Sobre a pandemia, o deputado é enfático: o presidente não mudará sua postura em relação à crise sanitária, apesar da criação do comitê de acompanhamento da pandemia
Por Ingrid Soares Israel Medeiros
Caso o presidente Jair Bolsonaro sancione o Orçamento da União deste ano da forma como está, pode ficar inelegível. O alerta é do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, quando esteve à frente das Câmara não se furtava em antagonizar com o chefe do Palácio do Planalto.
Da mesma forma, jamais poupou crítica ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para ele “vaidoso”, “pouco aplicado” e em busca de protagonismo — mas, apesar das diferenças, concorda que é preciso respeitar o teto de gastos. Maia salienta que, enquanto presidiu a Casa à qual pertence, não percebeu clima para o impeachment de Bolsonaro, mas que tais condições podem vir com a CPI da Covid, que será instalada amanhã, no Senado. Aliás, sobre a pandemia, o deputado é enfático: o presidente não mudará sua postura em relação à crise sanitária, apesar da criação do comitê de acompanhamento da pandemia.
Qual sua opinião sobre a possibilidade de desmembramento do Ministério da Economia?
Esta é uma decisão que cabe ao presidente.
Como fica a credibilidade de Guedes com o mercado financeiro?
Já acabou a credibilidade dos dois.
Como diferencia os problemas que o senhor teve com o Ministério da Economia dos problemas entre a pasta e o Centrão? Qual é o problema no momento? Os deputados ou Guedes e equipe?
Paulo Guedes é vaidoso e não aceita outra pessoa no protagonismo da agenda. Além disso, é pouco aplicado e promete coisas que não pode entregar. Apesar disso, eu nunca deixei de defender o que acredito, mesmo que, muitas vezes, isso o tenha fortalecido. Acho um erro o Congresso pressionar o governo pelo Orçamento com tantos problemas. Tem que ter responsabilidade com o respeito às leis.
Como avalia esse embate do Orçamento?
Bolsonaro pode incorrer em crime de responsabilidade fiscal ou ficar inelegível. É muito grave sancionar.
Qual seria a saída para mais esse desgaste?
Precisa cumprir a Constituição e as leis.
Como avalia a relação entre o presidente e o Centrão? A tendência desse relacionamento é ir por água abaixo?
O Centrão tem uma forma de atuação diferente. Sempre coloca muita pressão no governo.
Como analisa a nova crise aberta entre o Executivo e o Judiciário por causa da CPI da Covid?
O presidente sempre testa o limite das instituições. Felizmente, tem sido derrotado.
Em algum momento, o senhor pensou em aceitar algum pedido de impeachment contra Bolsonaro?
Não, não existia ambiente.
E acha que hoje há motivos suficientes para abrir processo de impeachment?
Há, sim, um caminho, que poderá ser confirmado pela CPI.
O país contabiliza mais de 350 mil mortes por covid-19. Acha que a criação do comitê de combate dos Três Poderes à doença surtirá efeito?
Infelizmente, o presidente não respeita o próprio comitê.
O presidente continua defendendo tratamento precoce e contra o lockdown…
Nada vai mudar