Para presidente do BC, possibilidade de vacina começa a mudar mercados
Por Wellton Máximo
O programa de injeção de liquidez (recursos de rápida circulação) nos bancos em troca da ampliação do crédito será permanente, disse hoje (24) o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Segundo ele, parte das medidas tomadas durante a pandemia do novo coronavírus representam “mudança estrutural” e continuará, com alguns ajustes no próximo ano.
Na avaliação de Campos Neto, que participou de evento virtual promovido por um site especializado em mercado financeiro, a covid-19 acelerou medidas de estímulo ao crédito que estavam programadas.
“Isso já ia acontecer antes da pandemia. A pandemia acelerou, e nós acabamos fazendo de uma forma diferenciada. Mas é muito importante entender que, para esse mercado de crédito privado crescer, é importante que o banco possa usar o crédito na carteira como veículo de liquidez se houver uma necessidade, como foi feito agora”, declarou.
Otimismo
O presidente do BC comentou o bom desempenho do mercado financeiro nesta terça-feira. Hoje, a bolsa fechou no melhor nível desde o fim de fevereiro, e o dólar caiu para R$ 5,37, tendo a maior queda em uma semana, após avanços na transição presidencial nos Estados Unidos, que devem facilitar a distribuição de uma vacina contra a covid-19.
Na avaliação de Campos Neto, os mercados começaram a reagir a possibilidade mais concreta da vacina contra o novo coronavírus. “Hoje é um dia importante porque começamos a ver o comportamento diferenciado dos mercados”, disse.
A indicação da ex-presidente do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano), Janet Yellen, para a Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos a partir do próximo ano também animou os mercados. No entendimento dos investidores, o histórico de política monetária expansionista durante a gestão de Yellen no Fed indica que os Estados Unidos injetarão dólares para estimular a maior economia do planeta, aliviando a pressão sobre os mercados de países emergentes, como o Brasil.
Segunda onda
Sobre uma eventual segunda onda de covid-19, ele declarou que os casos começaram a ressurgir na Europa, porém com menor mortalidade, apesar dos recordes de infecções diárias. Campos Neto destacou que os casos aumentam em todo o planeta, mas disse que, no Brasil, o problema pode ser agravado pela redução do distanciamento social, principalmente entre os jovens, que são “menos pacientes”.
“O custo efetividade versus o custo econômico do distanciamento é inferior ao visto no passado. O mercado está mais focado em vacinas do que em impulsos de estímulos adicionais”, acrescentou.