O maior patrimônio político de qualquer partido, é o mandato de deputado federal que, na legislação eleitoral, pertence à legenda e, não ao eleito. É vinculado aos mandatos de deputado federal que estão o Fundo Partidário e o Horário Eleitoral Gratuito de Rádio e TV.
Por Edson Rodrigues
Já os cargos de governador e senador pertencem aos que, para eles, se elegeram, podendo esses políticos mudar de partido sem nenhum risco de ficar sem o mandato.
Sem a definição das regras das eleições de 2022, os partidos estão de pés e mãos atados, principalmente os nanicos, pois se acostumaram a deixar que o TSE legislasse quando essa prerrogativa é dos parlamentares. O TSE baixa as famosas resoluções de cota por sexo e cor, e a divisão dos recursos para custear campanhas. Desde então, o feitiço virou contra o feiticeiro e a omissão dos parlamentares, que não se preocuparam em aprovar as regras para as eleições nos estados, envolvendo o pleito proporcional para a Câmara dos |Deputados e para as Assembleias Legislativas, e acabaram reféns do Poder Judiciário.
O tempo passa e o afunilamento para a formação das chapas proporcionais segue ainda sem regras definidas ou publicadas no Diário Oficial da União, impossibilitando as direções estaduais dos partidos de traçar um planejamento para a realização das convenções.
Antes de entrar no cerne da questão, temos que separar o joio do trigo. As regras para as eleições 2022 terão que ser definidas, aprovadas e sancionadas até o dia dois de outubro próximo, exatamente um ano antes das eleições que decidirão quem serão os eleitos para presidente da república, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. As regras novas, ainda não definidas, serão aplicadas apenas para os deputados federais e estaduais, já estando acertadas para presidente, governador e senador.
TOCANTINS
Governador Carlesse
Os dirigentes partidários e os detentores de mandatos no Legislativos estadual e federal, começam a intensificar as articulações para a formação de suas chapas. Mas, entre um partido e outro há diferenças astronômicas. Os de grande porte contam com um Horário Eleitoral Gratuito e um Fundo Partidários “gordos”, o que significa menos problemas.
Lideranças do MDB
Os principais partidos políticos do Tocantins, com representatividade na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa, trabalham nos bastidores para, no mínimo, manter a presença numérica que já possuem. Um desses partidos é o MDB, com excelente musculatura, com cinco deputados estaduais, dezenas de prefeitos e uma deputada federal, graças ao êxito conseguido nas eleições municipais de 2020, em que teve um aumento considerável no número de vereadores e prefeitos eleitos e tem Comissões Provisórias nos 139 municípios do Estado, já ocupou o governo com Moisés Avelino e Marcelo Miranda.
Lideranças politicas
Dentre as oito principais lideranças políticas do Tocantins, o MDB conta com o senador Eduardo Gomes, líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, e o mais votado nas últimas eleições, e o ex-governador Marcelo Miranda, que sempre demonstrou muita popularidade e força política.
No interior, são milhares os simpatizantes e filiados do MDB que, pela primeira vez parece vir com todos juntos para o embate eleitoral, o que torna suas chances de vitória bem maiores.
O único senão nas possibilidades do MDB reside na situação de Eduardo Gomes, que terá que decidir entre o Palácio do Planalto e o MDB, já que as duas linhas não irão caminhas juntas nas eleições presidenciais.
PSL
Ainda engatinhando, mas com tudo planejado pelo seu presidente estadual, Mauro Carlesse, o partido vem apostando tudo no patrimônio político pessoal do governador do Estado. O partido conta com outro diferencial de peso, que são o Horário Eleitoral Gratuito e o Fundo Partidário, que serão os maiores durante a campanha para 2022.
Para que se tenha uma dimensão do que isso representa, o PSL destinou recursos para a eleição da deputada estadual Vania Monteiro, na casa dos cinco milhões de reais. Quanto o partido não estará disposto a gastar para eleger deputados federais, um senador e uma bancada de deputados estaduais?
Sobre a candidatura a governador, pelo andar da carruagem, Mauro Carlesse está mais interessado em aplacar os efeitos da pandemia nas famílias de baixa renda, com a distribuição de cestas básicas, para, só depois, definir qual será o nome que o partido irá ungir com suas bênçãos.
Segundo informações de bastidores, o PSL deve receber filiações de políticos em pleno gozo do mandato, eleitos por legendas que hoje são oposição a Mauro Carlesse, com assento na Assembleia Legislativa. A intenção é mudar de partido para continuar na base de apoio.
Ao que tudo indica, Carlesse está com o PSL de portas abertas para esses “reforços” políticos que, segundo informações de bastidores, tem em seu bojo, pelo menos, dois deputados federais, que esperam apenas a abertura da “janela” eleitoral que permite a transição entre partidos sem o risco de perda do mandato.
PT E “AMIGOS”
O Partido dos Trabalhadores, comandado por Célio Moura e Zé Roberto, animado com a possibilidade de ter o ex-presidente Lula de volta ao páreo pela presidência da República, deve formar palanque conjunto com o PSB, de Carlos Amastha, o PP de Kátia Abreu e o PSD de Irajá Abreu, sonhando em juntar-se a eles o ex-prefeito de Porto Nacional, Paulo Mourão – hipótese bastante improvável – para construir uma candidatura oposicionista não só a Mauro Carlesse, mas, principalmente, ao presidente Jair Bolsonaro, apostando todas as fichas na elegibilidade de Lula.
PSDB
O PSDB tem, no Tocantins, a prefeita da Capital, Palmas, reeleita, com muitas obras em andamento, uma ótima visibilidade política, que vem demonstrando total controle do seu governo, sem nenhum escândalo e sem nenhuma mácula.
Nos últimos meses, Cinthia, que é presidente estadual do PSDB, promoveu uma reforma silenciosa em sua equipe de assessores, para adequá-la ao que pode chamar de seu governo, já que, desta vez, foi ela quem se elegeu prefeita.
Seu partido passa por uma grande turbulência em nível nacional, por conta das controvérsias em relação à prévia para a escolha do candidato à presidência da república, em que um dos seus principais líderes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se manifestou simpatizante da candidatura de Lula à presidência.
Cinthia pode estar apenas aguardando definições da cúpula nacional para, no segundo semestre iniciar as articulações para 2022. O agravamento dos casos de Covid-19 em todo o Tocantins pode, também, ser um dos motivos pelos quais ela ainda não iniciou as tratativas acerca das eleições majoritárias.
Bancada do Tocantins em Brasília
Resta, então, saber quais os rumos que tomarão os detentores de mandatos na Câmara Federal, os deputados Osires Dmaso, Eli Borges, Dorinha Seabra e Carlos Gaguim, se eles irão em bloco para o PSL assim que abrir a “janela”, no início de 2022, ou se algum deles vai preferir continuar no partido pelo qual foram eleitos e trabalhar o triplo do necessário para continuar em seus cargos, enfrentando não só os adversários diretos, mas uma pandemia interminável, uma inflação em alta, o desemprego monstruoso, o recorde diário de empresas sendo fechadas, deixando muitas famílias sem possibilidade de lutar pelo pão de cada dia, enquanto assistem as operações da Polícia Federal desvendando políticos inescrupulosos, desviando dinheiro do combate à Covid-19 para resolver assuntos de interesse pessoal, muitos deles em solo tocantinense.
A tendência é que os atuais detentores de mandato na Câmara Federal sigam para os braços do governador Mauro Carlesse, engrossando as fileiras do PSL e, uma vez com a estrutura garantida, tentar um fazer melhor que o outro e fechar o maior número de apoios possível, pois será cada um por si e Deus para todos.
“CHAPINHAS”, A SALVAÇÃO
Outro ponto que continua sem resolução é que rumo tomarão os partidos nanicos, sem representatividade, sem tempo no Horário Eleitoral Gratuito e sem Fundo de Campanha.
Se não for por intermédio do sistema de “chapinhas”, que reúne candidatos a deputado estadual com potencial de três a cinco mil votos e candidatos a deputado federal com mais de cinco mil votos, sem nenhum detentor de mandato integrando o grupo, o que possibilitaria a eleição de, pelo menos, três ou quatro deputados estaduais e dois federais, não haverá saída para essas legendas.
Recomenda-se aos integrantes desses partidos, tentar triplicar o fechamento de acordos, por meio de um ótimo trabalho de bastidores, enquanto aguarda as regras que regerão as eleições de 2022 serem divulgadas e virar Lei.
Depois, rezar muito, mas muito, mesmo, para a pandemia acabar até dezembro, caso contrário, a abstenção será recorde.
Quem conseguir se eleger será rei ou rainha, com todas as possibilidades de emplacar uma vida política duradoura.
Esta é a perspectiva de momento, por nós vista, com grandes possibilidades de se tornarem reais, pois sabe-se que a pressão para que as legendas sigam, nos estados, o que definir a cúpula nacional, será muito grande.
Esse é o jogo. Resta saber quem vai querer jogar!