Investigações apontam desvio de 4 bilhões de reais no governo Siqueira Campos, envolvendo gestores e públicos e empresas
Por Edson Rodrigues
Finalmente “pesquisadores” encontraram sinais do “vírus” que derruba secretários de Saúde no Tocantins: a corrupção!
Uma investigação do Ministério Público Federal e do SUS, ligada à “Operação Pronto-Socorro”, deflagrada em 2014 pela Polícia Federal, quando a então secretária da Saúde e outros gestores da pasta foram presos e vários documentos referentes a contratos apreendidos. Os auditores permaneceram no Estado onde tiveram acesso a 151 processos de compra de medicamentos e produtos hospitalares sem licitação. As investigações encontraram indícios de superfaturamento e pagamentos sem a entrega do serviço ou produto.
O MPF informou que dos R$ 666 milhões repassados pelo Governo Federal entre 2012 e 2014, R$ 475 milhões foram gastos de forma irregular. Centenas de remédios foram adquiridas com valores exorbitantes, como o medicamento "Manitol", que é um diurético, foi comprado com 9.000% de superfaturamento.
Segundo as investigações, esse esquema de corrupção é o principal responsável pelo desabastecimento das unidades hospitalares, por uma fila de consulta de 12 mil pacientes cirúrgicos e de exames, e pela falência do sistema de saúde do estado.
O MPF propôs 24 ações apontando desvio de dinheiro da saúde no estado. Entre os denunciados, estão o ex-governador Siqueira Campos, os ex-secretários da pasta, Vanda Paiva, Márcio Carvalho, Luiz Antônio, José Gastão Neder, o ex-diretor Luiz Renato Pedra e 13 empresas fornecedoras.
Após as investigações, a Justiça Federal atendeu ao pedido do MPF e determinou o bloqueio de bens de todos os citados e das empresas. Além disso, autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal. O MPF quer que eles paguem para o Estado cerca de R$ 4 bilhões, referentes aos prejuízos e também às multas por essas irregularidades.
DESCASO COM A POPULAÇÃO
Voltamos a abordar esse escândalo para lembrar à população e aos profissionais da área da Saúde Pública que o grande mal que corroeu todo o nosso sistema de saúde foi praticado conscientemente, enquanto milhares de pessoas sofriam nas filas dos hospitais, mães se desesperavam por conta da falta de vacina para seus filhos, idosos perdiam a esperança de realizarem cirurgias e, o pior, crianças, jovens, adultos e idosos morriam em consequência da roubalheira e da corrupção.
Agora sabemos que não havia mesmo como os secretários subsequentes aos envolvidos nesse escândalo, corrigirem os problemas causados pelo desvio de bilhões de reais que poderiam ter mantido vivos milhares de cidadãos, bem atendidos a todos os que dependem da Saúde Pública e deixado os tocantinenses menos envergonhados ante a opinião pública nacional.
Roubar dinheiro público já é uma prática inaceitável. Roubar dinheiro público da Saúde, beira a covardia e a imoralidade, pois ao fim de tudo, significa jogar com a vida das pessoas.
A pergunta que fica é onde estavam os sindicalistas das categorias ligadas à Saúde que não denunciaram, não perceberam os desvios, a falta de medicamentos e de material médico?
E os médicos, enfermeiros, anestesistas, não tiveram coragem de denunciar o que acontecia nos bastidores?
Entrar em greve em meio ao total desserviço e desabastecimento da área da Saúde Pública também não é jogar com a vida da população?
VERGONHA
O fato é que toda essa história representa uma página vergonhosa da história do Tocantins e será sempre lembrada, no futuro, como a época das trevas da Saúde Pública tocantinense.
Mas, os dias de hoje podem marcar a nossa história, também, como a época em que a Justiça foi feita e os corruptos foram parar na cadeia. Isso já vem acontecendo no Brasil, onde alguns dos homens mais ricos e poderosos estão atrás das grades por crimes de corrupção, de desvio de dinheiro público. O Tocantins precisa pegar esse bonde da história de dar o mesmo destino aos seus gestores públicos que maltrataram a população, que é quem sempre sofre, no fim, com esse tipo de crime.
O Tocantins precisa mostrar que tem homens de bem e a população deve cobrar isso de cada um dos seus representantes nas câmaras municipais e na Assembleia Legislativa.
Os deputados, inclusive, devem se adiantar a isso e convidar os gestores implicados nesse e em outros escândalos ainda em apuração, a prestar esclarecimentos sobre seus atos, dando-lhes, inclusive, o direito de apresentar defesa, mas sempre com a intenção de desvendar os caminhos tortos do dinheiro público que deveria estar proporcionando bem-estar a todo o povo tocantinense e que, no momento, só melhorou a vida de alguns e vem envergonhando todo um povo.
É bom que isso seja lembrado em ano eleitoral para que as pessoas saibam em quem estão votando e avaliem suas escolhas. O Tocantins poderia estar bem melhor. A Saúde Pública poderia estar bem melhor. Mas, ao que parece, o vírus da corrupção não encontrou muita resistência nos órgãos afetados.
Que Deus nos ajude!