos ambulatoriais nas cidades de origem e mandando para os grandes hospitais apenas os pacientes que tiverem recomendações médicas oficiais.
Essa intermediação mostrará que tanto a Defensoria quanto o Ministério Público estão atentos aos problemas da Saúde como um todo e, não, apenas, nas situações que ocorrem nos Hospitais Regionais, no Hospital Geral de Palmas, e o Materno Infantil.
RECURSOS E MÉDICOS
Há muitas verbas que vêm do governo federal e do próprio governo do Estado que são direcionadas aos municípios. Há até a obrigação dos Executivos em gastar 25% de tudo o que recebem com a Saúde, mas, para alguns municípios, parece que é mais fácil comprar ambulâncias do que gaze, medicamentos e algodão.
O outro ponto nevrálgico dessa questão são os médicos que, em sua maioria, preferem ficar longe das cidades pequenas. A solução para isso é a realização de um concurso público que dote o Estado com, pelo menos, 80% dos médicos e outros profissionais da Saúde, concursados, lotados nos municípios que necessitam, evitando o êxodo de pacientes para as cidades que têm Hospitais Regionais e para a Capital.
Um concurso público sai mais barato para o governo do que o desgaste de ver seu sistema de Saúde Pública sob intervenção, e pode manter nas cidades do interior, um efetivo de profissionais capaz de desafogar os Hospitais Regionais, o HGP e o Materno Infantil.
Portanto, está na hora da Defensoria Pública e do Ministério Público agirem com o mesmo rigor e intermediar uma solução para os problemas que levaram a saúde do Tocantins à essa “estado de coma”.
A população agradece!