Aliados de Sergio Moro passaram a defender que o governador de São Paulo, João Doria, seja candidato a vice-presidente do ex-juiz este ano
Por Igor Gadelha / Gustavo Zucchi
Após a divulgação da primeira pesquisa eleitoral de 2022 nessa quarta-feira (12/1), aliados de Sergio Moro (Podemos) passaram a defender, nos bastidores, a união entre o ex-juiz e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em uma mesma chapa presidencial.
A avaliação é de que a junção seria um dos melhores caminhos para tentar quebrar a polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que apareceram isolados na liderança da pesquisa Quaest/Genial Investimentos divulgada nessa quarta.
Aliados de Moro defendem, no entanto, que o ex-juiz deve ser o cabeça de chapa e Doria o candidato a vice-presidente. Usam como argumento o desempenho de cada um no levantamento da Quaest/Genial, no qual Moro aparece como o candidato da terceira via mais bem colocado, com 9%, enquanto Doria tem 3%.
A chapa Moro-Doria é defendida principalmente por entusiastas da candidatura do ex-juiz no União Brasil, partido que nascerá da fusão do PSL com o DEM e que promete apoiar Moro. Integrantes desse grupo disseram à coluna já terem, inclusive, abordado essa possibilidade com aliados de Doria, que rejeita o plano por ora.
Para grupo do ex-juiz da Lava Jato, o atual governador paulista teria como atrativo a mesma perspectiva que Geraldo Alckmin terá, caso seja candidato a vice de Lula: a de ser o sucessor, em 2026, do presidente eleito este ano. Moro já prometeu publicamente que defenderá o fim da reeleição, caso eleito em 2022.
Aliados do ex-juiz acreditam que uma chapa Moro-Doria abriria uma “terceira frente” com potencial de tirar Bolsonaro do segundo turno. Entre outros motivos, porque somaria, em uma só candidatura, os motes do combate à corrupção e da experiência de gestão e a máquina tucana em São Paulo.
Com ou sem Doria, o presidenciável do Podemos deve, inclusive, intensificar agendas políticas em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil. Entre o final de janeiro e o início de fevereiro, ele deve cumprir agenda em cidades como São José do Rio Preto, Bebedouro, Barretos, Ribeirão Preto e na capital paulista.
Aliados de Doria negam chances
Aliados de Doria consideram praticamente nulas as chances de ele topar ser candidato a vice de Moro ou de qualquer outro nome da terceira via. Eles minimizam o fraco desempenho do tucano nas pesquisas, citando que, em 2016, ele foi eleito prefeito de São Paulo no primeiro turno, após largar com 1% das intenções de voto.
Auxiliares do governador paulista ressaltam também que ele só pretende botar o bloco de sua pré-candidatura na rua de fato depois de março. Até lá, dizem, Doria se concentrará em sua gestão no Palácio dos Bandeirantes, a qual quer usar como vitrine na disputa presidencial.