A pandemia do novo coronavírus ou Covid-19 se abateu sobre o mundo como uma régua de pedreiro, aquela que vem nivelando toda a superfície, colocando todos no mesmo prumo, no mesmo nível, no mesmo “barco”.
Por Edson Rodrigues e Luciano Moreira
A apreensão e os cuidados que provocou no mundo atingiram – e continuam atingindo – dos mais abastados aos menos favorecidos, em uma mobilização de saúde que ultrapassa os cuidados infligidos pelas grandes guerras mundiais.
É certo que começou evidenciando as desigualdades sociais, mesmo o vírus tendo o potencial de contaminar todos, num primeiro momento, pessoas das classes média e alta que viajaram para o exterior o que fez saltar aos olhos o fato dela ter tomado uma dimensão na cobertura jornalística muito maior que outras epidemias que ainda hoje vitimam mais pessoas, como a dengue e o sarampo.
À primeira vista, isto ocorre justamente por uma questão de classe: como o primeiro epicentro do coronavírus foi a Europa e não o continente africano ou latino-americano, a visibilidade da epidemia foi muito maior.
Hoje, percebe-se que o Covid-19 não poupa ninguém, mas começou com primeiros-ministros, presidentes e atletas consagrados e, agora, chega á periferia, aos trabalhadores operacionais e precarizados, que se deslocam para suas casas de transporte coletivo, dentro de um ambiente potencialmente explosivo para uma contaminação massiva. Se nas universidades as aulas foram suspensas e algumas adotaram o sistema de ensino à distância, como ficam os funcionários operacionais terceirizados? Evidente que eles continuarão trabalhando.
A grande lição que o Covid-19 deixa á humanidade é que todos somos iguais, não importa a classe social, credo, opção sexual ou quaisquer que sejam os parâmetros vis utilizados na classificação de humanos, estamos, todos, de volta a uma grande “Arca de Noé”.
UNIÃO
Os efeitos para a vida e para a economia hoje são cada vez mais claros, até mesmo para quem insiste em renegar a existência de um inimigo que tem feito milhares de vítimas mundo afora.
Mas, diante das previsões dos especialistas, nesse momento de incertezas, quero aqui refletir: e quando toda essa crise passar (eu acredito que venceremos em breve)? O que vamos aprender com essa guerra sem canhões e metralhadoras? Como será a vida pós-Covid-19?
Para começar, ficam as lições sobre as prioridades dos governos na aplicação de mais recursos para a ciência, a saúde, o saneamento básico e habitação de qualidade às populações mais vulneráveis; e mais essencial ainda, a modernização das universidades para a formação desses exércitos de homens e mulheres, especialistas nas áreas voltadas para a qualidade de vida.
Hoje, mesmo diante de um inimigo invisível que nos força a nos cumprimentar a distância – numa terra onde o aperto de mão e o abraço caloroso são costumes -, já é possível perceber mais aflorada a solidariedade, um mundo menos individualista.
No pós-Covid-19, se mantivermos o isolamento social, muitas vidas serão salvas. Ficará, é claro, uma economia estilhaçada, cujos cacos teremos que juntar. Será o momento de o governo lançar mão, por exemplo, do aumento da tributação sobre as altas rendas, como heranças e patrimônios.
No mais, vamos confiar que os repasses emergenciais cheguem aos governos, prefeituras, trabalhadores formais e informais e empresários, para que passemos por essa pandemia mais tranquilos, fortalecendo os valores familiares e deixando de festejar a tecnologia.
Os seres humanos são vulneráveis e a tecnologia não resolve todos os problemas. Os problemas resolvidos pela tecnologia exigem grandes quantidades de energia e materiais. Quando não tivermos acesso a eles, as soluções tecnológicas não estarão disponíveis. Agir de maneira sensata é o maior poder do ser humano, em qualquer contexto.
Em tempos convulsivos, surge o melhor (e talvez o pior) de algumas pessoas, mas a solidariedade está sempre presente. Devemos potencializá-la para que a consciência de equipe e o bem comum estejam acima dos interesses particulares. O coronavírus nos serviu para perceber a qualidade humana de muitos profissionais (médicos, enfermeiros, trabalhadores do setor de alimentação, distribuidores, centrais elétricas...). Por solidariedade e justiça, as grandes fortunas e grandes empresas têm maiores compromissos nessa transição. Os paraísos fiscais são um câncer que nos impede de seguir na direção certa.
Mas, o que realmente fica de lição é que a família é o cerne de toda a sociedade. A proteção familiar é a mesma que serve para proteger a sociedade como um todo. E, quando todos se conscientizam sobre uma mesma questão, fica muito mias fácil mobilizar as massas por um bem comum.
Portanto, faça a sua parte. Cuide dos seus e fique em casa.
A pandemia passa, mas que se vai por causa dela, jamais volta!