Pela forma com que começaram a se comportar os grupos de apoiadores de muitas candidaturas no pleito de 15 de novembro próximo, nossos piores pesadelos em relação às redes sociais serão fichinha perto do que já está se apresentando, ultrapassando os que se pode considerar uma agressão ao sistema político mais confiável do mundo, que é a Democracia.
Por Edson Rodrigues
Nenhum país do mundo consegue realizar eleições em mais de cinco mil municípios ao mesmo tempo, elegendo não apenas os prefeitos e vices, mas milhares e milhares de vereadores. Apenas o Brasil.
O grande problema é que a mesma grandeza em números de candidatos se multiplica em agressões pessoais, mentiras, provocações e deboches nas redes sociais, transformando o que se acostumou a ser chamado de “a festa da democracia” na verdadeira “fossa da democracia”.
São centenas de postagens já circulando nas redes sociais, antes mesmo da campanha propriamente dita, ridicularizando, menosprezando, agredindo, caluniando pessoas e instituições federais, estaduais e municipais, sem que se pensem na honra, no caráter e nas famílias dos “alvos” dessas agressões, com o único intuito de beneficiar, de qualquer maneira, o seu grupo e interesses políticos, muitas vezes acobertados por autoridades públicas, detentores de cargos eletivos e pelos próprios candidatos, sabendo que o que estão fazendo é crime, que as autoridades eleitorais estão fiscalizando como jamais fizeram e que podem perder tudo o que conquistaram por meio desse “esgoto”, e ainda tendo que amargar alguns anos de prisão e pagar multas pesadas.
MONITORAMENTO
No universo online, as fake news assumem formatos diversos. Existem desde as mais elaboradas, produzidas a partir da apropriação da identidade visual, logo e cores de um portal de notícias para atribuir a ele uma reportagem que não é de sua autoria. Essa prática, além de enquadrada como fake news, também é fraude e é conhecida como phishing. Outra maneira é através do discurso de influenciadores digitais em seus perfis nas redes sociais ou contas do YouTube.
Uma forma menos elaborada do que as duas citadas anteriormente são os textos, áudios e vídeos que circulam por meio do WhatsApp. Esse é o tipo mais comum de propagação de fake news no Brasil, pela popularidade do aplicativo e também pela falsa ideia de credibilidade que essa mensagem passa aos usuários, ao ser enviada muitas vezes por contatos próximos e de confiança.
Todas as polícias federais do mundo, inclusive – e fortemente a do Brasil – estão capacitadas a monitorar a troca de mensagens pelas redes sociais, inclusive recebendo tecnologia dos provedores como google, facebook e whatsapp (que pertence ao facebook!!!) que facilitam o acesso a históricos de contas identificadas. Além disso, há os IPs, as “identidades” dos computadores. Por meio dos IPs, a polícia sabe o endereço, a rua, o cep e até se o computador está ligado na hora em que é pesquisado, ou seja, uma hora ou outra, mais cedo ou mais tarde, a Polícia Federal chegará até o autor da mensagem original que gerou a investigação. E você, candidato beneficiado por ela, acha que pagou o suficiente para o autor da mensagem ficar calado ou acha que ele vai enfrentar um processo federal sozinho?
Os candidatos e partidos que coadunam com a prática das fake News e dos ataques via redes sociais, ou seja, que causam danos ao processo democrático, podem ter tristes surpresas ao ir buscar seus diplomas, em caso de vitória. Podem ganhar, mas não levar, ganhar, mas perder muito mais.
NADA MUDOU
Já repetimos em dezenas de matérias que as eleições deste ano serão atípicas por vários motivos, mas o mais contundente deles é a horrível pandemia de Covid-19, que ceifou mais de 130 mil vidas no Brasil e quase mil delas no Tocantins.
Justamente por essa característica da Pandemia, esperava-se que os ânimos vorazes das campanhas eleitorais estivessem mais humanos, mais conscientes e menos desumanos. Mas, ao que parece, nada mudou.
Na hora em que o povo brasileiro deveria estar unido, solidário e mais humano, todos desarmados para contribuir por um exercício da democracia condizente com o momento de luto pelo qual muitas famílias estão passando, o que vemos nas redes sociais é uma total falta de empatia, com muitos candidatos que perderam membros de suas famílias para a Covid-19, sofrendo ataques horríveis nas redes sociais.
Quem está por trás dessas atrocidades, quem reproduz, quem faz comentários maldosos, mas, principalmente, quem acredita nesses boatos, sabendo o que são fake News e conhecendo a parte podre da classe política brasileira, essas pessoas não merecem um mínimo de respeito nem um punhado de perdão, muito menos de compaixão.
Essas pessoas que estão transformando as redes sociais em um esgoto fétido e imundo certamente irão pagar por seus crimes, seja no plano terreno, seja no celestial, se não der tempo da Polícia Federal colocar as mãos neles. Elas fazem parte do pior tipo de criminoso que existe, que é o criminoso covarde, que se esconde por trás do pseudo anonimato da internet e, logo depois de fazer uma montagem e postar uma agressão a alguma pessoa, pode estar exatamente com essa pessoa, dividindo uma cerveja, participando de um evento social, ou até na casa do seu “alvo”, como se fosse seu melhor amigo.
Por uma eleição mais limpa, por um Brasil mais humano, por uma política mais ética, denuncie e jamais compartilhe as fake news!