Haverá razão maior para justificar a aliança dos dois do que livrar o país de Bolsonaro?
Por Ricardo Noblat
Se Lula emite sinais de que se inclina para a esquerda, apanha dos que não gostam disso e têm lá suas razões para não gostar. Geralmente, são eleitores de direita que para disfarçar se apresentam como se de direita não fossem, mas de centro.
Por sinal, está para ser descoberta uma métrica capaz de estabelecer com precisão a que distância da direita e da esquerda deve se posicionar um eleitor digno de ser identificado como de centro. Eleitor de centro seria mais isento do que os outros?
Se Lula emite sinais de que se inclina para a direita, apanha do mesmo jeito, e dos que antes o criticavam por pender para a esquerda. Não seria mais honesto admitir que Lula os desagrada mesmo se coberto de ouro e que desejam vê-lo aposentado?
Imaginaram que ele não sairia tão cedo da prisão, e que se saísse não teria tempo para voltar. Era um ficha suja inelegível até quase o fim da vida. Mas aí o Supremo Tribunal Federal concluiu que o ex-juiz Sérgio Moro foi parcial ao condenar Lula, e ele voltou.
Para essa gente, até outro dia, Geraldo Alckmin tinha as qualidades e fazia por merecer governar São Paulo pela quinta vez. Antes ele do que Fernando Haddad e Guilherme Boulos, candidatos do PT e do PSOL, e Rodrigo Garcia, do PSDB.
Verdade que em 2018, Alckmin não conseguiu mais do que 5% dos votos válidos para presidente da República, mas a culpa não fora dele e sim de Bolsonaro que galvanizara o sentimento antipetistas dos eleitores. Era uma escolha difícil entre Bolsonaro e Haddad…
Uma vez que Alckmin parece atraído pela chance de ser vice de Lula, virou saco de pancada. Dele agora se diz que não deveria ser vice porque nada acrescenta a Lula; e que se virar e Lula se eleger, será um um vice-presidente decorativo como Temer foi de Dilma.