Sem profissionalismo na campanha e boas propostas, será difícil conquistar votos

Posted On Domingo, 07 Julho 2024 06:45
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REFLEXÃO DESTE DOMINGO

 

Por Edson Rodrigues

 

A sucessão municipal deste ano iniciou uma nova fase no último dia cinco, com o impedimento dos candidatos a prefeito e a vereador de acompanhar o governador, o prefeito de sua cidade ou outras autoridades constituídas, em entrega de obras, assinaturas de ordens de serviço, inaugurações ou qualquer ato administrativo federal, estadual ou municipal.

 

Em outras palavras, acabou a fase da “carona”, da “garupa”, do “papagaio de pirata” ou de “fazer graça com chapéu alheio”.

 

Como o Observatório Político de O Paralelo 13 vem expondo desde o início do processo sucessório, as eleições municipais de 2024 não serão para amadores nem para aventureiros, principalmente nos maiores colégios eleitorais tocantinenses.

 

Será o primeiro pleito municipal sem as coligações proporcionais, com novas regras para as “sobras” e o quociente eleitorais, já definidas pela Justiça Eleitoral.

 

O candidato a um mandato eletivo este ano, seja para prefeito ou vereador, terá que estar muito bem-assessorado por profissionais de marketing político, assessoria jurídica, assessoria de comunicação, contabilistas eleitorais, cabos eleitorais inteligentes e preparados, um conselho político ativo e respeitado pelo postulante e, além disso, ter propostas boas e bem fundamentadas.

 

Será importante, também, que o candidato tenha empatia, simpatia e um bom relacionamento com os principais veículos de comunicação, que são os verdadeiros formadores de opinião e têm credibilidade junto à população.

 

DEBATES

 

Toda essa equipe profissional será necessária, também, para deixar os candidatos a prefeito totalmente preparados para os debates. Principalmente para a primeira questão, que será “participar ou não participar do debate”.

 

Os que decidirem por participar dos debates, devem estar preparados para ter seus passados virados do avesso – principalmente se já exerceram função pública e se teve algum problema com a Justiça do mais leve até casos de corrupção – seu presente em total investigação, assim como sua vida pessoal e pública. Para tudo as respostas devem ser diretas, seguras e críveis, pois isso é o “debate” na sua essência. Além dos projetos e propostas, haverá sempre o espaço para perguntas, e é nessa hora que todos ficam mais expostos. Expostos a surpresas ou expostos para dar respostas diretas, esclarecedoras e pertinentes.

 

Já quem decidir por não comparecer aos debates, pode até achar que se livra dos riscos de grandes desgastes.  Se o candidato for devidamente “limpo” de problemas com a Justiça e de qualquer deslize em sua vida pessoal, a justificativa da ausência pode até ser “digerida” pelos eleitores.

 

Mas, caso contrário, os seus adversários presentes ao debate terão a oportunidade única de iniciar uma fase desgastante e com muita possibilidade de sangramento contínuo, transformando o ausente em vidraça, atacando-o de todas as formas possíveis, pois não terão quem os interpele ou negue o que quer que falem, e podem “esquartejar”, politicamente, o candidato ausente.

 

Negar as acusações e rebater os ataques sofridos em um debate apenas, pode até ser plausível,  se o candidato tiver um bom projeto de marketing capaz de suplantar os ataques e diluir seus efeitos, mas continuar apenas arrumando desculpas e não comparecendo aos demais debates, pode ser suicídio eleitoral.

 

Debates sérios, com transparência e preparo, podem ser cruciais para a consolidação da imagem do candidato, criando empatia com o eleitorado e suscitando oportunidades de demonstrar suas qualidades e sua capacidade em assumir o cargo de gestor municipal.

 

Os eleitores estão abertos a ouvir as propostas e a debater, conjuntamente, os projetos, mas, para isso, precisam, primeiro, confiar minimamente no candidato, independente da cor partidária ou ideologia política.

 

Um bom desempenho em um debate pode ser definitivo para uma vitória eleitoral.

 

O EXEMPLO

 

Em 1995, Cristóvão Buarque era candidato ao governo do Distrito Federal. Sua campanha era tão pífia, que nenhuma empresa de publicidade com experiência em campanhas políticas aceitou fazer sua campanha, por conta dos meros 1,5% de intenção de votos apontados nas pesquisas.

 

Foi então que um tocantinense entrou para a história do marketing político nacional. O publicitário José Carlos Leitão, à época presidente da Associação dos Proprietários de Empresas de Publicidade do Distrito Federal, se juntou a um amigo da área e começou a produzir peças de marketing para Cristóvão Buarque.

 

Pouco mais de 40 dias depois, Cristóvão Buarque já apontava como o terceiro colocado nas pesquisas, tecnicamente empatado com o segundo colocado. Foi aí que o plano de governo de Buarque foi encorpado com pitadas pontuais de estratégias de marketing, que deram visibilidade e tornaram as qualidades do seu programa de governo mais evidentes e mais claras, e aos eleitores simplesmente “compraram” a ideia.

 

A partir desse ponto, veio o Programa Bolsa Família que, mais tarde foi adotado e nacionalizado pelo governo Lula, e Cristóvão Buarque tornou-se líder das pesquisas faltando pouco mais de 20 dias para o dia da eleição.

 

Cristóvão Buarque foi eleito, seu futuro político, tornou-se notável, com duas eleições para o Senado e José Carlos Leitão, natural de Novo Acordo, tornou-se uma celebridade na área do marketing político e, até hoje, atua na área do aconselhamento político, análise de pesquisas e é uma referência em consultoria em diversos estados do Brasil, com trânsito livre nos principais gabinetes da Capital Federal, principalmente nos do governo do Distrito Federal.

 

CONCLUSÃO

 

Com o exposto acima, fica claro que não há candidaturas imbatíveis, muito menos candidaturas sem possibilidade de êxito. Só a voz das urnas é quem decide. Temos diversos exemplos no Tocantins, como Carlos Amastha, em Palmas, Joaquim Maia, em Porto Nacional, Wagner Rodrigues, em Araguaína, e isso só para ficar nos mais recentes casos de viradas históricas em eleições municipais.

 

Ainda há tempo de buscar profissionalizar as campanhas nas áreas de marketing, comunicação e contábil, buscar a empatia das redações dos veículos de comunicação de credibilidade, montar um conselho político com autonomia e m coordenador de campanha experiente, que tome as decisões na hora que precisar, agradem ou não ao candidato.

 

A campanha precisa ser descentralizada, mas com autonomia dada a profissionais. Campanha política não pode ser embasada em opinião de baba-ovo, senão, o candidato só vai ouvir o que quer, não o que precisa ouvir.

 

Fica a dica...

 

Última modificação em Domingo, 07 Julho 2024 07:11