O governador em exercício Wanderlei Barbosa chega ao ano de 2022, ano das eleições estaduais, com um orçamento “virgem”, aprovado pela Assembléia Legislativa e sancionado por ele próprio, 100% ao seu gosto, sem nenhum empecilho no parlamento estadual.
Por Edson Rodrigues
Ao chegar ao governo, após o afastamento de Mauro Carlesse pelo STJ, Wanderlei encontrou um Estado com sua economia equilibrada e com quase dois bilhões de reais nos cofres públicos.
Sua primeira decisão como governador foi fazer justiça com os servidores públicos estaduais, com o Igeprev, fornecedores e prestadores de serviço e seu último ato de 2021 foi o de auxiliar os tocantinenses impactados pelas enchentes, com distribuição de cestas básicas, kits de higiene e recuperação de estradas.
Tudo muito bem pensado, bem intencionado e bem realizado, sem nenhuma vírgula a ser contestada.
OS ENTRAVES A SEREM VENCIDOS
Agora, neste início de 2022, Wanderlei Barbosa precisa tornar públicas suas metas para o último ano de mandato, mesmo com a previsão do afastamento de Mauro Carlesse ser apenas até abril, pois já há ato jurídico para torná-la definitiva. Por isso, Wanderlei tem que ter um plano de trabalho até o fim do mandato, mesmo com a possibilidade mínima de ter que devolver o cargo em abril.
Vale lembrar que Carlesse foi afastado por estar interferindo e dificultando as investigações contra si, mas ainda não é réu em nenhum processo, muito menos tem condenação transitada em julgado. É importante, também, ressaltar, que corre um processo de impeachment contra Carlesse na Assembleia Legislativa, aprovado por maioria absoluta e que está em pleno transcorrer do rito processual.
Wanderlei Barbosa
Com o decorrer das investigações e com a juntada das informações obtidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, é bem provável que o impeachment seja aprovado, afastando as chances de uma volta via STJ ou STF.
Portanto, é mais certo que Wanderlei permaneça no cargo de governador até dezembro que a volta de Carlesse em abril. Por isso, é de suma importância que Wanderlei se atente para os obstáculos políticos que deve enfrentar.
O principal desses obstáculos é a decisão sobre por qual partido ele se candidatará a uma reeleição, uma decisão que não será nada fácil anta à insegurança política imposta pela implementação das Federações Partidárias, que obrigarão os diretórios estaduais a seguirem as decisões das cúpulas nacionais das legendas, sem respeitar a história política dos estados, em que há partidos que preferem não concorrer à eleição do que se coligar a um adversário tradicional.
ASSEMBLEIA X KÁTIA ABREU
O Observatório Político de O Paralelo 13, em conversas reservadas com alguns parlamentares de partidos variados, detectou um clima de desconforto em relação a formarem palanque com a senadora Kátia Abreu. Foi muito lembrado que nas últimas eleições estaduais tanto a senadora quanto seu filho o também senador, Irajá Abreu, evitaram aproximação com a maioria dos deputados detentores de mandatos, assim como fizeram nas eleições municipais passadas, quando mantiveram distância dos deputados estaduais.
Deputados eataduais em posse
Ficou denotado que os deputados estão unidos e, no momento certo, tomarão uma decisão “em manada” até o dia dois de abril, último dia para mudarem de partido sem perder seus mandatos, e anunciar com quem estarão ombreando nas eleições estaduais.
Outra pergunta ainda sem resposta é se Kátia ficará com o comando estadual do PP. O Observatório Político de O Paralelo 13 colheu informações que levam a uma enorme interrogação acerca desse fato, uma vez que depois de servir um jantar para 42 senadores em sua residência, na véspera da votação da indicação do Senado para uma vaga vitalícia de ministro no Tribunal de Contas da União, a senadora tocantinense foi “tratorada” e humilhada sem dó pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo presidente nacional do PP, ministro-chefe da Casa Civil do governo Federal, Ciro Nogueira.
Aqui no Tocantins, damos à atitudes como a tomada por Ciro Nogueira o nome de “trairagem”, algo bem mais sórdido que apenas uma covardia, ainda mais com uma senadora da República, com um passado ilibado de bons serviços prestados ao Brasil e ao Tocantins.
Além disso, nosso Observatório Político recebeu informações de que o Presidente Jair Bolsonaro já tem o seu candidato ao Senado, pelo PP, no Tocantins, e ele não é a senadora Kátia Abreu.
Logo, são fortes as chances do comando do PP ser retirado das mãos da senadora e entregue a um grupo de políticos, detentores de mandatos.
CONCLUSÃO
Diante do quadro de instabilidade política, mostrado acima, provocado por diversos fatores, e que deve durar até o dia dois de abril, a “metamorfose ambulante” político-partidária afeta não só o governador em exercício, Wanderlei Barbosa, candidatíssimo à reeleição, com chances reais de reeleição, como também a maioria dos grandes nomes políticos do Tocantins, que têm pretensões para as eleições de outubro próximo.
Wanderlei tem o “fantasma” de Carlesse ainda em seu encalço, mas com grandes chances de ser “cancelado” ou pelo poder Judiciário ou pelo Legislativo, e a necessidade de se encaixar em um partido que lhe dê chances de ser competitivo.
Já Kátia Abreu tem uma série de “nós para desatar”, até descobrir um palanque com bons nomes para lhe acompanhar em suas pretensões políticas, sempre lembrando que em política, tudo pode acontecer, na mesma proporção em que pode, também, não acontecer....
“DIRETO DA FONTE”
(I) FILIAÇÃO E AS FEDERAÇÕES PARTIDÁRIAS
Os deputados estaduais Luana Ribeiro e Olinto Neto terão que “alçar vôo” do ninho tucano tocantinense. Comandado pela prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, que está em ascensão popular vertiginosa, o PSDB tocantinense dificilmente terá lugar para os dois deputados estaduais, que não se bicam com Cinthia.
Luana e Olinto, dois deputados estaduais bem avaliados e com patrimônio políticos, terão que achar uma vaga em outra ou outras legendas, o que não será difícil, pois têm reeleição praticamente garantida.
(II) SE A SENADORA KATIA ABREU PERDER O COMANDO DO PP...
Como já informamos, a permanência de Kátia Abreu no PP é praticamente insustentável e, segundo nossa fonte, o caminho mais fácil para a senadora disputar uma reeleição é o PSD, quem tem o seu filho, também senador, Irajá Abreu, como presidente estadual, ou o PDT, último partido de Kátia ante de migrar para o PP.
O PDT, por sinal, está na base de apoio ao governador em exercício Wanderlei Barbosa, com quem a senadora tem ótimo relacionamento, e tem como presidente estadual exatamente o secretário de Governo de Wanderlei, Jairo Mariano, ex-prefeito de Pedro Afonso e ex-presidente da ATM, um político de prestígio no Estado e no governo Wanderlei Barbosa.
(III) HÁ RISCO DE CARLESSE VOTAR AO GOVERNO?
Mauro Carlesse se filia ao PSL
Há um silêncio muito grande nas hostes de Mauro Carlesse, afastado, a priori, até o mês de abril, do governo do Estado. Seus advogados e simpatizantes assumiram as “posições dos macaquinhos”: não vêem nada, não escutam nada e, principalmente, não falam nada, nos últimos 12 dias.
Há rumores de que estão trabalhando uma peça jurídica de peso, a ser inserida em um pedido de liminar ao STF, que facilitaria seu retorno.
O pedido de liminar deve ser protocolado ainda esta semana junto ao STF.
(IV) DEPUTADOS ESTADUAIS TERÃO DECISÃO CONJUNTA
Deputado Antonio Andrade presidente da ALETO
O nome é meio pejorativo, mas é o correto quando se fala em ações tomadas por grupos de indivíduos que tomam uma mesma direção. Estamos falando do “efeito manada”, a ser observado na Assembleia Legislativa, sob a batuta do presidente da Casa, deputado Toinho Andrade, para a definição do apoio da maioria dos parlamentares a uma candidatura em outubro de 2022.
A tendência é que o grupo caminhe junto com o governador Wanderlei Barbosa. A única possibilidade de divisão entre os parlamentares depende de qual será o posicionamento de Barbosa em relação à senadora Kátia Abreu, rompida, politicamente, não só com Toinho Andrade como com a maioria dos deputados estaduais.
A se observar!