EDITORIAL
Ao assumir sua cadeira no Senado nesta terça-feira (16), aos 90 anos, o ex-governador Siqueira Campos protagonizou o auge da história política do Tocantins.
Por Edson Rodrigues
Esqueçam as conotações de idade (Siqueira o mais velho e Irajá Abreu o mais novo), as congratulações protocolares, apertos de mãos e tapinhas nas costas. Siqueira Campos entrou no plenário do Senado Federal servindo de exemplo a todos os demais presentes do que representa a verdadeira política. Fosse um político cearense (como Siqueira é de nascença), carioca, paulista, baiano ou de qualquer outro estado brasileiro, não teria o mesmo simbolismo e peculiaridades que o ato representou.
Siqueira Campos entrou silencioso, semblante constrito, ladeado por seus familiares e outros políticos tocantinenses, como o único remanescente da arte da política na essência da palavra “arte”.
Prefeita de Palmas Cinthía Ribeiro
Siqueira estava presente, novamente como membro, no Congresso Nacional, o mesmo local que foi palco de seu protagonismo na criação, há 31 anos, do mesmo Estado que, a partir deste dia 16, será o representante junto aos demais poderes, durante a Assembleia Constituinte.
Presenciar esse momento histórico da política brasileira foi “uma honra”, como disse o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, em nome de todos os demais presentes.
Senador José Wilson Siqueira Campos, Dr. Lívia Angelica Siqueira de Abreu e Dr. Maryluce Siqueira
Quantos outros políticos brasileiros tiveram – ou terão – o mesmo privilégio?
Ao mesmo tempo em que essa pergunta está sendo formulada, outra vem, imediatamente à nossa cabeça: qual outro político, senão o senador mais votado nas últimas eleições, Eduardo Gomes, teria a mesma grandeza d’alma e de caráter em idealizar e realizar essa mais que justa homenagem ao último grande estadista brasileiro?
NATURALIDADE
Pois foi com imensa naturalidade e humildade que o senador Eduardo Gomes tomou essa decisão, mesmo estando sob os mais intensos holofotes da mídia política nacional, terceiro-secretário da Mesa-Diretora do Senado, vice-líder do governo Bolsonaro, Relator Setorial do Orçamento do Ministério do Desenvolvimento, cotado, inclusive, para ser ministro, e resolveu assumir a não menos importante Secretaria de Governo do Estado do Tocantins.
Mais que uma “promessa de campanha” como diz quem prefere não se aprofundar no assunto, o gesto de Eduardo Gomes foi o reconhecimento a um dos seus mestres políticos e à própria política tocantinense, mostrando aos políticos atuais e aos eleitores, que ainda resta esperança à política brasileira e, o principal, mostrando o exemplo vivo disso, na pessoa de Siqueira Campos.
NUANCES
Este editorial poderia ser um simples replicador da notícia da volta de Siqueira Campos ao Senado após o pedido de licença do titular da vaga. Mas nós tivemos o esmero de buscar as nuances que a história nos proporciona e lembrar do momento único que a posse de Siqueira Campos no Senado representa.
Siqueira Campos era o titular da vaga e abdicou, por problemas de saúde, para que Eduardo Gomes, seu suplente, assumisse a titularidade.
Eduardo Gomes, cuja melhor posição nas pesquisas eleitorais era o terceiro lugar, foi eleito com 248.358 votos, o senador mais votado do Tocantins. Assumiu em fevereiro e foi mostrando ao Brasil sua inteligência e capacidade de articulação, galgando os cargos já citados.
Enquanto isso, monitorando o avanço da recuperação do estado de saúde de Siqueira Campos, ignorou – no melhor sentido – todos os prognósticos dos analistas políticos que indicavam um aumento gradativo e constante da sua participação no atual governo federal, preparou um momento ímpar para Siqueira Campos e para todos os tocantinenses, enchendo de orgulho a todos os que têm a mente livre de amarras políticas e ideológicas e são capazes de entender a grandiosidade do seu ato.
Poderíamos, aqui, nos alongar, mostrando o perfil e a trajetória política de Eduardo Gomes e de Siqueira Campos, mas, temos certeza, de que este breve relato do que o Senado Brasileiro viveu nesta terça-feira, já é suficiente para que todos compreendam a importância que cada um dos citados têm na história política do Tocantins, mesmo que seja, “apenas” a partir deste dia 16 de julho de 2019.
Tudo o que vier de bom na política tocantinense, daqui pra frente, pode ser comemorado e lembrado, mas, jamais, será celebrado, como o dia de hoje o será.