Uma nanopartícula, o novo coronavírus, provocou mudanças abissais e tectônicas na sociedade, no trabalho, no amor e até no poder dos governos. Elas vieram para ficar
Por Helio Gurovitz
A primeira constatação sobre o que vem por aí depois da pandemia é simples, acaciana até: não dá para saber. São tantas as variáveis em jogo que qualquer previsão será frustrada. A única certeza é a mudança. Não apenas nos hábitos — e nada tão certo quanto mudanças de hábitos. Assim como nos acostumamos ao cinto de segurança ou a gastar menos energia depois do apagão, é possível imaginar um mundo em que persistam o sabão, o álcool em gel e o “distanciamento social”. Menos apertos de mão e beijinhos no rosto.
Menos eventos irrelevantes, menos viagens de avião desnecessárias ou reuniões inúteis — fala-se em economias anuais na casa do trilhão de dólares só com isso. Escritórios com pelo menos metade do tamanho atual. Mais gente trabalhando em casa, para alegria de Slack, Zoom, Teams, Webex, Hangouts, Classroom ou outros badulaques digitais de nome em inglês. Se os novos hábitos persistirem no mundo corporativo, deverá haver um salto enorme na produtividade (sei bem disso, trabalho em casa há cinco anos). As mudanças poderão se estender a outros aspectos da sociedade.
Talvez haja mais espírito cívico, mais voluntários a ajudar idosos ou grupos ameaçados pelas novas ondas do vírus. Maior respeito por quem trabalha no serviço público ou pelos profissionais de saúde, heróis indiscutíveis no combate à pandemia. Poderemos, numa visão otimista, rumar para um mundo em que a ameaça comum do vírus acabe por gerar mais união em vez de divisão.
A principal razão para o otimismo é que, embora venha sendo comparada a guerras ou às crises financeiras do passado recente, a pandemia tem um impacto de outra natureza. Mexe diretamente com a saúde e a vida. “Comparado à opaca crise financeira, com seus ‘credit default swaps’ ou ‘collateralized debt obligations’, o coronavírus é relativamente fácil de entender”, afirmou o escritor americano Peter C. Baker.
“É uma dúzia de crises emaranhadas numa só, e todas se desenrolam imediatamente, de modo inescapável. Políticos ficam infectados. Celebridades ricas ficam infectadas. Amigos e parentes ficam infectados. Podemos não estar exatamente ‘todos juntos nessa’ — como sempre, os pobres sofrem mais —, mas essa é uma sensação mais real do que jamais foi depois de 2008.” Talvez, disse Baker, possamos ver nossos problemas como comuns, e a sociedade como mais do que “uma massa de indivíduos competindo uns contra os outros por riqueza e status”.
Nas palavras da analista Mira Rapp-Hooper, do Council on Foreign Relations (CFR), “a Covid-19 não tem ideologia”. Revela a importância da boa governança em qualquer regime. Não será vencida na base do tacape ou das armas, pelos brucutus que berram ignorância nas redes sociais. Nossas armas contra aquele grãozinho de poeira nanoscópico precisam ser mais sofisticadas: o conhecimento científico, o trabalho paciente e diuturno nos laboratórios de pesquisa, a agilidade e a qualidade do atendimento médico. É na criatividade e no engenho do cérebro humano que os otimistas depositam suas esperanças.
Jorge Oliveira
Alemanha, Berlim – Vamos botar os pingos nos is: é imoral que o governo da Dilma gaste 65 bilhões de reais com o Bolsa Família, 20% a mais do que investe na educação. Quase 15 milhões de famílias estão nesse programa que forma o maior contingente de cabo eleitoral do mundo, uma vergonha nacional. Na ditadura militar dizia-se que manter um país de analfabetos era ter o apoio da massa alienada e subjugada que se contentava com o pão e circo oferecido pelos déspotas. O governo petista adota o mesmo critério no poder: gasta uma montanha de dinheiro para domesticar milhões de miseráveis com recursos que poderiam ser aplicados na educação e na infraestrutura para gerar emprego e renda ao invés dessa doação terceiro-mundista. Um escárnio.
Já foi pior, mas ainda continua desastrosa a política da presidente Dilma. No governo Lula – que fazia apologia do analfabetismo, orgulhoso de não ter estudado e chegado à presidência – os recursos do Bolsa Família eram 60% maiores do que os aplicados na educação, o que até se justificava para um presidente avesso aos livros e à cultura e que governou com factoides. Um deles, o “Fome Zero”, prometia acabar com a fome no Brasil em quatro anos. Como a iniciativa não saiu do papel, expandiu o programa mais demagogo que se tem notícia na história do país, o Bolsa Família. Idealizado por Fernando Henrique Cardoso, atende a um batalhão de esfomeados que hoje vivem como parasitas à sombra do governo. Ao criar o programa, FHC renunciou as suas teses sociológicas ao preferir a intervenção demagógica e populista do estado a alternativas de projetos sociais de mais estabilidade para combater a pobreza e a miséria.
Esse gigantesco curral eleitoral – que garantiu a reeleição do FHC – foi o ovo de colombo para o PT. Lula viu nessa genialidade populista a chance também da reeleição. Juntou todos os “programinhas” na mesma sacola e criou o Bolsa Família. Desde então o país deixou de pensar. Atualmente, mais de 40 milhões de pessoas são contempladas com esse assistencialismo e milhares delas permanecem escravas desse programa. O governo é incapaz de desenvolver projetos para capacitá-las visando a redução dessa dependência.
O Bolsa Família é paternalista e eleitoreiro. Se a idéia era a distribuição de renda, o programa não passa de um pacote fisiológico a serviço da reeleição. Como se sabe, investir na educação ainda é o caminho mais correto para uma transformação social. Mas na visão retrógrada petista o caminho mais curto é empregar o dinheiro público em caridades na falta de programas sociais consistentes para combater a miséria. É por causa dessa leviandade que parte da população está anestesiada. Milhares de crianças atoladas no crack, a periferia infestada de traficantes, a saúde em coma com os hospitais sucateados, as escolas abandonadas e a violência incontrolável. É o Brasil que anda para trás há 12 anos, desde que o PT chegou ao poder com um monte de sindicalistas incompetentes e desqualificados ocupando os principais espaços do governo para fazer negociatas.
O modelo, porém, se exauriu. Aliás, nunca existiu modelo. A própria ministra do Planejamento, Miriam Belchior já disse numa entrevista que o “país tinha pressa e o PT preferiu tocar obras a fazer projetos”. Quanta irresponsabilidade! O resultado dessa leviandade já se reflete nas pesquisas. Na última, Dilma caiu novamente. Agora, com 36%, está muito longe dos quase 70% de aprovação de maio do ano passado. Além disso, entre os candidatos a presidente é a que tem a maior rejeição. Outro número que assusta o governo: quase 70% dos entrevistados querem mudança, mas sem a Dilma.
O brasileiro não quer apenas pão e circo. Quer mais: quer saúde, educação, segurança e transporte público. E isso, infelizmente, o PT não oferece.
Jorge Oliveira é jornalista
O declínio da Petrobras, com sua trajetória descendente, jamais foi ignorado pelo bloco oposicionista. Em 2009, requeremos a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar irregularidades envolvendo a Petrobras e a ANP. Era inaceitável, sob qualquer ângulo republicano, assistir de forma indiferente à maior empresa estatal brasileira frequentando com assiduidade as páginas policias da imprensa. Uma realidade que, obrigatoriamente, deve ser objeto de máxima atenção por parte do Poder Legislativo em sua competência de fiscalização sobre o Poder Executivo. Uma agravante sobrepunha-se: o fato de o braço auxiliar do Poder Legislativo – o Tribunal de Contas da União (TCU) – considerar essa estatal uma das mais fechadas e resistentes ao repasse de informações, havendo, inclusive, registro de casos de fornecimento de dados incorretos e informações desencontradas.
Foi nesse contexto, em face de inúmeras denúncias de irregularidades e desvios de recursos feitas por Polícia Federal, Ministério Público Federal e TCU, bem como das dificuldades desses órgãos em obter as informações necessárias para concluir as investigações, que fomos compelidos a investigar os fatos por meio de uma CPI.
A partir de sua instalação, o governo encarregou sua base de apoio de preparar as exéquias desse colegiado. Sem condições de impedi-la, já que o STF asseguraria à minoria o direito de instalar a CPI, o governo a dominou de forma absoluta, desrespeitando as mais caras tradições do Senado Federal. Em reação, a oposição anunciou, no dia 10 de novembro de 2009, sua retirada definitiva da comissão, sem, no entanto, abdicar do dever de apurar as denúncias que ensejaram a criação da CPI. Nesse sentido, 18 representações foram encaminhadas ao Ministério Público, enfeixando uma espécie de relatório final paralelo antecipado da oposição, com o intuito de contribuir para o esclarecimento de pontos tão controvertidos da gestão da Petrobras na época.
A rumorosa compra da refinaria em Pasadena havia sido objeto de representação de minha autoria em 2012. A declaração da presidente Dilma (então presidente do Conselho da Petrobras), alegando que a decisão da compra da refinaria, em 2006, se deu com base em um relatório falho, irradiou o movimento em torno da instalação imediata de uma CPI. A denúncia anterior, envolvendo o pagamento de propina a diretores da companhia por uma empresa holandesa – US$ 30 milhões para fechar contratos de aluguel de plataformas do pré-sal –, já era um rastilho no paiol da Petrobras. A indignação popular impôs ao parlamento uma postura compatível com os anseios de transparência e, sobretudo, de combate à impunidade da população.
A decisão dos partidos de oposição e parlamentares independentes de vários partidos de colher assinaturas para a criação da CPI não foi picuinha ou revanchismo. Agimos em absoluta sintonia com os ditames republicanos. Trata-se de uma investigação política que complementa a investigação judiciária e colabora com ela.
A Petrobras já foi a 12.ª empresa no mundo e hoje, em poucos anos, tornou-se a 120.ª empresa no mundo, sendo a petroleira mais endividada internacionalmente. Que a gestão administrativa foi temerária e claudicante é inquestionável. É hora de debater a Petrobras na plataforma que nos cabe: o Congresso Nacional.
Alvaro Dias é Senador
Definições são enquadramentos dentro dos quais algumas percepções de mundo não se deixam. Quando queremos definir o tempo, talvez estejamos excessivamente ambiciosos, posto que, o próprio tempo busca se definir num devir constante. “Medida do movimento entre anterioridade e posterioridade”? Aristóteles que o diga!
Por Pe. Paulo Sérgio Maya Barbosa
Entretanto, graças ao senso comum, que não deixa de ser um ambiente de conforto às inquietações da inteligência, o tempo é inerente ao ser humano uma vez que, a princípio, somos capazes de reconhecer e ordenar a ocorrência dos eventos percebidos pelos nossos falhos e limitados sentidos.
Ao completar 25 anos, desde a promulgação constitucional que permitiu a mensuração de um novo tempo, os tocantinenses contemplam a obra à qual se puseram com coragem, força, perspicácia, habilidades e paixões. São as bodas de argentum, densas de significados que, no transcurso da nova história do Estado do Tocantins, purificou-nos como prata no cadinho.
O tempo da inocência passou. Não podemos mais nos dar ao luxo de colocar um véu sobre os nossos pecados a guissa dos que ainda não tem suficiente amadurecimento para enfrentar as consequências do crescer. A maturidade nos chama com suas exigências sempre maiores.
Andamos muito, construímos o que pode ser visto por estes vastos sertões e, o mais importante, aquilo que também edificamos no interior de nossos corações e em nosso espírito. Uma alma tocantinense nos toma por completo.
No hoje de nossa existência, alguns se conformam inertes, apenas saboreando os bons feitos realizados. Outros, entretanto, os mais sábios, se debatem em autocrícia buscando respostas às perguntas, pesadamente elaboradas pelas experiências de fracasso.
Não é sem propósito que o hoje se chama presente. O “agora” que abre espaço para os sonhos e as utopias, exige, com mesma ênfase, planejamento e elaborações com refino. Foi-se o tempo dos experimentos intermináveis, dos titubeios e das imprecisões que desgastaram tesouros e corroeram parte de nossas energias.
O momento é de tomar os destinos do acaso, assumindo-os. Temos urgência em acompanhar o desenvolvimento que o mundo pós-moderno impõe. Urgências estas, potencializadas pela percepção de que os índices de desenvolvimento humano de que dispomos ainda não permitem livrar todos os nossos conterrâneos das carências mais básicas.
Cada um de nós tem sua missão a cumprir. Ela pode ser traduzida pelas tarefas que nos são reservadas, grandes ou pequenas, não importa. Todas devem ser desempenhadas com amor e inteligência. A construção não pode parar, pois estamos construindo o mundo!
E o futuro? Tempos que virão..... O amanhã nos importa porque é lá que viveremos o resto de nossos dias. Como o queremos e o que dele queremos? É justo e lícito empenhar forças em sua construção.
Como seres dotados de inteligência, temos o privilégio de poder recomeçar sempre de maneira evolutiva. O método consiste no uso das boas sínteses alcançadas, interligando-as com os novos elementos ditados pelos desafios humanos em progredir. Poderíamos, assim, planejar com critérios sistemáticos e com rigor lógico o próximo quarto de século? Penso que sim. Basta um querer comprometido, não com tesouros que a traça corroe, mas com a melhor parte: a vida.
Graças a Deus, ainda há tempo.
Pe. Paulo Sérgio Maya Barbosa
Vigário Episcopal
Por Salomão Wenceslau Rodrigues de Carvalho
Anunciar aquilo que todo mundo já sabia, o governador Siqueira Campos (PSDB) foi mais longe: estrategicamente, aproveitou o momento para fazer a sua demarcação de terreno. Lançar a candidatura de seu filho, Eduardo Siqueira (PSDB) para governador em 2014, não teria a menor repercussão se viesse de forma solitária, porque isso já estava na programação normal.
O segredo está exatamente no processo de demarcação de terreno, um mês antes dos partidos e pretensos candidatos montarem o tabuleiro do xadrez. A senadora Kátia Abreu (PSD) é da base do Governo, mas vive namorando com os vizinhos da oposição. O mesmo acontece com o senador Vicentinho Alves (PR), que também é da base do Governo, mas ensaia um voo solo desde o início do ano.
Ao lançar a candidatura de Eduardo ao Governo, Siqueira está dizendo para os dois e os demais "navegantes", o nome do "santo" e indicando o caminho do "altar", ao qual devem rezar. Siqueira, que de bobo não tem nada, faz este lançamento exatamente no momento em que anuncia o controle dos gastos e uma economia de R$ 50 milhões este ano.
Ou seja: vai abrir a "bolsa generosidade", um ano antes da eleição. E faz dando nome e sobrenome do operador do sistema: seu filho José Eduardo Siqueira Campos, atual secretário de Relações Institucionais, carinhosamente tratado nas rodas políticas de "Governador de fato". Siqueira, eleito pelo voto popular, é de direito, mas quem manda é Eduardo.
E não se iludam aqueles que acham que o Governo está desgastado, não fez nada e não dá tempo para fazer. Lembre-se que Carlos Gaguim (PMDB) assumiu o Governo no dia 9 de setembro de 2009. Brigou com Marcelo Miranda, Moisés Avelino, Kátia Abreu e se apaixonou por João Ribeiro (PR). E depois fez outras e mais outras estripulias e perdeu a eleição por apenas sete mil votos de diferença.
Portanto, tempo existe sim. E apesar do desgaste do Governo, Eduardo é hoje um homem público bem diferente de quando perdeu a eleição para Kátia Abreu, em 2006. Na época, na faixa dos 40 anos, Eduardo queria ser jovem de 20, andar de boné com o bico para trás, passear de moto e namorar todas. Diferente daquele "baladeiro", Eduardo hoje é um "cinquentão " moderado, mais caseiro e concentrado nas questões de estado.
Ainda é cedo para fazer previsões, mas da mesma forma que o desgaste do Governo é voz corrente na população, entre os prefeitos, o nome de Eduardo já é pronunciado em tom de agrado. Isso muito se deve ao trabalho que o Governo tem feito em parceria com os municípios, principalmente na recuperação de estradas vicinais e patrulhas mecanizadas.
A senadora Kátia Abreu (PSD) anda de conversa com PMDB, com PR e com o empresário Roberto Pires, presidente da Fieto, na busca de um lugar confortável, onde possa disputar a reeleição para o senado. Ao anunciar o nome de Eduardo para Governador, Siqueira sinalizou para Kátia, que tem uma vaga para pretensos candidatos ao senado. Ao mesmo tempo, disse ao senador Vicentinho Alves que tem espaço para ele no barco. Mas, se quiser voar, que o faça agora.
Na oposição, o ex-governador Marcelo Miranda está de malas prontas para o PT. No Partido dos Trabalhadores, Marcelo terá a proteção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E ainda está alucinado por Paulo Mourão, ex-prefeito de Porto Nacional. Está no PMDB apenas dando tempo para encontrar "motivos" que expliquem a sua saída.
PR e PP também lhe fizeram convites. A dúvida é saber se nessa mudança, vai conseguir levar a história e os votos do PMDB.
É, pois é. É isso aí.