O senador alagoano Renan Calheiros está prestes a entregar o relatório final da CPI da Covid-19, criada para investigar a aplicação dos recursos liberados pela União para o combate à pandemia de Covid-19 que assola o país e já ceifou mais de 600 mil vidas em todos os estados e no Distrito Federal.
Por Edson Rodrigues
Mas, se já era estranho e desconfiável uma Comissão Parlamentar de Inquérito comandada por um político campeão de processos contra si na esfera federal, que já foi cassado e ficou inelegível por crime de corrupção, que responde pela alcunha de “peruquinha” em planilhas da Odebrecht e que tinha os pagamentos da pensão de uma filha fora do casamento pago com propinas, a CPI da Covid-19 corre o risco de se tornar a maior “pizza” já produzida em Brasília.
Afinal, Renan Calheiros, enfim, revelou ser verdade o que todos desconfiavam. Ao iniciar os trabalhos da CPI desviando o objetivo, que era investigar estados e municípios, mirando todas as baterias contra o governo federal, quem liberou os recursos, viu-se que a CPI seria transformada em um palanque eleitoral e em uma fábrica de acusações contra o governo de Jair Bolsonaro, com quem Renan tem uma rixa particular.
Os trabalhos se desdobraram por meses sob essa suspeita, com convocações descabidas, ataques pessoais aos depoentes, ordens de prisão, no mínimo, arbitrárias e muita pirotecnia. Eis, então, que é chegada a hora de apresentar o relatório e Renan Calheiros consegue desagradar até os que se juntaram a ele no desvio dos objetivos da CPI, incluindo o próprio presidente, senador Omar Aziz, ferrenho combatente de oposição ao Palácio do Planalto.
Senadores Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues
Aziz reclama que Renan “vazou” o conteúdo do relatório antes de repassar para os membros da CPI, principalmente do chamado “G7”, formado pelos oposicionistas a Bolsonaro. O próprio G7 reclama que o relatório só foi entregue a cinco deles. Nos agradecimentos,coincidentemente, Calheiros cita apenas cinco senadores, pisando sobre os trabalhos dos demais e, finalmente, o senador alagoano não entregou o relatório para os membros governistas da CPI.
Mais absurdo que isso, Renan Calheiros incluiu e retirou indiciamentos de pessoas ao seu bel prazer, ignorando os acordos e sugestões dos demais membros da CPI.
E, ainda mais absurdo, imputa ao presidente Jair Bolsonaro o crime de “genocídio de indígenas”, contrariando o sentido da palavra “genocídio”, usada apenas uma vez na literatura jurídica para caracterizar os crimes nazistas contra os judeus, abrindo uma oportunidade para que todo o trabalho desenvolvido na CPI seja em vão, pois não há baseamento jurídico para as acusações.
Ou seja, Renan fez da CPI da Covid-19 um “circo” para si mesmo, um arremedo de palanque eleitoral para 2022 e, no fim, dá um tiro no próprio pé e nos pés dos demais membros oposicionistas da Comissão, produzindo um relatório que já nasce contaminado e que, muito provavelmente será derrubado em votação no Congresso Nacional, jogando por terra algumas revelações e descobertas importantes a respeito de desvios de recursos, promovidas por governadores e prefeitos.
Renan se revela um político de intelecto limitado ao ter “a faca e o queijo na mão” e preferir “embrulhar uma pizza” a ser entregue no Congresso Nacional.
O governo Federal agradece...