Palanque da senadora pode se esvaziar após com junção da decisão do STF e a desfiliação do deputado estadual Toinho Andrade
Por Edson Rodrigues
Ao acompanhar o julgamento de seu pedido de habeas corpus negado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria declarado a um grupo de aliados que o Supremo Tribunal Federal (STF) não daria golpe para deixá-lo ser candidato.
A informação, revelada nesta quinta-feira (5) pelo jornal "Estado de São Paulo", teria sido declarada logo depois do voto decisivo da ministra Rosa Weber.
O comentário foi interpretado por lideranças petistas como uma confirmação de que o ex-presidente está fora da disputa eleitoral, apesar de os militantes do partido manterem um discurso favorável à candidatura.
De acordo com o deputado estadual, José Américo Dias (PT), "isso foi para tentar tirar o Lula da eleição, mas podemos registrar a candidatura dele, mesmo preso. Acredito que Lula vai ficar pouco tempo na prisão".
Ontem (4), Lula acompanhou o julgamento no sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, com Dilma Rousseff, líderes dos PT e sindicalistas.
Após mais de 10 horas de julgamento, o STF negou por 6 votos a 5 o habeas corpus da defesa de Lula. O petista foi condenado em primeira instância pelo juiz Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão. No entanto, sua pena foi aumentada para 12 anos e um mês na segunda instância. O ex-presidente é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um tríplex no Guarujá.
TOINHO ANDRADE
Se a derrota de Lula no STF foi um duro golpe nas pretensões eleitorais da senadora Kátia Abreu, em relação ao governo do Estado, a quarta-feira reservou outro obstáculo à governadoriável. O deputado estadual Toinho Andrade, único quadro do PSD na Assembleia Legislativa, se desfiliou do partido, deixando um buraco negro no lugar do que seria a única opção de articulação da candidatura da senadora junto aos deputados estaduais e nos municípios que Toinho representa.
A desfiliação de Toinho tem como objetivo juntar-se ao governador interino e ex-presidente da Casa de Leis, Mauro Carlesse, em suas pretensões de governar o estado até o dia 31 de dezembro, no mandato tampão.
Se Kátia comemorou o ato público que lançou, em Palmas, sua candidatura ao governo pelo PDT, inclusive com a presença da cúpula nacional do partido, ela, agora, tem dois problemas muito grandes para resolver e viabilizar de vez sua candidatura.
OBSERVAÇÕES
Não se pode negar que a presença de Lula, que liderava todas as pesquisas de intenção de voto para presidente, seria de suma importância para a senadora Kátia Abreu em sua caminhada rumo ao Palácio Araguaia, assim como para os candidatos do PT espalhados pelo Estado.
Mas, para Kátia, o problema é duplo, pois a participação do deputado Toinho Andrade em sua campanha era dada como certa e de muita importância em relação aos municípios da Região Central e de outras localidades, dos quais o deputado é representante tradicional.
Pior ainda, é que a saída de Toinho tem reflexos, também, nas pretensões do deputado federal Irajá Abreu que, assim como a mãe, perde em Toinho Andrade, um dos principais e mais fortes cabos eleitorais.
FACA DE DOIS GUMES
Por outro lado, a desfiliação de Toinho Andrade do PSD, pode representar um problema para ele próprio, pois, mesmo sem Lula em seu palanque, Kátia Abreu continua sendo uma das grandes lideranças políticas no Estado. Dessa
forma, o deputado estadual corre o risco de ver seus cinco prefeitos, aliados de longa data, preferirem ficar sob o véu da senadora e abandoná-lo após essa decisão.
Ou seja, a desfiliação do PSD pode ser uma faca de dois gumes para Toinho Andrade, apesar de acreditarmos que ele tenha consultado sua base antes de tomar a decisão.
O futuro a Deus pertence. Uns perdem, outros ganham, mas o mundo gira....