Transparência Internacional cita falta de avanço no combate à corrupção e influência do crime organizado; país ficou na 107ª posição, ante 69ª no governo Dilma
Por Paulo Barros
O Brasil caiu no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024, divulgado pela Transparência Internacional, registrando sua pior nota e colocação desde o início da série histórica. O país recebeu 34 pontos e ficou na 107ª posição entre 180 nações, uma piora em relação a 2023, quando marcou 36 pontos e ocupava a 104ª colocação.
O relatório avalia a percepção de corrupção no setor público com base em 13 pesquisas feitas por 12 organizações internacionais, que consultam especialistas e o mercado. Quanto menor a pontuação, pior a percepção de corrupção. A média global foi de 43 pontos, enquanto a média das Américas ficou em 42 pontos.
A Transparência Internacional atribui a piora no ranking a uma combinação de fatores que indicam um retrocesso no combate à corrupção, entre eles:
Silêncio do presidente Lula sobre a pauta anticorrupção;
Falta de transparência no Novo PAC, dificultando o controle social;
Percepção de crescente ingerência política na Petrobras (PETR4);
Negativas do governo a pedidos de acesso à informação, incluindo casos envolvendo a alta cúpula do governo;
Desvios de emendas parlamentares e corrupção no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS);
Arquivamentos e anulações de processos de corrupção pelo STF, em especial envolvendo o Grupo Odebrecht.
Crime organizado e corrupção
A Transparência Internacional alerta que o índice reflete a expansão da influência do crime organizado dentro das instituições estatais no Brasil.
“O Brasil falhou, mais uma vez, em reverter a trajetória dos últimos anos de desmonte da luta contra a corrupção. O que se viu foi o avanço do processo de captura do Estado pela corrupção. A principal evidência de que estamos entrando no estágio avançado desse processo é a presença cada vez maior do crime organizado nas instituições estatais, que anda de mãos dadas com a corrupção”, afirmou a entidade.
| Ano | Presidente | Posição do Brasil | Nota |
| 2012 | Dilma | 69 | 43 |
| 2013 | Dilma | 72 | 42 |
| 2014 | Dilma | 69 | 43 |
| 2015 | Dilma | 76 | 38 |
| 2016 | Dilma | 79 | 40 |
| 2017 | Temer | 96 | 37 |
| 2018 | Temer | 105 | 35 |
| 2019 | Bolsonaro | 106 | 35 |
| 2020 | Bolsonaro | 94 | 38 |
| 2021 | Bolsonaro | 96 | 38 |
| 2022 | Bolsonaro | 94 | 38 |
| 2023 | Lula | 104 | 36 |
| 2024 | Lula | 107 | 34 |
Fonte: Transparência Internacional
As melhores posições do Brasil no ranking foram em 2012 e 2014, durante o governo de Dilma Roussef, quando o país alcançou a posição 69, com 43 pontos. Antes de 2024, a pior colocação havia sido em 2019, durante a gestão Jair Bolsonaro, quando a avaliação colocou o Brasil na 106ª posição, com 35 pontos.
Ranking global
Confira as principais posições do ranking global, incluindo os países com as melhores e piores percepções de corrupção, segundo o levantamento da Transparência Internacional.
| Posição | País | Nota |
| 1 | Dinamarca | 90 |
| 2 | Finlândia | 88 |
| 3 | Singapura | 84 |
| 4 | Nova Zelândia | 83 |
| 5 | Luxemburgo | 81 |
| 5 | Noruega | 81 |
| 5 | Suíça | 81 |
| 107 | Brasil | 34 |
| 173 | Eritreia | 13 |
| 173 | Líbia | 13 |
| 173 | Guiné Equatorial | 13 |
| 173 | Iêmen | 13 |
| 177 | Síria | 12 |
| 178 | Venezuela | 10 |
| 179 | Somália | 9 |
| 180 | Sudão do Sul | 8 |