QUEIMADAS NA AMAZÔNIA “QUEIMAM O FILME” DE BOLSONARO PERANTE O MUNDO

Posted On Sexta, 23 Agosto 2019 07:51
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Do presidente da França a artistas e esportistas internacionais, a situação na Amazônia ganhou as redes sociais – e Bolsonaro perdeu a linha

 

Por Edson Rodrigues

 

O presidente da França, Emmanuel Macron, quer que países do G7 discutam o que ele descreveu como uma emergência na floresta amazônica. Em um tuíte, Macron disse que a questão deve estar no topo da agenda de uma reunião de cúpula marcada para este m de semana.

 

"Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta, que produz 20% de nosso oxigênio, arde em chamas. É uma crise internacional", escreveu o presidente francês. "Membros do G7, vamos nos encontrar daqui a dois dias para falar dessa urgência!", completou Macron.

 

Presidentes das sete maiores economias do mundo se reúnem entre sábado e domingo para debaterem diferentes assuntos. Fazem parte do grupo Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

 

Mais cedo, também no Twitter, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, armou que está "profundamente preocupado" com os incêndios na Floresta Amazônica.

 

“No meio da crise climática global, nós não podemos esperar mais prejuízos à maior fonte de oxigênio e biodiversidade. A Amazônia deve ser protegida”, disse o secretário-geral.

 

A política ambiental do Brasil tem sofrido críticas após dados do Inpe mostrarem um aumento no número de queimadas em 2019.

 

Resposta brasileira

Na tarde de hoje, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, rebateu as declarações estrangeiras dizendo que países europeus usam o discurso ambientalista como forma de estabelecer barreiras à produção brasileira.

 

"Nós não podemos ser ingênuos. Os europeus usam questão do meio ambiente por duas razões: a primeira, para confrontar os princípios capitalistas. Porque desde que caiu o Muro de Berlim e fracassou a União Soviética, uma das vertentes para as quais a esquerda europeia migrou foi a questão do meio ambiente. E a outra coisa, para estabelecer barreiras ao crescimento e ao comércio brasileiro de bens e serviços”, disse após participar de evento.

 

Segundo o ministro essa estratégia já foi usada no passado e as informações sobre a floresta usadas pelos países estrangeiros são exageradas.

 

"Desmata, sim, mas não no nível e no índice que é dito. Além do que nós vamos esquecer que durante os anos 1980, 1990 e 2000 a febre aftosa foi usada como mecanismo de proteção para o mundo para evitar exportações de carne e grãos brasileiros?”, questionou. “O Brasil cuida e muito bem do seu meio ambiente”, completou.

 

Bolsonaro coleciona críticas

O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quinta-feira (22), ao ser questionado por jornalistas, que fazendeiros podem estar por trás de queimadas na região amazônica, porém a "maior suspeita" recai sobre organizações não-governamentais (ONGs).

 

Bolsonaro voltou a comentar o tema em entrevista na saída do Palácio da Alvorada. Na quarta (21), o presidente levantou a suspeita de que "ongueiros" sejam os responsáveis por incêndios na região.

 

A Amazônia concentra 52,5% dos focos de queimadas de 2019, segundo os dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O G1 mostrou que o número de queimadas aumentou 82% em relação ao mesmo período de 2019 – de janeiro a 18 de agosto.

 

Pelo segundo dia seguido, Jair Bolsonaro fala sobre queimadas

Indagado se fazendeiros poderiam estar por trás das queimadas, Bolsonaro disse que sim, porém reforçou a suspeita sobre as ONGs.

 

"Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs", declarou o presidente.

 

Bolsonaro ainda foi perguntado se há provas e repetiu que não há registros escritos.

 

"Não se tem prova disso, meu Deus do céu. Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe isso. Se você não pegar em flagrante quem está queimando e buscar quem mandou fazer isso, que isso tá acontecendo, é um crime que está acontecendo", declarou.

 

O presidente criticou a cobertura da imprensa às declarações, disse que não defende queimadas e que apresentou uma suspeita, já que as ONGs perderam recursos que eram direcionados pelo governo.

Questionado sobre os responsáveis pelos incêndios, Bolsonaro ironizou: "São os índios, quer que eu culpe os índios? Vai escrever os índios amanhã? Quer que eu culpe os marcianos? É, no meu entender, um indício fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a teta deles. É simples".

 

Nesta quarta-feira (21), ambientalistas classificaram a fala de Bolsonaro sobre relacionar queimadas às ONGs como "irresponsável" e "leviana" .

 

"Essa afirmativa da Presidência da República é completamente irresponsável, porque as ONGs têm como objetivo o meio ambiente como prioridade. Não faz nenhum sentido dizer que ONG está colocando fogo em floresta, pelo contrário. É um grande absurdo", afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy.