A Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc), por meio da Superintendência de Educação Indígena, realizou, nesta quinta-feira, 3, reunião do Conselho Local de Educação Escolar Indígena com os povos indígenas xerente, no Centro de Ensino Médio Indígena Xerente (Cemix) em Tocantínia. O Conselho Local é parte integrante do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena, criado em 2005, pelo Decreto Governamental número 2.367.
Por Abrão de Sousa
O encontro tem o objetivo de escolher novos membros conselheiros, substituir alguns ou continuar o trabalho com os membros já existentes. Também serão ouvidas as lideranças indígenas, que debaterão sobre suas principais necessidades educacionais. Participaram do evento caciques, lideranças indígenas, técnicos da Seduc e da Diretoria Regional de Educação de Miracema.
Ao todo, no Tocantins, há 7 etnias que irão realizar essa reunião ao longo do semestre. São elas Javaé, em Formoso do Araguai; Apinajé, em Tocantinópolis; Krahô, em Itacajá; Krahô-Kanela, em Lagoa da Confusão; Xerente, em Tocantínia; e Karajá na Ilha do Bananal.
São muitas as expectativas dos caciques para a melhoria da qualidade da educação indígena nas aldeias. Para Roseni Tpêdi Xerente, cacique da Aldeia Traíra, as pessoas da educação indígena precisam fazer parte desse conselho. “Vamos decidir nessa reunião se substituiremos as pessoas do Conselho. Espero um conselho mais participativo, composto por pessoas que possam nos apoiar melhor”, pontuou.
Pessoas dispostas a assumirem como membros do Conselho Local aguardam o momento da escolha. É o caso de Sitbró Xerente, da Aldeia Sucupira, da região do Brejo Comprido. Ele é formado em magistério indígena e quer contribuir com seu povo. “Trabalhei na sala de aula um ano e observei como acontecem as aulas para os indígenas. Agora quero acompanhar exclusivamente a educação indígena. Por exemplo, a língua inglesa é ensinada normalmente do início até o fim da educação básica. E por que não a nossa também ser ensinada até o fim?”, questionou.
Jonair Ainakeskõ, pai de Sitbró Xerente e cacique da Aldeia Sucupira, sente-se honrado em ter um filho interessado em conhecer outras culturas para contribuir com o povo indígena. “Eu tenho a honra de ver meu filho buscando conhecimento não indígena para o povo xerente e também para outros povos indígenas. Nós caciques temos a preocupação com os nossos jovens pela busca de conhecimento para a nossa comunidade”, ponderou.
Para Fernando Kbasdimekwa Brito de Souza, diretor do Cemix, uma escola boa motiva a pessoa a permanecer nela e as políticas educacionais podem ajudar a melhorar cada vez mais. “Espero que dessa reunião surja proposta que possa ajudar no atendimento aos indígenas dentro de suas próprias escolas”, pontuou.
Para Valteir Pereira Filho, diretor Regional de Educação de Miracema, essa reunião representa uma oportunidade para ouvir os indígenas. “Esperamos melhorar a qualidade da educação para todos, cada vez mais, atendendo individualmente cada unidade escolar, pois cada uma tem sua individualidade. Essa reunião nos fortalecerá, visto que a partir dela podemos nos inteirar sobre o que realmente é desejado pelo povo xerente”, finalizou.
Conselho Estadual Escolar Indígena
Criado pelo Decreto Governamental número 2.367, de 14 de março de 2005. É um órgão consultivo e deliberativo e de assessoramento vinculado à Secretaria de Educação do Estado. Delibera sobre políticas, programas e ações referentes à promoção e desenvolvimento da Educação Escolar Indígena de qualidade em todos os níveis de ensino, respeitadas as especificidades sócio-culturais de cada povo.