As eleições municipais de domingo passado abriram uma série de janelas a respeito da política nacional. Enquanto o PT vê sua sigla desabar e sua força política ruir junto com seus próceres, PSDB e PMDB ganham força, aumentando o números de quadros eleitos prefeitos e vereadores em todos os estados do Brasil.
Por Edson Rodrigues
O recado das urnas foi bem claro: os políticos de carreira e os tradicionais estão com seus dias contados. Até um catador de recicláveis que disputou sua primeira eleição a vereador, na cidade de Assis, SP, obteve mais votos que nomes conhecidos que disputaram o pleito em muitas cidades brasileiras.
Nem o REDE, partido da tão badalada Marina Silva, que apareceu como a esperança de uma terceira via, conseguiu emplacar, com uma votação pífia em todos os estados. As participações de Marina no governo do PT e as investigações sobre Eduardo Cunha, ligado à casos de corrupção acabaram por contaminar o partido e o povo, que está com verdadeira aversão a corruptos, optou por não se arriscar. Membros do alto escalão do partido publicaram carta de desfiliação com pesadas críticas à Marina, que preferiu não se manifestar sobre a debandada.
A corrupção, aliás, está no cerne do debate, com a ministra Cármem Lúcia do STF, acenando com a iminente marcação da data do julgamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, envolvido até o pescoço, por delações premiadas variadas, nos crimes investigados pela Operação Lava Jato.
Enquanto isso, no Palácio do Planalto, o governo de Michel Temer embarcou de vez na onda do “corte na própria carne”, como que para dar exemplo, e deve reduzir o salário inicial dos servidores da União. Ou seja, quem for contratado a partir de agora, deve iniciar ganhando menos que em tempos anteriores.
Essa ação do governo brasileiro, aliada à medidas de enxugamento já tomadas, nortearam uma declaração do Fundo Monetário Internacional, FMI, em que aponta indícios de que a economia do Brasil está “em fase de recuperação”, apontando um lento, mas constante crescimento do PIB, o que, segundo o órgão internacional, é o primeiro passo para sair da recessão.
TOCANTINS
O caldeirão da sucessão estadual, no Tocantins, já dá sinais de esfriamento, estando em fogo de brando a médio.
Em sua primeira entrevista como prefeito reeleito de Palmas, com uma vitória estrondosa, Carlos Amastha fez questão de fechar as portas – da frente e dos fundos – e as janelas do seu governo, para evitar a entrada de qualquer membro do lado dos derrotados, sem que tenha sido convidado, principalmente pessoas como os senadores Kátia Abreu e Vicentinho Alves, os oito deputados federais do Tocantins e 22 dos deputados estaduais, aos quais Amastha não mediu palavras “elogiosas” para se referir como “coisas ruins para o Estado” e “não dignos dos salários que recebem”.
Amastha foi taxativo ao afirmar que, em 2018 trará novos nomes para disputar cargos eletivos: “serão novas alternativas para a sociedade, para mudarmos o quadro atual, de pessoas que nada produzem”, afirmou.
Apesar das palavras duras, não houve um senador, um deputado federal ou estadual que abrisse o bico pra se defender ou para rebater as declarações do prefeito reeleito da Capital.
Com essas declarações, Amastha demarcou definitivamente seu território e, pelo fato de não ter, em nenhum momento, mirado sua metralhadora ao governador Marcelo Miranda, deixou uma porta aberta para que possa vira a ter algum tipo de convivência pacífica com o governador, ou seja, uma possibilidade de aliança num futuro não muito distante, mas, claro, se o governo do estado conseguir recuperar a sua imagem junto à opinião pública. Para isso, Marcelo terá que tomar medidas enérgicas, ainda este mês, para sanar os sangramentos por que o Estado vem passando.
Mas um fato nos chama a atenção: Amastha bateu na cara, nos rins e no fígado dos políticos que se postaram na oposição à sua candidatura à reeleição, entre eles a senadora Kátia Abreu seu filho, deputado Irajá Abreu. Ambos autores de ataques guturais ao governador Marcelo Miranda durante a campanha sucessória municipal e que, após “apanharem” de Amastha em sua primeira entrevista, reverberaram os ataques ao governador ao invés de desdizer o prefeito reeleito. Marcelo foi escolhido por eles para ser o “Judas” no sábado de aleluia e o Cristo na quinta-feira santa (os dois papéis ao mesmo tempo, dada a voracidade dos ataques verbais) e foi vítima de um “espancamento” ideológico, em que até seu impeachment foi pedido pela oposição.
Vale ressaltar que os ataque à Marcelo Miranda foram oportunistas e calculados, uma vez que o governador enfrenta uma batalha árdua para recolocar as contas do Estado no azul. Inclusive, não subiu em palanque qualquer ou colocou a máquina estatal á serviço de nenhuma candidatura. Escolheu, sabiamente, continuar cuidando do Estado ao invés de mergulhar na sucessão municipal como cabo eleitoral.
Marcelo também foi sábio ao não se manifestar acerca dos ataques que recebeu durante e depois do pleito, pois sabe que não precisa de mais desgastes desnecessários em seu governo.
Pois bem. Esses mesmos que tanto bateram em Marcelo Miranda, nunca tiveram coragem de bater de frente com Amastha, e devem ser alijados do projeto do prefeito de Palmas de conscientização da sociedade palmense da necessidade de mudanças na política e nos seus representantes em 2018, em que defenderá a mudança total dos senadores e deputados federais, além da imensa maioria dos deputados estaduais.
Para isso Amastha já mostrou que escolheu o senador Ataídes para fazer a ponte entre ele e o governo de Michel Temer e seus ministros. O PSDB é forte nacionalmente e o senador Ataídes Oliveira faz parte da cúpula da legenda e tem um relacionamento amistoso com o governo Federal.
Para qualquer lado que se olhe, os políticos do Tocantins só vêem a figura de Carlos Amastha. E a figura emblemática do prefeito reeleito de Palmas pode trazer consigo uma nova mentalidade política, e resultar numa reformulação geral dos representantes eleitos para a Câmara Federal e para a Assembleia Legislativa em 2018.
É bom que se cuidem!!!